Diversão e morte. Falta água. Falta fiscalização. Por Flávio F. de Figueiredo
Diversão e morte? Os eventos, ou os locais em que são realizados, normalmente precisam de alvarás e uma série de questões atinentes a segurança precisa – ao menos no papel – ser atendida. Em muitos locais, o atendimento a exigências de medidas de segurança ficam apenas na teoria…
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO ESTADÃO ONLINE, POLÍTICA,
BLOG FAUSTO MACEDO, ED. 24 DE NOVEMBRO DE 2023
Causou e ainda causa forte comoção a morte de uma jovem durante show da cantora Taylor Swift no Rio de Janeiro. Não há ainda mais notícias exatas sobre as circunstâncias da morte, mas há muitos relatos de questões absolutamente preocupantes em evento que reuniu milhares de pessoas, que muitos – como gado levado para o abatedouro – costumam aceitar passivamente.
Está noticiado que, impedido de entrar com garrafas de água no recinto onde era realizada a apresentação, o público não encontrava ali água potável em quantidade suficiente para usa hidratação. Isso em um dia com temperatura que beirava os 40 graus!
Quantos já foram a eventos em que água e alimentos foram sumariamente retirados de suas mochilas na entrada e, ao necessitar beber ou comer algo, precisaram enfrentar longas filas e pagar preços absurdos?
Também não é anormal a alimentação ou a bebida acabarem antes do final de um evento.
Alguém toma alguma providência para que situações como essas deixem de existir? Até agora não vi.
Mudando de assunto, mas mantendo o tema.
Os eventos, ou os locais em que são realizados, normalmente precisam de alvarás e uma série de questões atinentes a segurança precisa – ao menos no papel – ser atendida. Em muitos locais, o atendimento a exigências de medidas de segurança ficam apenas na teoria.
Quantas saídas de emergência permanecem bloqueadas, ou até trancadas, em shows?
Quantas rotas de fuga são estranguladas, com a colocação de cadeiras extras, ou criação de camarotes “vip”, por exemplo?
Quantos outros quesitos não visíveis para os usuários deixam de ser observados e colocam o público em situação de extrema vulnerabilidade?
A impressão que se tem é que, ao entrar nesses pretensos santuários, e pagando caro, os fãs se entregam a toda sorte de abusos, sem coragem para reclamar, para exigir tratamento digno e seguro, sob todos os aspectos. Talvez pensem que seus ídolos possam se ofender.
Isso precisa mudar e o mais rápido possível. Já.
As pessoas que vão a shows e a toda sorte de eventos precisam ser tratadas com dignidade, em ambiente seguro, como acontece em muitos outros lugares do mundo, onde atrações nacionais e internacionais apresentam-se com regularidade.
Questões técnicas, de logística e segurança, dentre outras, precisam receber a indispensável atenção, e para que vidas sejam poupadas.
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FLÁVIO F. DE FIGUEIREDO – Engenheiro Civil, Consultor. Diretor da Figueiredo & Associados Consultoria. Autor e coordenador de vários livros sobre vistorias e perícias, nas quais é especialista. Os mais recentes, “Perícias em engenharia – uma visão contemporânea” e “Aluguéis em Shopping Centers”. Conselheiro do IBAPE/SP – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo.
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