Não foi bem a estreia sonhada pelos Tricolores. Blog Mário Marinho
E tudo, certamente, por causa de um lance que ocorreu aos três minutos de jogo.
Falta contra o São Paulo. Hulk se preparar para bater. O goleiro do São Paulo pede barreira, apesar da longa distância da falta.
Hulk corre e, ao invés de um chute, dispara um torpedo, verdadeiro míssil em direção ao gol Tricolor.
O goleiro Rafael se estica todo, mas não consegue deter a bola que entra no seu ângulo direito.
A partir daí, assim como o São Paulo se descontrolou, o Galo acertou o seu jogo, se posicionou em campo e comandou o jogo a seu bel-prazer.
No segundo tempo, veio a esperada estreia de Lucas Moura.
Há 10 anos, com apenas 20, Lucas se despediu do São Paulo e foi para a Europa, Inglaterra, mais especificamente.
No dia de sua despedida, fez uma promessa solene: ainda vou jogar pelo São Paulo.
E foi assim, aplaudido pela imensa torcida do São Paulo, 53.460 pessoas, que ele entrou em campo.
Fez duas ou três jogadas boas, incluindo uma cobrança de falta que passou raspando no travessão do goleiro Matheus Mendes.
Sua jogada mais importante foi o pênalti cometido contra Patrick e que foi transformado no segundo gol do Galo, num momento em que o Tricolor havia equilibrado o jogo.
E o Hulk ainda perdeu gol incrível que poderia ter determinado 3 a 0.
Lucas fez uma boa estreia?
Não, não fez.
É obvio que falta entrosamento com o resto do time.
Mas quando não há entrosamento é preciso prevalecer a individualidade, a ousadia.
E Lucas não fez isso, apesar de sua indiscutível capacidade.
Ah!, essas
estreias do São Paulo
O jogo desse domingo, me fez lembrar um jogo do São Paulo, contra o mesmo Atlético, nesse mesmo Morumbi, jogo que marcou a estreia de Gérson, o Canhotinha de Ouro, no dia 29 de setembro de 1969, jogo válido pelo torneio Roberto Gomes Pedrosa, chamado de Robertão, embrião do futuro campeonato brasileiro.
Eu estava lá.
Morumbi ainda estava em obras. Não, havia, por exemplo, cabine para a Imprensa escrita.
Em vez da cabine, o Tricolor improvisou bancadas de madeira, onde nós, os jornalistas, sentávamos bem no meio da torcida.
Era também nesse improvisado espaço que ficavam as emissoras de rádio e fora de São Paulo.
Acomodei-me, na forma do possível, ao lado do narrador e do comentarista da Rádio Itatiaia, a mais popular de Minas Gerais.
Mas quem esperava exibição do São Paulo e, principalmente, do Gerson, teve que se contentar com a portentosa exibição do Galo que venceu por 5 a 2.
No começo do segundo tempo, o técnico do Atlético Dorival Knipell que era apelidado de Yustrich ou de Homão, dado a sua altura de 1,90, o corpanzil atlético, foi expulso de campo.
Ele foi levado por dirigentes do Atlético até o local onde estava a Rádio Itatiaia. A ideia, colocada em pratica, era utilizar a comunicação do narrador com o seu repórter de campo e passar informações para o auxiliar técnico que era o Zezinho Miguel.
Ao ver o Homão ali perto, tratei de sentar bem ao lado dele.
A minha pauta naquele dia era escolher um personagem – e ele estava ali, ao meu lado.
Yustrich praticamente caiu no meu colo.
Quando a torcida se deu conta que aquele cara grandão e com um vozeirão era o Yustrich, passou a vaiá-lo além de impropérios – palavrões mil.
O Atlético marcou um gol e Yustrich levantou-se o começou a gritar para os torcedores:
– Esse é o meu time! Esse é o Galo. É o Galo!!!
A torcida comprou a briga. A cada falta cometida pelo Atlético, não importa a violência, a torcida se virava para o Yustrich, aos berros:
– Esse é o seu time de cavalos, seu FDP!!! É isso que você ensinou para eles!!!
O ambiente foi ficando muito tenso. Prevendo o pior, falei com o Yustrich:
– Eu vou ver se acho o policiamento para dar mais segurança.
Ele respondeu:
– Se for segurança pra mim, eu não preciso. Quero ver quem vai me dar porrada.
Encontrei ali perto dois PMs e expliquei a situação.
Eles comunicaram com o oficial encarregado, descreveram a situação e se dirigiram para lá.
Os xingamentos continuavam de lado a lado.
Finalmente acabou o jogo com a incontestável vitória do Galo: 5 a 2. Yustrich ainda ficou no local por alguns minutos dando entrevista para a Itatiaia e comentando o jogo.
Os torcedores ouviam a entrevista e vaiavam o Homão.
Pelo menos acabaram-se as ofensas.
Saímos da improvisada cabine e fomos direto para o elevador que nos levaria ao saguão de entrada e aos vestiários. Sempre acompanhado pelos dois PMs.
Foi quando nos encontramos com Buião.
Buião era um pacato mineiro da cidade de Vespasiano onde o Homão tinha um sitio, torcedor do Atlético e ponta direita contratado pelo Corinthians.
Yustrich quase esmagou o pequeno Buião ao dar-lhe um abraço “fraternal”. E com aquele seu vozeirão, falou quase gritando:
– Buião, amanhã se eu me candidatar a prefeito de Vespasiano, serei eleito fácil fácil.
E Buião, que é pacato, mas não bobo, respondeu na hora:
– Eu voto no senhor!
Veja os gols do Fantástico:
https://youtu.be/3Wken6l-oj8?si=aVeY7M2iQE-FWPHf
https://youtu.be/3Wken6l-oj8?si=aVeY7M2iQE-FWPHf
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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