pequenos crimes

De pequenos a grandes crimes. Por Adilson Roberto Gonçalves

Pequenos e grandes crimes… Longe de ser um tratado sobre a criminalidade, a violência adentrou o mundo virtual e retorna ao real com discurso e prática de ódio. E de mortes…

pequenos crimes

Começa-se com uma contravenção. O jogo do bicho antigamente tinha como viés social o financiamento das escolas de samba. Isso é passado. O crime sofisticado de hoje combina traficantes com milicianos, muitos deles adentrando a política em cargos bem notórios, que conquistam o ouro e os cobres. O pobre periférico e quase sempre negro continua a receber o único metal que lhe resta: o chumbo.

Em Rio Claro, onde trabalho, ouvi da dona da banca em que compro semanalmente o jornal que o “sócio” estava naquele dia no aeroporto de Guarulhos por conta das pessoas das cerâmicas (a região é sede de várias empresas de cerâmica), ou seja, atua como motorista de transporte executivo para lá. Digamos que se chame Geraldo e não há nada demais na dupla função. Porém, numa sexta-feira do final de novembro, o desdém com o suposto negócio principal ficou evidente por não encontrar um diário para comprar. E completo: a banca faz jogo de bicho, não mais no velho estilo do papel escrito, mas com maquininhas do tipo das usadas em transações com cartões. Ou seja, vende jornal de vez em quando, faz jogo do bicho sempre e transporta executivos para completar a renda. Uso indevido do local de trabalho? Talvez apenas um pequeno crime.

Longe de ser um tratado sobre a criminalidade, a violência adentrou o mundo virtual e retorna ao real com discurso e prática de ódio. E de mortes. Interessante e importante a avaliação que se faz da falta de escrúpulos quando se defendem crimes, mas não creio que a violência tenha apenas uma sólida base no passado, uma vez que há forte influência permanente das redes sociais, especialmente sobre os jovens. Cria-se uma direita que às vezes ousa dizer seu nome, outras, esconde-se. As redes (anti)sociais propalam um mundo paralelo que tem se confundido com o real, não apenas para os jovens, mas também para saudosistas de períodos ditatoriais. Os bits e bytes viram bate e apanha.

Os casos de suicídio atrelados a essas redes – outra forma de violência – pode ter uma correlação importante com a falta de objetividade ou até de desânimo entre os que querem encontrar seu lugar no mundo, outra questão a ser avaliada com a devida atenção. No mundo da extrema direita, a vida passa a ter menor valor.

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Perfil ambiental e político – Adilson Roberto Gonçalves –  pesquisador da  Universidade Estadual Paulista, Unesp, membro de várias instituições culturais do interior paulista. Mantém o Blog dos Três Parágrafos. Vive em Campinas.

 

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