… Ontem, no finalzinho dos debates da Lei Orçamentária de 2024, um grupo de deputados governistas embutiu um jabuti (com perdão do eco). Trata-se de um artigo que prevê um regime fiscal muito vantajoso para federações esportivas internacionais…

jabuti francês

A Fifa foi fundada em Paris em 1904. Nos primeiros tempos, não era essa potência financeira que conhecemos hoje. Na época, não havia rádio nem televisão, portanto, alguma parca entrada de fundos se limitava aos anúncios fixos que dão a volta ao campo de futebol. Ao final, eram os próprios países membros que financiavam a instituição, e não o contrário, como é hoje.

Depois da quebra da bolsa de Nova York, em 1929, a situação financeira piorou. Para não desaparecer, a Federação aceitou a proposta da Suíça, que oferecia tratamento fiscal favorável. Deixaram Paris e foram para Zurique, onde estão até hoje.

Só que não está gravado na pedra que a sede da Fifa tem de continuar na Suíça por todo o sempre. Faz tempo que a França está de olho no assunto, com muita vontade de trazer a Federação de volta. Os Jogos Olímpicos, programados para o ano que vem em Paris, abriram boa oportunidade.

Ontem, no finalzinho dos debates da Lei Orçamentária de 2024, um grupo de deputados governistas embutiu um jabuti (com perdão do eco). Trata-se de um artigo que prevê um regime fiscal muito vantajoso para federações esportivas internacionais. Concretamente, fica instituída uma exoneração de imposto de renda e de outras taxas menores para toda federação esportiva que vier a se instalar no país.

A valer a partir do ano que vem, a isenção de imposto vale também para todos os funcionários dessas instituições: não pagarão nem um centavo de imposto durante cinco anos (!).

Os benefícios que a instalação da Fifa traz ao país que a hospeda são tantos, que os candidatos, como a França, estão dispostos a fazer concessões impressionantes.

Os deputados que ontem inseriram o jabuti no texto estão hoje meio sem jeito e preferem não dar entrevista.

Mas pode apostar que a lei será aprovada. Se a Fifa vai aceitar o tapete vermelho? Isso é outra história.

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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