ANTISSEMITISMO

O povo judeu vive dias de grande tristeza, sofrendo com a incompreensão injustificável. Essa reação facciosa do governo brasileiro, motivando ondas de antissemitismo, merece a nossa mais sólida repulsa.

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Há coisas surpreendentes em nossa vida: a última delas foi a declaração de Lula comparando Gaza ao Holocausto. É prova de uma profunda ignorância ou maldade sem par. O Holocausto sacrificou cientificamente 6 milhões de judeus, com métodos abomináveis, como podem testemunhar sobreviventes que ainda hoje existem daquela tragédia. Gaza começou com o assassinato de 1.200 judeus no Estado de Israel, quando foram surpreendidos por um ataque covarde e injustificável, que matou inclusive crianças e mulheres.

A partir daí, questiona-se o direito de Israel de promover o esperado revide. Ou os terroristas achavam que não haveria troco?

Esses fatos deram origem a um incrível movimento antissemita, deplorável sob todos os aspectos. O povo judeu vive dias de grande tristeza, sofrendo com a incompreensão injustificável. Essa reação facciosa do governo brasileiro, motivando ondas de antissemitismo, merece a nossa mais sólida repulsa.

Lula comparou a ação de Israel em Gaza à de Hitler e com isso abriu uma desnecessária crise diplomática. Dirigentes de Israel consideraram “vergonhosa” a atitude do governo brasileiro e protestaram com toda veemência. Até o jornalista Guga Chacra, que se manifestou um crítico à atitude de uma das partes da guerra foi muito claro: “Considero essa comparação com o Holocausto nitidamente antissemita.” Lula foi mesmo muito infeliz, na declaração feita justo na Etiópia, que é um país caracterizado por muitas e terríveis atrocidades.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou em nota que o governo Lula abandonou a sua tradição de equilíbrio e a busca de diálogo na política externa. Israel pratica uma ação de legítima defesa, enquanto assiste (e sofre) com a prisão de mais de 200 dos seus filhos, mantidos até agora como reféns de uma guerra insana (como são todas as guerras). Não se tem como tomar partido nessa história, como fez o nosso país. É claro que desejamos o fim da guerra, no menor espaço possível, mas isso só vai acontecer com ações equilibradas e sem o desrespeito aos direitos humanos.

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Arnaldo Niskier | Academia Brasileira de LetrasArnaldo NiskierImortal. Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da Academia Brasileira de Letras. Professor, escritor, filósofo, historiador e pedagogo. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras e secretário estadual de Ciência e Tecnologia e de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Presidente Emérito do CIEE/RJ.

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