Infoxicação e Saúde Mental. Por Meraldo Zisman

A infoxicação (neologismo criado pelo físico espanhol Alfons Cornellá para descrever o excesso de informação gerado pela sociedade contemporânea), é quando a gente se perde em meio a tanta informação e coisas importantes que nos dizem que precisamos fazer e ficamos meio perdidos sem saber o que é importante de verdade.

É impressionante como essa avalanche de informação está virando nosso mundo de cabeça para baixo. Tem a galera ficando ansiosa e meio perdida, não só os mais velhos, mas todo mundo, com todas essas mudanças na sociedade e na economia, o que é piorado pelo grande excesso de notícias falsas, que chamam de “fuxicos” (em inglês fake-news), e isso tudo é bem preocupante.

É bom a gente pensar que talvez todas essas transformações estejam abrindo portas para situações inesperadas, apesar de também trazer um monte de coisas boas para nossa qualidade de vida. Prova disso é como a mídia (profissional e social) trata dos problemas nacionais e como os políticos lá de fora se metem na nossa floresta Amazônica sem, na realidade,  dar o devido valor ao nosso meio ambiente.

A poluição no planeta e as tragédias no sul do Brasil também são coisas nas quais a gente precisa prestar atenção, é triste. Além disso, as notícias que assistimos o tempo todo na TV e na internet sobre economia, política, carros, trabalho e educação, só aumentam essa sensação de infoxicação. Outro dia eu fui ao shopping Plaza, lá em Casa Forte, no Recife, que está fazendo 25 anos. E tinha um anúncio bem legal: “Cuide da sua saúde mental”. Isso me fez lembrar de dois programas de TV que assisti no dia anterior. Foram quase quatro horas de notícias negativas, tipo: enchentes no Rio Grande, coisas acontecendo no Marrocos e em outros lugares do mundo. Fiquei pensando se a guerra na Ucrânia e os conflitos lá na África estão de boa agora, porque nem falaram nada disso nos programas de notícias. Só para dar uma aliviada nessa onda de notícias ruins, o Faustão, que todo mundo conhece, saiu da UTI e foi para um quarto de hospital em São Paulo.

Aí a gente pensa, será que é só coisa ruim que está acontecendo no mundo? Em suma, poderíamos usar termos como “infotóxico” ou “infotoxicologia” para falar sobre essa quantidade de informação inútil que a gente encontra na internet, essa passividade que a TV causa, e como só lemos apenas superficialmente na internet, entre outras coisas. Precisamos aprender a lidar com essa infoxicação para não nos perder no meio de tanta bobagem e nos focar no que realmente importa. Como Cornellá também disse: Desaprendo, luego existo, devemos ter cuidado com a saúde mental e física, apesar de termos à disposição tanta informação e até inteligência artificial.

É desafiador, mas é essencial.

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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.

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