Rivotril para o mundo. Por Paulo Renato Coelho Netto
Rivotril? Afinal, não estamos bem porque o mundo não está bom ou o mundo não está bom porque não estamos bem? Sinapses à parte, o que vem de fora tem potencial para nos atingir frontalmente…
Urgente e lançado do espaço para que possa chegar, por igual, aos seis continentes. Algum remédio ou qualquer poção balsâmica que traga um pouco de paz aos aflitos.
Impossível acompanhar a velocidade de tudo. Continentes eram cinco. Incluíram a Antártida, saltamos para seis.
Planetas do Sistema Solar eram nove. Acusado de nanismo, demitiram Plutão. Caíram para oito.
Comer ovo frito aumenta o colesterol. Comer trezentos ovos cozidos por mês faz bem à saúde. No outro dia já não é nada disso.
Nem de ovo a gente entende. Sequer sabemos quem veio primeiro, ele ou a galinha.
Como ser feliz em um mundo conturbado é uma das questões primordiais que precisam ser respondidas o quanto antes. Para o bem da humanidade.
O ano começa, piscamos os olhos e ele termina.
Afinal, não estamos bem porque o mundo não está bom ou o mundo não está bom porque não estamos bem?
Sinapses à parte, o que vem de fora tem potencial para nos atingir frontalmente.
Se perguntarem, em um estádio lotado, quem é feliz no trabalho, quantos levantariam a mão?
Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que cerca de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental.
É muita gente.
A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram de depressão.
Dá quase a população de um Brasil e meio só de deprimidos.
Mapeamento da OMS revelou que 11,7 milhões de brasileiros sofrem de depressão, o equivalente a 5,8% da população.
O Brasil é o país com a maior quantidade desta doença na América Latina.
Essa é fácil responder. Para ficar deprimido basta acompanhar o noticiário político.
De acordo com a OMS, pessoas com condições graves de saúde mental morrem em média entre 10 anos a 20 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis.
A OMS estima que em 2030 a depressão será a doença mais comum do mundo, afetando mais que qualquer outra, incluindo câncer e problemas cardíacos.
A depressão é como a primeira peça do dominó da saúde que, ao cair, vai derrubando as outras na sequência. Ela mata, incapacita, isola, retira o brilho dos olhos, o prazer e a alegria de viver.
Depressão é o apagar do sol ao meio dia.
Banzo é como se chamava a nostalgia dos escravos que chegavam ao Brasil, após serem brutalmente retirados da África para viver uma vida infernal que nunca sonharam, pediram, queriam ou imaginavam existir.
A tristeza na essência, que imobiliza, na forma pura. Muitos morreram de banzo.
Os escravos foram os primeiros deprimidos nesta terra, em que se plantando, tudo dá.
A depressão está na casa grande, nas atuais senzalas, em muitas casas do mundo e naqueles sem uma casa para morar.
O morador de rua que você vê dormindo na calçada pode ser apenas mais um, de um bilhão, que vive com algum tipo de transtorno mental.
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Paulo Renato Coelho Netto – é jornalista, pós-graduado em Marketing. Tem reportagens publicadas nas Revistas Piauí, Época e Veja digital; nos sites UOL/piauí/Folha de S.Paulo, O GLOBO, VICE Brasil e Observatório da Imprensa. Foi repórter no jornal econômico Gazeta Mercantil e no Diário do Grande ABC. É autor de sete livros, entre os quais, “2020 O Ano Que Não Existiu – A Pandemia de verde e amarelo”.