O sempre difícil recomeço. Blog Mário Marinho
A derrota do Brasil para a Seleção de Marrocos, no sábado, teve nada de excepcional.
Foi o encontro de duas boas seleções.
Uma, Marrocos, já um tanto consagrada pela boa participação na Copa do Catar.
A outra, Brasil, procurando seu rumo, rumo que perdeu na mesma Copa do Catar.
O início é sempre difícil; o recomeço costuma ser mais complicado.
O pífio desempenho em uma Copa do Mundo, para um país que tem a fama de ser vencedor, desencadeia reações as mais diversas.
Tem aquele torcedor dramático que acha que o futebol brasileiro acabou. Simplesmente acabou.
Esse acha que é o fim de tudo. Acabou e acabou.
Já não temos mais craques; os jogadores só pensam em grana; jogadores com 16 anos já estão deixando o Brasil.
Antigamente, podíamos formar até três seleções e qualquer uma delas iria se sair bem na Copa. Hoje? Bem, hoje é o que está se vendo.
O recomeço não depende do torcedor, mas, sim, dos dirigentes.
E aí começa uma questão crucial: quem será o novo técnico? Ou, antes: será brasileiro ou estrangeiro?
Quando se fala em estrangeiro, aparece a turma patriota gritando que a Seleção Brasileira tem que ser dirigida por um técnico brasileiro.
Como se nós detivéssemos o monopólio na competência dos técnicos.
E o tempo vai passando.
Se a CBF decidiu por um técnico brasileiro ou estrangeiro, faz mistério, deixa tudo no ar e vai empurrando com a barriga.
Assim, no primeiro jogo que deveria ser marcado como o início da revelação, a Seleção foi dirigida por um técnico interino, Ramón Menezes, que recentemente conquistou o título Sul-Americano na categoria Sub 20.
Se o técnico é interino, não se trata, portanto, do começo de um novo trabalho.
Estamos perdendo tempo.
Ah!, o Brasil só tem compromisso no segundo semestre quando começa a disputar as Eliminatórias.
Tá bom, vamos ficar esperando até quando?
Veja os gols:
https://youtube.com/watch?v=Rc1-8KOQ4Ew&si=EnSIkaIECMiOmarE
https://youtube.com/watch?v=Rc1-8KOQ4Ew&si=EnSIkaIECMiOmarE
Adeus,
Menestrel!
O apelido, Menestrel Maldito, foi dado por ninguém menos que o grande Vinicius de Moraes.
No final dos anos 1950, começamos a nos acostumar com aquele cantor de voz bem delicada, com suas músicas de letras elaboradas, rimadas, metrificadas – e bonitas.
Em 1960, o seu primeiro grande sucesso: “Presidente bossa nova”, deliciosa sátira do presidente Juscelino Kubitscheck. Quer se lembrar?
https://youtube.com/watch?v=k2m1zK114KA&si=EnSIkaIECMiOmarE
Vieram outros sucessos e encrencas com a censura.
Como bom comediante que foi, Juca Chaves fazia piada com todas as situações. A favor ou contra.
Piadas e canções.
Em 1968, quando deixei Belo Horizonte e vim para São Paulo, o Juca havia montado um circo espaço em frente à Igreja da Consolação, na região central de São Paulo.
Nome do circo: Sdruws.
E o que isso significa?
A explicação vinha do próprio autor:
– Sdruws nasceu da aglutinação das letras S de “snob”, D de “divino Dener“, R de “ralé”, U de “uanderful” nacionalizado, W de “water-closet” e S de “Sdruws mesmo”.
Pois a minha noiva, a Vera, saiu lá de Belo Horizonte para me visitar aqui na Paulicéia. Claro que veio acompanhada da mãe, a saudosa e austera dona Lígia que, como boa mãe mineira daquela época, não iria deixar sua filhinha vir se encontrar sozinha (imagina!) com o noivo.
E eu levei as duas para assistir à apresentação do Menestrel Maldito.
Foi espetacular!
E melhor ainda porque Juca Chaves tinha gravado a canção Verinha, meiga e singela homenagem a um grande amor. Até hoje a Vera ouve com emoção a canção que parece ter sido feita para ela.
Ouça:
https://youtube.com/watch?v=ekI4PJPaYaU&si=EnSIkaIECMiOmarE
Outra canção, um poema, do Juca, foi Ana Maria.
Ouça:
https://youtube.com/watch?v=OgxRw5_toI0&si=EnSIkaIECMiOmarE
Nas apresentações em estúdios de Tv, Juca estava sempre descalço e acompanhado só de seu violão.
Ana Maria foi uma das musas de Juca Chaves. A outra foi Iara, que ele chamava de Iarinha, que o acompanhou nos últimos 35 anos até à sua morte no último sábado. Juca deixou duas filhas adotadas que têm hoje 19 e 21 anos.
Já a modinha “Verinha” foi feita para homenagear a minha Musa Vera que me acompanha a quase 60 anos.
Como eu disse, Juca Chaves fazia piada de tudo. Veja esta história contada pelo empresário Jack Terpins, que era primo do Juca.
– Um dia o Juca me disse que havia feito um acordo espetacular com a Tv Globo. E me explicou: a Globo vai me dar cinco minutos no Fantástico, três minutos no Jornal Nacional e quatro minutos no Jornal Hoje, aquele da hora do almoço. Tudo com direito a chamadas.
Perguntei.
– Muito bom! E Você terá que fazer o quê?
– Só morrer.
_________________________________
Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
____________________________________________________________________________