ÓDIO - HATRED

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De onde surgiu tanto ódio no Brasil é uma incógnita, um mistério tão incompreensível como a origem do coronavírus.

(Em um parágrafo, o que vivemos nos últimos tempos…)

ódio

De onde surgiu tanto ódio no Brasil é uma incógnita, um mistério tão incompreensível como a origem do coronavírus. Uns dizem que a tragédia sanitária ocorreu porque um chinês resolveu comer morcego. Outros atribuem a um contato entre um ser humano e um animal infectado, após um acidente em um laboratório na cidade de Wuhan, na China. Outros afirmam que a contaminação teve origem no pangolim, um pequeno mamífero conhecido por suas escamas e ameaçado de extinção, vendido clandestinamente como iguaria afrodisíaca em um mercado de Wuhan. O animal poderia ter tido o papel intermediário na transmissão do novo coronavírus ao homem. Outros garantem que o vírus foi produzido em um laboratório secreto do governo chinês, com o objetivo de se espalhar pelo mundo para acabar com o capitalismo. Há os que acreditam que o vírus foi produzido por um conglomerado de multinacionais, a fim de vender vacinas em escala mundial. As teorias são muitas. Até o momento, a ciência não respondeu como, de fato, surgiu esse vírus mortal e altamente contagioso. No entanto, há alguns indicativos sobre o ódio brasileiro: é impossível afirmar exatamente onde e quando nasceu, ganhou corpo e cresceu, mas sabemos quem o alimenta diariamente, sem interrupção: os intolerantes, os radicais de extrema direita e extrema esquerda, os fascistas, os populistas, os falsos moralistas, os ignorantes e analfabetos de todos os graus de escolaridade, títulos e formações acadêmicas. Os doutores com síndrome de Deus. Vemos brotar ódio também da boca de artistas, dos raivosos e rancorosos, dos mentirosos compulsivos, dos obtusos, dos recalcados das forças de segurança, dos deformadores de opinião da ultradireita. Do caudilho da esquerda metido a vítima que atirou a primeira pedra e criou o “eles contra nós” e do protótipo de ditador que matou a bola no peito e devolveu na base do “nós contra eles”. Dos que se autoproclamaram defensores da pátria, da família (perfeita, cheia de gente estranha e imperfeita) e da liberdade, dos falsos democratas que clamam por um golpe de Estado, dos unilaterais, dos tendenciosos, dos sectários, dos sovacos de Bíblia, dos fundamentalistas religiosos, dos facciosos, dos milicianos, do inocente útil, dos napoleões de hospício, dos loucos de pedra, dos armados até os dentes, dos desprovidos de senso de ridículo, dos delirantes e alucinados, dos aloprados, do cara na esquina com megafone na mão e nada na cabeça, dos defensores da moral e dos bons costumes, do aposentado atarantado, do bronco, do justiceiro, do bruto, do estúpido, do cínico, do perverso, do desavergonhado, do sádico, dos que são contra cotas para negros nas universidades e em concursos públicos, dos que sonham com o extermínio dos quilombolas e dos povos originários e dos apalermados que passam dias, noites e madrugadas recebendo e repassando as mais absurdas imbecilidades e canalhices nas redes sociais. Só para citar alguns.

(Do livro "2020 O Ano Que Não Existiu - A pandemia de verde e amarelo)

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paulo rena

Paulo Renato Coelho Netto –  é jornalista, pós-graduado em Marketing. Tem reportagens publicadas nas Revistas Piauí, Época e Veja digital; nos sites UOL/Piauí/Folha de S.Paulo, O GLOBO, VICE Brasil e Observatório da Imprensa. Foi repórter no jornal econômico Gazeta Mercantil e no Diário do Grande ABC. É autor de sete livros, entre os quais, “2020 O Ano Que Não Existiu – A Pandemia de verde e amarelo”.capa - livro Paulo Renato

 

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