Antissemitismo é ameaça. Por Meraldo Zisman
ANTISSEMITISMO: “UMA AMEAÇA COMUM QUE REQUER UMA RESPOSTA COLETIVA”
A luta contra o antissemitismo não é exclusiva dos judeus; é uma responsabilidade de todos, independentemente da sua origem. A facilidade com que Israel é sistematicamente criminalizado pela grande mídia, muitas vezes distorcendo fatos e informações, é algo que me deixa perplexo. Sinto uma obrigação histórica de combater o ódio dirigido aos judeus e, na atualidade, contra o ódio direcionado a seu lugar de origem, Israel.
Como criatura, sinto-me compelido a buscar a verdade para além de preconceitos, mentiras e manipulações. Infelizmente, sobre Israel, a verdade muitas vezes é ocultada. Como ser humano, defendo o progresso e sou obrigado a defender a liberdade, a cultura, a coexistência pacífica e a educação cívica das crianças, velhos e moços independente do sexo.
A derrota de Israel representaria não apenas um revés para o país, mas também para a modernidade, a cultura e a liberdade em geral. Considero a imprensa que perpetua visões antissemitas sob a camuflagem do antiisraelismo como irresponsável e deturpada. O ódio exacerbado a Israel é constantemente destacado nas manchetes globais, colocando o país na posição única de ter que se desculpar por simplesmente existir. Suas defesas militares são injustamente consideradas covardia, enquanto suas baixas e vítimas do terrorismo são desvalorizadas, e os terroristas são muitas vezes tratados como heróis.
O renomado autor Imre Kertesz (1929-2016), há 20 anos levava o Nobel de Literatura. Sobrevivente do Holocausto, expressa sua emoção ao ver os tanques israelenses, simbolizando a estrela de David como uma representação profunda da identidade e fé do povo judeu. A imagem do judeu como vítima eterna, que superou séculos de perseguição para fundar um país a partir do nada, é algo que alguns não conseguem aceitar. O milagre da sobrevivência judaica indigna uma imprensa que, ao invés de manifestar solidariedade, muitas vezes perpetua a falta dela.
A persistência do antijudaísmo, disfarçado agora como antiisraelismo politicamente correto, é alarmante. A inabilidade de reconhecer a próprio antissemitismo por parte de alguns que defendem o fim de Israel é uma forma de solidariedade míope e distorcida. Desejos velados de morte para os judeus, expressos através de aplausos a massacres em escolas judaicas ou pizzarias, são sintomas de um problema mais profundo.
A Inquisição e o Holocausto não foram meros acasos históricos, e é preocupante perceber o ressurgimento do antissemitismo, sobretudo diante dos eventos em Gaza. Rogo para que essa tendência não se estabeleça e que a humanidade opte pela solidariedade em lugar da intolerância. Que possamos, como sociedade, cultivar laços de compreensão e respeito, construindo um futuro onde a diversidade seja celebrada e a convivência pacífica prevaleça.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
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