clássico

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Já dizia o saudoso filósofo ludopédio Vicente Matheus, que “Clássico é clássico e vice-versa”.

O velho cartola corintiano vem me à cabeça após o incrível empate arrancado pelo Corinthians na tarde/noite desse domingo, 2 a 2.

Senão, vejamos.

Jogo disputado na casa provisória do Palmeiras (o gramado do Allianz Parque passa por reforma), em Barueri, e só com torcida do mandante, como manda a lei estadual. Portanto, estádio lotado de palmeirenses.

O Palmeiras é líder de seu grupo, enquanto o Corinthians ilumina o seu caminho com vistosa lanterna.

Não se discute: tecnicamente, o Verdão tem mais time.

Seu técnico, Abel Ferreira, vai completar em outubro quatro anos no comando do time. Ele conhece bem os jogadores que têm à sua disposição. Sabe qual o café da manhã que cada um toma, que horas dorme e para que lado da cama dorme. Sabe tudo.

O técnico do Corinthians, António Oliveira, também português, é um recém-chegado que não conhece quase ninguém e até tropeça no nosso português por que já foi visto chamar um jovem corintiano de putinho, que é como os portugueses, lá em Portugal, tratam seus jovens.

Os jogadores do Palmeiras jogam juntos há séculos, desde a chegada de Abel.

Do outro lado, o Timão dispensou 11 jogadores e tenta agora, sem dinheiro e a duras penas, montar um time.

Se não bastasse ter 11 jogadores melhores em campo, o Verdão ainda terminou o jogo com 11 contra 9 do Timão: o goleirão Cássio foi expulso por falta violenta contra Roni que estava prestes a marcar. Como já havia feito todas as substituições possíveis, o Timão foi obrigado a deslocar um jogador de linha para o gol.

Pouco depois, o jogo estava 2 a 1, Yuri Alberto recebeu forte joelhada na altura das costelas e saiu de campo de maca, com muita dificuldade para respirar.

Se tudo isso somado fosse colocado em um computador carregado de lógica, ele não hesitaria em apontar o vencedor: o Verdão, claro.

Mas, no futebol, 2 + 2 nem sempre dá quatro.

Como pensar que o grande goleiro Ewerton, goleiro de Seleção, pudesse cometer uma falha daquelas.

É bem verdade que Garro cobrou bem a falta. Mas, era de apreciável distância, nada que pudesse levar medo a um goleiro de Seleção.

E Ewerton até que foi bem na bola, mas, de repente, recolheu as mãos, acreditando que a bola iria sair pela linha de fundo.

Mas, caprichosa e surpreendente como toda mulher, ela, a bola, bateu na trave e entrou, determinando o mais improvável empate dos últimos anos.

Ah! …esse golpe de vista!

 Empate, 2 a 2, não importa muito para os adversários, em termos de classificação.

O Palmeiras já está classificado e não terá prejuízo algum. Só aquele gosto amargo na boca do empate com sabor de derrota.

O Corinthians continua mal na tabela. Não venceu, mas também não perdeu. E não perdeu para o arquirrival inimigo.

Se o palmeirense sente gosto amargo, o corintiano abre sorriso para a façanha gloriosa de não perder em condições tão adversas e, mais, tirou a vitória das mãos dos palmeirenses.

Tirou um saboroso doce da boca do inimigo, deixando uma boa dose de amargo fel.

A vingança é doce.

E as Brabas,

cada vez mais doces.

clássico - Brabas

Se a vingança é doce, imagina a vitória.

E não é uma vitória qualquer. Fo a 21ª em 21 jogos dessas meninas fantásticas do Corinthians.

Também não foi uma 21ª vitória qualquer: foi a que deu o título de campeãs da Supercopa brasil, competição que começou a ser disputada há três anos e só tem uma ganhadora.

Adivinhe qual?

Estamos falando do Corinthians, das doces Brabas que ontem venceram a forte equipe do Cruzeiro por 1 a 0, na Neo Química com mais de 33 mil pagantes, recorde da competição.

Já a alguns anos o Corinthians vem investindo forte e acertadamente no futebol Feminino.

E é uma equação simples esta: a soma do bom investimento com o trabalho sério tem como resultado final a vitória.

É pena que no futebol masculino as coisas não sejam assim.

Ao final do jogo, assisti a uma entrevista do sensato Ronaldo Fenômeno que se disse orgulhoso do trabalho e resultados de sua equipe feminina, apelidada de Cabulosas.

Perguntado sobre os dois gols anulados pelo VAR, Ronaldo comentou só um deles: o segundo, quando a bola tocou no braço da atacante.

– Acho que a regra deveria ser mudada. A bola tocou no braço dela, não houve movimentação do braço para tirar proveito. É acidental, a regra está errada.

Ou seja, mostrando a mesma calma que sempre teve ao receber uma bola dentro da área, se livrar de ou dois adversários para fazer o gol, Ronaldo não fez alarde, não acusou ninguém.

A regra pode até ser clara como alardeava Arnaldo César Coelho, mas nem sempre está correta e merece estudos.

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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