O São Paulo caiu? Blog Mário Marinho
… uma discussão que se arrasta há 30 anos: o São Paulo foi ou não rebaixado pra a Segunda Divisão do Paulistão em 1990?
Em 1994, ainda gozando da fama de Melhor Cartola do Mundo, João Havelange esteve no Brasil para palestras comemorando seus 20 anos à frente da Fifa.
Eu assisti a uma dessas palestras.
Ao final dela, Havelange, ainda longe do inferno que o faria renunciar ao cargo de Presidente de Honra da FIFA, vergado sob o peso de fortes acusações de corrupção, em 2013, respondeu a algumas perguntas.
Uma delas: “Por que o senhor é contra a aplicação da tecnologia no futebol?” Discutia-se, na época, a possibilidade usar aparelhagem que determinasse, por exemplo, se havia sido gol ou não numa jogada confusa. Ou seja: discutia-se o VAR que apareceria mais de 20 anos depois.
Havelange foi rápido e direto em sua resposta.
– A segunda-feira que eu chegar à padaria para o café da manhã e não houver discussão sobre os jogos do fim de semana, o futebol estará morto. Ele precisa de polêmica para sobreviver.
E por que estou lembrando disso agora?
Na noite de ontem tive longa discussão que o palmeirense Armando Ferretti, que vem a ser meu genro e apaixonado pelo futebol, sobre uma discussão que se arrasta há 30 anos: o São Paulo foi ou não rebaixado pra a Segunda Divisão do Paulistão em 1990?
Minha resposta: não, não foi.
Vamos aos fatos.
O regulamento do Paulistão daquele ano, elaborado pela Federação determinava em seu artigo 50, parágrafo 2º:
Parágrafo 2º – No Campeonato Paulista de Futebol Profissional de 1990, não haverá descenso à Divisão Especial de Futebol Profissional. Mas, a partir de 1991, ou a cada ano haverá o descenso de uma associação da Primeira Divisão de Futebol Profissional e o acesso de uma associação da Divisão Especial de Futebol Profissional.
Não há, portanto, a menor dúvida: se o regulamento não previa o rebaixamento, nenhum clube caiu.
O parágrafo 1º do mesmo regulamento mandava:
Parágrafo 1º – Para o Campeonato Paulista da Primeira Divisão de Futebol Profissional de 1991, o Grupo I será constituído pelas 14 (catorze) associações classificadas para a disputa da Quarta Fase do Campeonato de 1990, e o Grupo II será constituído pelas 10 (dez) associações restantes, que não se classificaram para a Quarta Fase e mais 4 (quatro) advindas do Acesso da Divisão Especial de 1990.
Portanto, não é que o regulamento não previa queda naquele ano de 1990: o Regulamento era expresso e taxativo ao dizer que, em 1990, não haveria queda.
Na classificação final do Paulistão de 1990, o São Paulo ficou em 15º lugar.
Como determinava o regulamento, para o Paulistão de 1991 os times foram divididos em dois Grupos.
O Grupo 1 foi formado por:
Corinthians, Botafogo, Portuguesa, Guarani, Bragantino, Santos, Ituano, América, XV de Piracicaba, Novorizontino, XV de Jaú, Ferroviária e Mogi Mirim. Em ordem de acordo com a classificação final.
O Grupo 2 foi formado por:
São Paulo, Internacional, Santo André, Noroeste, Sãocarlense, Juventus, Ponte Preta, Rio Branco, União São João, Marília, São José, Catanduvense, Olímpia e São Bento, também de acordo com a classificação final.
São Paulo e Corinthians disputaram a final. No primeiro jogo, o Tricolor, dirigido por Telê Santana, venceu por 3 a 0. No segundo, o empate em 0 a 0 deu o título ao São Paulo.
Simples assim.
Só para matar saudades, eis os times que jogaram a final de 1991:
São Paulo: Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Ronaldão e Nelsinho; Sídnei, Suélio e Raí; Macedo, Müller e Elivélton.
Técnico: Telê Santana.
Corinthians: Ronaldo, Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Jairo, Ezequiel (Carlinhos) e Wilson Mano; Marcelinho Paulista, Tupãzinho e Paulo Sérgio.
Técnico: Cilinho.
Veja os melhores momentos:
https://youtu.be/UdhkG8w5Qbc?si=c_kkuOmYGFeM7C2y
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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