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Ah!, os nossos cartolas. Blog Mário Marinho

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Nos anos 60, uma frase ganhou ares e importância de um mantra até atingir o status de chavão por sua repetição, escancarando sempre a verdade, como acontece com os chavões.

Eis a frase:

“O futebol brasileiro só evolui dentro do gramado”.

Era uma forte crítica a atuação dos cartolas que faziam de clubes e entidades escada para construir o seu futuro, principalmente na Política.

Um dos mais notórios dirigentes que se tornaram políticos foi Wadih Helu, presidente do Corinthians, de 1961 a 1971.

Embora o Corinthians amargasse maus resultados em campo, Wadih Helu foi eleito deputado estadual de fevereiro de 1967 à 31 de janeiro de 2003 (9 mandatos consecutivos).

Foi presidente do Corinthians de 1961 a 1971 (5 mandatos consecutivos).

Exatamente em sua época o Corinthians ganhou o apelido de Timão.

Quando ele assumiu a presidência, em 1961, o Corinthians estava há sete anos sem conquistar um título importante.

Ele prometeu que montaria um timão.

Ao invés disso, montou um time meia-boca que ganhou o apelido de “Faz me rir”, título de música interpretada pela cantora Edith Veiga. O título se referia à descrença em alguma promessa amorosa ou não.

O Corinthians só interrompeu o tabu iniciado em 1955 (em 1954 foi Campeão Paulista) e só voltaria a ser campeão em 1977. Vadih já não era o presidente. O presidente era o folclórico Vicente Matheus.

Outro notório cartola de São Paulo foi João Mendonça Falcão, aquele que, segundo o folclore, chamou os belgas de belgicanos.

Falcão assumiu a presidência da Federação Paulista e lá ficou por 15 anos, de 1955 a 1970. Ele já era deputado estadual cargo para o qual foi eleito em 1951.

Até hoje se fala muito da importância de Falcão para o futebol paulista.

Segundo dirigentes da época, o futebol paulista tinha pouco prestígio a nível nacional.

“Os cariocas mandavam em tudo. Calendário, convocação, justiça desportiva, tudo”.

Com seu jeito franco que beirava à grosseria, Falcão foi se impondo e chegou até à presidência do Conselho Nacional de Desportos, órgão máximo do desporto brasileiro de então.

Foi nessa época que ele recebeu um bilhete do presidente Jânio Quadros, no qual ele manifestava sua preocupação com a saída de jogadores brasileiros para o exterior. “Podemos perder até Pelé”, disse o preocupado presidente.

Falcão então baixou uma determinação com a lista de cerca de 50 jogadores que não poderiam ser comercializados para o exterior antes da Copa do Mundo de 1962. Era uma medida extrema e de constitucionalidade discutível.

Falcão só abandonou a carreira em 1968, quando, ao lado de outros 59 deputados estaduais, foi cassado com base no recém-editado Ato Institucional número 5, sob a nebulosa acusação de tráfico de influência.

Será que hoje evoluímos no quesito cartola?

PS – Por que dirigente esportivo é chamado de cartola? Veja explicação do Museu de Futebol de São Paulo:

“Quando o futebol ainda era um esporte de elite e os jogadores usavam até gravata em seus uniformes, dois dirigentes uruguaios entraram em campo aqui no Brasil usando cartola e tudo mais.

Desde então é assim… só que hoje o termo tem conotação pejorativa.”

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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