Goleadas e goleadores. Blog Mário Marinho
Um mesmo jogador fazer três gols na mesma partida é difícil, porém, não impossível, nem mesmo um espanto.
Tanto assim, que o programa Fantástico, da TV Globo, permite que esse artilheiro escolha música no Fantástico. E quase todo domingo, um goleador é homenageado por seu feito. Aliás, no Fantástico de ontem, 28-01, foram premiados dois jogadores: o Picachu, do Fortaleza, e o Anselmo Ramon do CRB.
Mais do que três vai ficando difícil.
Cinco gols no mesmo jogo é muito raro.
Mas foi essa a marca do centroavante uruguaio Gonzalo Mastriani na goleada do América, meu Coelhão, sobre o Pouso Alegre, 6 a 0, em jogo válido pelo Campeonato Mineiro, disputado no Estádio Independência, casa do América.
Mastriani, 30 anos, já no primeiro minuto de jogo marcou seu primeiro jogo. O sexto gol do América foi marcado, coincidentemente, por Renato Marques que substituiu Mastriani na metade do segundo tempo.
O meu primeiro espanto com esse número de gols em um mesmo jogo foi a façanha do ponta-esquerda Dalmar, do Cruzeiro, em 1966, na goleada do Cruzeiro sobre o Renascença, 16 a 0.
Dalmar, que tinha um chute potentíssimo, marcou 9 gols.
A partida valeu pelo campeonato mineiro de Aspirantes. Os aspirantes eram aqueles jogadores reservas ou juvenis que já haviam passado dos 18 anos e que estavam à espera de uma oportunidade no time principal.
O recorde de gols entre os chamados times principais era de um neguinho esperto que jogava na Vila Belmiro e atendia pelo esquisito, mas simpático, apelido de Pelé.
Na época, Pelé bateu o recorde antigo do atacante Araken Patusca, estabelecido no dia 3 de maio de 1927, quando marcou sete gols na vitória de 12 a 1 sobre o Ypiranga, tradicional time da cidade de São Paulo.
O recorde de Pelé aconteceu em jogo válido pelo Campeonato Paulista. Foram oito gols de Pelé contra o Botafogo de Ribeirão Preto, no dia 21 de novembro de 1964. Placar final, Santos 11 a 0.
Mas o recorde absoluto de gols foi estabelecido por Dario, o Dadá Maravilha ou Peito de Aço, revelado pelo Atlético Mineiro e que, na época do recorde, defendia o Sport: foram 10 gols sobre o Santo Amaro, em jogo válido pelo Campeonato Pernambucano.
O placar final do jogo foi 14 a 4.
Dario era carioca, jogou no Campo Grande, mas ganhou notoriedade a partir de 1968, quando foi contratado pelo Atlético Mineiro e desandou a fazer gols. Ficou no Atlético até 1982, fez 190 jogos e marcou 172 gols.
Era um jogador alto, magrelo, meio desengonçado, mas fazia muitos gols.
Certa vez, um comentarista esportivo disse que Dario fazia gols muito feios.
Respondeu na bucha:
– Feio é não fazer gol.
Outra frase dele quando lhe perguntaram sobre a quantidade de gols que marcava de cabeça.
– Dario é o único jogador que para no ar.
A partir daí, ele (que se referia a si mesmo sempre na 3ª pessoa) ganhou também o apelido de Dadá Beija Flor.
O recorde de gols em um mesmo jogo do Campeonato Brasileiro é de Edmundo: seis gols marcados em São Januário, no massacre Vasco 6 a 0 no frágil União de Araras, no dia 11 de setembro de 1997.
E poderia ter sido de mais: Edmundo sofreu pênalti que ele mesmo cobrou, mas o goleiro Adinan, do União São João, defendeu.
Em termos de Seleção Brasileira, o maior artilheiro em um mesmo jogo foi de Evaristo de Macedo.
No Campeonato Sul-Americano de 1957, Evaristo marcou cinco gol na vitória de 9 a 0 sobre a Colômbia, no Peru. O Jogo foi disputado no dia 3 de março.
O Brasil jogou com este time:
Gilmar, Djalma Santos, Édson, Zózimo e Nílton Santos; Roberto Belangero e Didi; Joel (Cláudio, aos 77), Zizinho, Evaristo e Pepe (Garrincha, aos 77). Treinador: Oswaldo Brandão.
Evaristo foi um goleador revelado pelo Madureira, onde jogou em 1950 até 1952.
No ano seguinte, ele viraria fenômeno defendendo o Flamengo de 1953 a 1957. Daí, foi para o Barcelona (1957-1962). Ele era tão importante para o time que o Barcelona não quis liberá-lo para jogar a Copa de 1962 pelo Brasil.
Do Barcelona foi para o Real Madri (1962 a 1965) e voltou para o Flamengo onde se aposentou no mesmo ano de 1965.
A maior goleada entre times do Brasil, aconteceu na estupefaciente goleada do Botafogo sobre o Sport Club Madureira, inacreditáveis 24 a 0, pelo Campeonato Carioca.
Esse Madureira não tem nenhum parentesco com a Escola de Samba.
No Brasileirão, a maior goleada foi a vitória do Corinthians sobre o Tiradentes, do Piauí, 10 a 1, em 1983.
O Corinthians jogou com Solito; Alfinete, Mauro, Daniel González e Wladimir; Paulinho, Sócrates, Zenon (Eduardo Amorim) e Biro-Biro; Ataliba (Vidotti) e Paulo Egídio. Técnico: Mário Travaglini.
Gols: Wladimir, Sócrates (quatro vezes), Biro-Biro, Ataliba, Paulo Egídio (duas vezes), Vidotti (Corinthians); Sabará (Tiradentes-PI).
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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