Pelé - HOMENAGEM OU CASTIGO?

Pelé: homenagem ou castigo? Blog Mário Marinho

Pelé: HOMENAGEM OU CASTIGO

 Como era de se esperar, Marcelo Teixeira foi eleito novo presidente do Santos. A eleição aconteceu na Vila Belmiro e ele teve 53% dos votos, superando os outros três concorrentes.

É a terceira vez que ele é eleito.

Na véspera da eleição, Marcelo Teixeira fez um forte desabado: “Esse time é ruim até para a Série B”.

O santista que ouviu o desabafo ficou satisfeito: ele vai montar um time. Alguns torceram o nariz e consideraram a afirmação mera demagogia à procura dos votos.

Bem, MT venceu.

Qual sua primeira declaração após a vitória?  Proibir a imortal camisa 10, que foi de Pelé, de ser usada pelo Santos durante a campanha na Série B.

Disse ele que é por respeito a Pelé.

Eu vejo a medida como meramente eleitoreira, embora a eleição já tenha passado. É discurso para enganar o torcedor.

Por que desrespeito a Pelé?

Eu vejo como desrespeito aos clubes que estão na Série B. Muitos deles vindo de baixo, lutando contra as crises financeiras, mas orgulhosos por terem conseguido.

Vamos e venhamos. Qual a vantagem prática dessa medida? Seria muito melhor que usasse frases de torcedores quando seu time cai, tipo: “Santos na segunda: campeão é obrigação!”

E não só usasse a frase, como também medidas para reforçar o time, contratações, novo técnico, nova mentalidade.

O ano de 2024 não está pintando como de céu de brigadeiro para o Santos. Pelo contrário: o time, que nos últimos anos, vem flertando com a Série B, tanto no Brasileirão como no Paulistão, deverá sofrer fortes turbulências.

A começar pelas finanças. O Santos está na Série B onde as cotas pagas pela televisão são menores que as cotas da Série A.

Ou seja: o dinheiro vai estar mais curto.

Além disso, o Santos está fora da disputa da milionária Copa do Brasil que deverá premiar o seu campeão com algo próximo dos R$ 70 milhões.

Para piorar a situação, o Santos já recebeu adiantamentos das cotas do ano que vem.

É, presidente Marcelo Teixeira, a situação está muito ruim.

A hora é de trabalho. E muito.

Um escândalo

que faz dez anos.

No dia 16 de dezembro de 2013, a Portuguesa de Desportos foi, oficialmente, rebaixada para a Série B do Brasileirão.

A história é a que se segue.

No último jogo do Brasileirão daquele ano, Lusa e Grêmio se enfrentaram no Canindé. Nem um dos dois times tinha qualquer aspiração. Estavam cumprindo tabela.

Aos 32 minutos do segundo tempo, o técnico Geninho mandou o atacante Héverton para campo. O jogo terminou em 0 a 0.

No dia seguinte, como faz sempre que isso acontece, a CBF oficiou o Tribunal de Justiça Desportiva sobre irregularidade no jogo: Héverton, que entrou em campo, estava suspenso.

Foi um corre-corre no Canindé.

O advogado que defendeu a Lusa no julgamento do TJD afirmou, na época, que informou à Lusa sobre a suspensão do jogador.

Essa informação não chegou ao Departamento de Futebol da Lusa. Pelo menos, não chegou ao técnico Geninho.

Na mesma rodada, o Flamengo também foi denunciado pela mesma irregularidade.

Os dois foram condenados a perder quatro pontos, três como punição pela irregularidade e mais o que tiver conquistado no jogo. Em ambos os casos, o jogo ficou empatado: portanto, quatro pontos perdidos para cada time.

Com a perda dos quatro pontos, a Lusa caiu para a 17ª posição que vem a ser a primeira dos quatro rebaixados.

O Fluminense, que havia caído para a Série B, se viu salvo e ficou na 15ª posição.

O Flamengo, também punido, ficou na 16ª posição, livre do rebaixamento.

A primeira providência da Lusa foi acusar a CBF de ter tramado para salvar o Fluminense.

Houve reclamações da pequena, mas barulhenta, torcida da Lusa contra a CBF e contra o Fluminense.

Como era seu direito, a Lusa recorreu.

E perdeu.

O advogado da Lusa, João Zanforlin, tentou mostrar ao tribunal que não houve dolo da Lusa: o jogo já não valia mais nada.

Um dos juízes retrucou: o Tribunal não estava julgando dolo, mas, sim, o desrespeito à uma norma legal.

A Lusa caiu para a Série B. No ano seguinte, caiu para a Série C, no outro ano, caiu para a Série D.

Começou aí um drama do qual a Lusa não se recuperou jamais.

Eu trabalhei na Lusa como assessor de imprensa de 1998 até 2001. Fiz grandes amigos com os quais até hoje mantenho contato.

Acompanhei com muito interesse o desenrolar que ficou conhecido como “Caso Héverton”.

Até hoje ninguém sabe de quem foi a culpa pelo acontecido.

O advogado que defendeu a Lusa no julgamento que suspendeu o atacante Héverton, garante que fez a comunicação na forma usual.

Quem recebeu essa informação na Lusa?

Ninguém sabe.

Houve, sim, um culpado que não comunicou ao Departamento de Futebol da Lusa. Quem é ele? Foi mera distração, desleixo, dolo? A apaixonada torcida merecia mais informação.

Como eu disse, trabalhei lá, fiz amizades e acompanhei o caso com muito interesse.

Nunca soube de uma investigação séria interna por parte da Lusa.

Tem caroço nesse mingau.

__________________________

Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

__________________________________________________________________

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter