Dois pesos e duas medidas. Por Edmilson Siqueira

[ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA ROSE –
https://blogdarose.band.uol.com.br/ – GRUPO BANDEIRANTES
– Edição de 6 de março de 2023]

As reações da Justiça e das forças democráticas do país em relação às invasões de 8 de janeiro em Brasília foram mais que justificadas. Os invasores tentavam criar um clima de caos no país para que militares mancomunados com a ação, resolvessem agir e, baseados numa falsa necessidade criada pelas invasões, decretassem um estado qualquer de emergência que propiciasse o golpe planejado.

Entre as forças democráticas que reagiram estavam todos os membros do PT. Em nome da democracia, disseram – e dizem – não podemos permitir que tentem depredar o patrimônio público, desrespeitar a Constituição para tentar tomar a força o poder. Obviamente, o PT tem razão. Democracia é inegociável. E ela se baseia na nossa Constituição, promulgada em 1988, com a qual, não podemos esquecer, o PT – com Lula deputado constituinte – não concordou e se recusou a assiná-la.

Claro que a ausência da bancada petista no livro original da Constituição de 88, não a diminui nem a aumenta. Simplesmente não faz falta, já que ela entrou em vigor assim que Ulysses Guimarães a proclamou no Congresso Nacional.

Com ou sem a assinatura dos petistas na Constituição, eles têm de respeitá-la como qualquer cidadão. E não estão respeitando. Eu diria até que o PT está participando de um golpe contra o Brasil.

Ora, se quando das invasões do Palácio do Planalto, da sede do STF e da Câmara dos Deputados, a reação do PT foi a que vimos, ela deveria ser a mesma quando movimentos de sem-terra reiniciam suas invasões totalmente ilegais em terras brasileiras, sejam elas produtivas ou não, sejam elas privadas ou públicas.

Se existe na Constituição algum artigo afirmando que toda propriedade tem que atender também a uma destinação social, há também na Carta, a definição de que toda propriedade legalmente constituída é inalienável, ou seja, não pode ser tomada de seu proprietário a não ser por motivo justificado e depois do devido processo legal.

Diante das invasões ocorridas na Bahia, onde um movimento de orientação marxista, tomou terras de uma empresa que planta eucaliptos e deles extrai papel e celulose, ou seja, uma atividade totalmente legal e produtiva, o que fez o PT?

Se alguém aí está pensando que ele protestou contra esse atentado à Constituição, que pediu providências urgentes à Justiça, que se solidarizou com os proprietários da empresa (detentora da criação de centenas ou milhares de empregos), esse alguém está muito enganado.

Pois o PT, diante da violência de um grupo que não só invadiu, armado, uma propriedade privada, mas também derrubou inúmeras árvores que não mais servirão de matéria prima para a produção da empresa, simplesmente disse que é preciso chamar as duas partes para conversar, para um “diálogo” entre os envolvidos.

Ora, o PT deveria chamar os “envolvidos” pelo nome que têm: são agressores e vítimas, onde qualquer acordo possível só pode ser a punição do agressor para a reparação da vítima, dentro do devido processo criminal instaurado.

Infelizmente, o PT trata com pesos diferentes, ações semelhantes, praticamente iguais. Se os invasores de 8 de janeiro estão sendo presos, processados e libertados sob condições, mas continuando a responder processos, o mesmo tratamento deveria ser dado a esse bando de marginais que vive pelo Brasil, comandado por uma cúpula de esquerda, a pregar uma reforma agrária para disfarçar, pois não foi à toa que o PT, em 16 anos no poder, não resolveu o problema da distribuição de terras no Brasil. O que eles querem mesmo, é acabar com o agronegócio e instituir no Brasil uma ditadura socialista.

Parece que o PT, pelo seu comportamento, comunga com essa ideia.

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