Cigarro eletrônico e outras drogas. Por Adilson Roberto Gonçalves
Muito nobre a atitude do médico Gonzalo Vecina Neto ao expor suas considerações a respeito do cigarro eletrônico em artigo para a Folha de S. Paulo no final de janeiro. Mudar de posição com bases lógicas e científicas é do que precisamos…
Muito nobre a atitude do médico Gonzalo Vecina Neto ao expor suas considerações a respeito do cigarro eletrônico em artigo para a Folha de S. Paulo no final de janeiro. Mudar de posição com bases lógicas e científicas é do que precisamos, pena que essa nobreza não chegue aos órgão decisórios. Concordo com as nefastas consequências criminais e sociais da repressão e proibição do uso de drogas, mas precisamos avançar na questão. Restrição à propaganda e altos impostos fizeram a redução do consumo de tabaco, uma boa solução pois o bolso continua sendo sensível. Lembremos que a porta de entrada para drogas pesadas, como a cocaína e o crack, é pelo álcool, não pelo fumo. Uma discussão que precisa ser feita.
Aprecio um vinho semanalmente e uma cachaça esporadicamente. Não saio para beber. Cortei totalmente a cerveja por conta do ácido úrico, não me fazendo falta e descobri que não sou alcoólico. Não mudei o consumo de vinho (semanalmente) e de cachaça (esporadicamente).
A repressão ao consumidor da droga é a forma mais populista de tratar a questão, pois o traficante, esse sim o grande criminoso, é protegido e possui grande poder. O produtor da droga, pensando na cocaína, é outro ponto frágil da cadeia. No Brasil ela não é produzida, mas o país tornou-se rota intermediária do tráfico internacional. Calcula-se que do produtor ao consumidor, a cocaína seja valorizada entre 100 e mil vezes, ficando o “lucro” principal para os traficantes. Nenhum outro “empreendimento” é tão lucrativo.
Por isso a discussão sobre a descriminalização do porte e consumo de drogas é importante. Toleramos o álcool, sem restrições (apenas a de propaganda para determinados públicos e venda para maiores de idade), e o fumo com a boa propaganda negativa e vedação de consumo em quase todos os locais públicos.
Uma fórmula deveria ser encontrada para a cocaína e o crack, que equacionasse a dependência como questão social, e o tráfico, como criminal.
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– Adilson Roberto Gonçalves – pesquisador da Universidade Estadual Paulista, Unesp, membro de várias instituições culturais do interior paulista. Mantém o Blog dos Três Parágrafos. Vive em Campinas.
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