Clássico é clássico. Blog Mário Marinho
Já dizia o saudoso filósofo ludopédio Vicente Matheus, que “Clássico é clássico e vice-versa”.
O velho cartola corintiano vem me à cabeça após o incrível empate arrancado pelo Corinthians na tarde/noite desse domingo, 2 a 2.
Senão, vejamos.
Jogo disputado na casa provisória do Palmeiras (o gramado do Allianz Parque passa por reforma), em Barueri, e só com torcida do mandante, como manda a lei estadual. Portanto, estádio lotado de palmeirenses.
O Palmeiras é líder de seu grupo, enquanto o Corinthians ilumina o seu caminho com vistosa lanterna.
Não se discute: tecnicamente, o Verdão tem mais time.
Seu técnico, Abel Ferreira, vai completar em outubro quatro anos no comando do time. Ele conhece bem os jogadores que têm à sua disposição. Sabe qual o café da manhã que cada um toma, que horas dorme e para que lado da cama dorme. Sabe tudo.
O técnico do Corinthians, António Oliveira, também português, é um recém-chegado que não conhece quase ninguém e até tropeça no nosso português por que já foi visto chamar um jovem corintiano de putinho, que é como os portugueses, lá em Portugal, tratam seus jovens.
Os jogadores do Palmeiras jogam juntos há séculos, desde a chegada de Abel.
Do outro lado, o Timão dispensou 11 jogadores e tenta agora, sem dinheiro e a duras penas, montar um time.
Se não bastasse ter 11 jogadores melhores em campo, o Verdão ainda terminou o jogo com 11 contra 9 do Timão: o goleirão Cássio foi expulso por falta violenta contra Roni que estava prestes a marcar. Como já havia feito todas as substituições possíveis, o Timão foi obrigado a deslocar um jogador de linha para o gol.
Pouco depois, o jogo estava 2 a 1, Yuri Alberto recebeu forte joelhada na altura das costelas e saiu de campo de maca, com muita dificuldade para respirar.
Se tudo isso somado fosse colocado em um computador carregado de lógica, ele não hesitaria em apontar o vencedor: o Verdão, claro.
Mas, no futebol, 2 + 2 nem sempre dá quatro.
Como pensar que o grande goleiro Ewerton, goleiro de Seleção, pudesse cometer uma falha daquelas.
É bem verdade que Garro cobrou bem a falta. Mas, era de apreciável distância, nada que pudesse levar medo a um goleiro de Seleção.
E Ewerton até que foi bem na bola, mas, de repente, recolheu as mãos, acreditando que a bola iria sair pela linha de fundo.
Mas, caprichosa e surpreendente como toda mulher, ela, a bola, bateu na trave e entrou, determinando o mais improvável empate dos últimos anos.
Ah! …esse golpe de vista!
Empate, 2 a 2, não importa muito para os adversários, em termos de classificação.
O Palmeiras já está classificado e não terá prejuízo algum. Só aquele gosto amargo na boca do empate com sabor de derrota.
O Corinthians continua mal na tabela. Não venceu, mas também não perdeu. E não perdeu para o arquirrival inimigo.
Se o palmeirense sente gosto amargo, o corintiano abre sorriso para a façanha gloriosa de não perder em condições tão adversas e, mais, tirou a vitória das mãos dos palmeirenses.
Tirou um saboroso doce da boca do inimigo, deixando uma boa dose de amargo fel.
A vingança é doce.
E as Brabas,
cada vez mais doces.
Se a vingança é doce, imagina a vitória.
E não é uma vitória qualquer. Fo a 21ª em 21 jogos dessas meninas fantásticas do Corinthians.
Também não foi uma 21ª vitória qualquer: foi a que deu o título de campeãs da Supercopa brasil, competição que começou a ser disputada há três anos e só tem uma ganhadora.
Adivinhe qual?
Estamos falando do Corinthians, das doces Brabas que ontem venceram a forte equipe do Cruzeiro por 1 a 0, na Neo Química com mais de 33 mil pagantes, recorde da competição.
Já a alguns anos o Corinthians vem investindo forte e acertadamente no futebol Feminino.
E é uma equação simples esta: a soma do bom investimento com o trabalho sério tem como resultado final a vitória.
É pena que no futebol masculino as coisas não sejam assim.
Ao final do jogo, assisti a uma entrevista do sensato Ronaldo Fenômeno que se disse orgulhoso do trabalho e resultados de sua equipe feminina, apelidada de Cabulosas.
Perguntado sobre os dois gols anulados pelo VAR, Ronaldo comentou só um deles: o segundo, quando a bola tocou no braço da atacante.
– Acho que a regra deveria ser mudada. A bola tocou no braço dela, não houve movimentação do braço para tirar proveito. É acidental, a regra está errada.
Ou seja, mostrando a mesma calma que sempre teve ao receber uma bola dentro da área, se livrar de ou dois adversários para fazer o gol, Ronaldo não fez alarde, não acusou ninguém.
A regra pode até ser clara como alardeava Arnaldo César Coelho, mas nem sempre está correta e merece estudos.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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Empate tipicamente corintiano, coisa de cinema. Jogos assim é que tornam o futebol apaixonante.