presença paterna

Presença paterna na Literatura Universal. Por Meraldo Zisman

A MARCANTE PRESENÇA PATERNA NA LITERATURA UNIVERSAL
 (Explorando as Complexidades das Relações Familiares)

No domingo, dia 13 de agosto de 2023, comemorou-se o Dia dos Pais, o que me inspirou a escrever o seguinte texto. A análise da figura paterna e suas influências no cenário literário transcende os limites impostos pelo tempo e pela geografia, revelando-se de maneira impactante em obras-primas que perduram ao longo dos séculos.

Três notáveis exemplos disso emergem de autores clássicos, cujas reflexões sobre o papel paterno ecoam marcantemente através da literatura mundial. São eles: “O Velho e o Mar”, de Hemingway, “Em Busca do Tempo Perdido”, de Proust e “Os Irmãos Karamazov” de Dostoiévski. Nessas narrativas, o parricídio emerge como um tema central, muitas vezes enraizado na rivalidade sexual por uma mulher, conforme analisado por Freud em sua obra “Dostoiévski e o parricídio” (1928).

A genialidade desses autores transcende suas origens e contextos, demonstrando que a influência do pai vai além de profissões ou nacionalidades. Um notável exemplo dessa influência é a vida de Fiodor Dostoiévski. Filho de um médico que personificava a autoridade paterna, Fiodor experimentou tanto o domínio autoritário quanto a liberdade após a mudança da família para Tula. No entanto, a tragédia da morte violenta de seu pai deixou uma cicatriz profunda em sua psique, moldando sua trajetória literária. Em suas obras, como “Crime e Castigo” e “Os Irmãos Karamazov”, a sombra da relação paterna se reflete em personagens atormentados e dilemas morais.

…a relação entre pais e filhos é uma fonte inesgotável de inspiração para a literatura. As nuances desses laços familiares transcendem barreiras profissionais e geográficas, encontrando eco na arte e na psicologia humanas…

O mesmo poder de influência paterna é também evidente na vida e obra de Ernest Miller Hemingway. Crescendo sob a sombra de um pai médico, Hemingway desafiou convenções e se destacou na “geração perdida”. Em “O Velho e o Mar”, ele explora a interconexão entre a influência paterna e a luta por superação em seu próprio mundo. Hemingway, agraciado com prêmios prestigiosos, refletiu em sua escrita a complexidade dessa relação, deixando um legado literário impactante. Por último reporto-me a Marcel Proust, membro da alta sociedade francesa e autor de “Em Busca do Tempo Perdido”, que também carregou as marcas de sua relação com seu pai, um médico renomado. Sua busca incessante por identidade, somada à luta interna, enriqueceu sua obra com profundidade e sensibilidade. A complexidade da figura paterna ecoa em suas palavras memoráveis, como “Sonhar menos é sonhar mais” e “Os dias podem ser iguais para o relógio, mas não para o homem”.

Esses três autores, vindos de diferentes origens e contextos, compartilham um fio condutor: a influência indelével da figura paterna. Seus trabalhos são como espelhos que refletem as complexas interações entre pais e filhos, explorando temas universais da condição humana, conflitos internos e busca por identidade. Podemos assim afirmar que a relação entre pais e filhos é uma fonte inesgotável de inspiração para a literatura. As nuances desses laços familiares transcendem barreiras profissionais e geográficas, encontrando eco na arte e na psicologia humanas. Como Dostoiévski sugeriu em “Os Irmãos Karamazov”, essa complexidade permanece uma constante na vida, inspirando e provocando reflexões profundas.

Em última análise, a influência do pai na vida de um filho é uma responsabilidade eterna que, como expressou Bernard Shaw, deve ser exercida com cuidado e consideração, independentemente das decisões de vida dos filhos e filhas.
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Meraldo Zisman Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.

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