Tevez

Ele fez Tevez tremer. Blog Mário Marinho

Tevez

Você, corintiano de memória curta, talvez não vá se lembrar do nome desse zagueiro e meio-campista vigoroso: Wendel.

Mas, com certeza, vai se lembrar de Carlos Tevez que, para muitos, foi o jogador que mais encarnou o espírito de luta, de guerra do futebol argentino. Vai se lembrar também do craque Mascherano que, na Argentina, era chamado de El Jefe, aquele que manda.

Com toda certeza, deve se lembrar também daquele 7 a 1 em cima do Santos no dia 6 de novembro, no Pacaembu.

Eis a escalação:

Fábio Costa; Eduardo Ratinho, Wendel, Marinho e Hugo; Marcelo Mattos, Bruno Octávio (Wescley), Rosinei (Dinélson) e Carlos Alberto, Nilmar e Tevez (Jô). Técnico: Antônio Lopes.

No dia desse 7 a 1, ainda faltou Mascherano com sua elegância e competência que estava machucado.

Mas, se você não se lembra do Wendel, que é zagueiro ao lado de Marinho e Hugo, há quem não se esqueça: Carlitos Tevez.

Tevez e Mascherano chegaram no começo de 2005 precedidos da justa fama que carregavam.

Pois um esperto jornalista na época, ouviu esse diálogo entre os dois argentinos.

Mascherano pergunta:

– ¿Te acuerdas de ese mariscal de campo?

E Tevez fechou aquela cara que não era nada bonita e respondeu:

No me gusta. Quiero distancia. Batea mucho.

Não que Wendel fosse um perna de pau, um botineiro. Mas ele gostava de manter os adversários à distância. Não interessava se era adversário apenas no treino ou em jogo.

Ao contrário do que disse o craque Didi às vésperas da Copa do Mundo de 1958: “Jogo é jogo, treino é treino”, para Wendel, jogo era jogo e treino era jogo também.

Ex-jogador do Corinthians se torna vendedor de chuteiras e relembra duelos contra Tevez
WENDEL: DUELOS CONTRA TEVEZ E CHUTEIRAS

E os três já se conheciam, pois haviam se enfrentado em jogos pelas seleções de base da Argentina e Brasil (são todos de 1984).

A carreira de Wendel não foi tão longa devido a uma série de contusões.

Mas hoje, anos depois, ele continua ligado ao futebol: é um próspero comerciante de chuteiras.

Garoto ajuizado, cuidou do futuro.

– Não ganhei muito dinheiro na carreira, mas soube o que fazer com ele. Não bebia, não comprei carrão, não dava passos maiores que a perna. Comprei apartamento para os meus pais e hoje todo o dinheiro que ganho, reinvisto nas chuteiras.

Ele explica como começou o comércio das chuteiras:

– Tive um companheiro do Uberlândia que vendia chuteiras e pedi para ele me ensinar. Eu já vendia algumas roupas, gostava disso, aí aprendi e comecei a fazer isso no Rio de Janeiro, onde eu moro. O negócio começou a dar certo. Hoje, só não ganho mais dinheiro do que nas épocas em que fui jogador do Corinthians e depois do Boa Esporte, de resto ganho mais.

Aos 39 anos, o ex-jogador diz já ter vendido pelo menos cinco mil pares de chuteiras e tênis, que custam entre R$ 799,00 e a R$ 1.699,00.

Wendel foi medalha de prata no Pan-Americano de 2003 e campeão do Torneio da Malásia naquele ano com a Seleção sub-20. Foi em 2003 que estreou no Timão, numa passagem de 119 jogos, um título conquistado e uma peculiaridade: uma improvisação que prejudicou seu estilo.

– Eu nunca estou no time base de ninguém que escala o Corinthians de 2005, mas fui titular em todos os jogos finais quando o Antônio Lopes (técnico) mudou o time para jogar com três zagueiros. Foi minha melhor época. Sempre fui zagueiro na base, mas aí na Seleção Sub-20 me pediram para jogar de volante e, quando voltei ao Corinthians, o Vampeta tinha se machucado. Subi como volante, isso me prejudicou.

Depois do Corinthians, Wendel jogou pelo LASK Linz, da Áustria, onde viveu boa temporada, mas depois passou a sofrer com um problema no joelho esquerdo. Após dois anos de tratamento, rodou por times como Mirassol, Guaratinguetá, Santo André, Rio Branco, Boa Esporte e Uberlândia.

Como a carreira não decolava, as lesões musculares eram frequentes e as portas não se abriam, Wendel se aposentou aos 33 anos.

Mas, amigo de muitos jogadores que ainda estão na ativa ou que seguem trabalhando no futebol em comissões técnicas ou como empresários, Wendel construiu uma clientela ampla.

Nos últimos anos, vendeu produtos a jogadores que atuaram com ele, como Júlio Cesar, Rosinei, Betão, Rafael Moura, Marquinhos (zagueiro), Dinelson, e outros ex-companheiros de Corinthians.

Hoje, faz muitas vendas a empresários que querem fornecer a seus jogadores.

– Tem muita réplica no mercado, mas como meus amigos são jogadores profissionais, sempre foquei no produto original. Tenho chuteiras de todas as marcas, mas as que mais saem são Nike e Adidas.

Normalmente, os jogadores profissionais têm patrocínio para usar uma determinada marca. Porém, às vezes acontecem acidentes e ele é uma espécie de Pronto Socorro.

– Às vezes o jogador tem a chuteira, mas ela abre no treino do fim de semana e não tem como ele pedir outra a tempo do próximo jogo. Então, pega comigo! Aconteceu com um menino do São Paulo, o empresário dele pegou comigo para ele jogar num domingo. Teve uma que vendi para um menino do Santos que fez um gol do meio-campo na Copinha de 2023 (Ivonei). Depois brincamos que aquela chuteira já foi com um gol de brinde – relatou ao ge.globo.com.

E qual chuteira Wendell usa?

– Nenhuma, futebol para mim hoje é só o de praia onde todo mundo joga descalço.

Isso porque as dores no joelho ainda dos tempos profissionais persistem.

Tomo muito cuidado, finaliza Wendel que pode ser contatado no seu Instagram: @wdl_marcas.

Carlos Tevez -
Carlos Tevez

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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1 thought on “Ele fez Tevez tremer. Blog Mário Marinho

  1. Não me lembrava do Wendel. Gostei da história do rapaz. Pé no chão, pé na chuteira. Fez do limão uma linonada e segue se refrescando, de canudinho. É isso aí. Deu até vontade de fabricar o meu Cabeceador e sair vendendo por aí.

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