Saúde e produção literária. Por Meraldo Zisman
Existe uma ideia difundida de que a doença é uma fonte de inspiração para escritores. No entanto, para criar textos valiosos, é necessário que a saúde mental e física do escritor esteja equilibrada. É improvável que um artista em crise paranoica ou com dores atrozes consiga produzir obras de arte.
Embora muitos escritores notáveis tenham sofrido de doenças graves, não se pode afirmar que sua produção literária foi causada por essas doenças.
Por exemplo, a tuberculose foi uma doença que afetou a vida de muitos escritores, como Álvares de Azevedo, Castro Alves, Edgar Allan Poe, Franz Kafka, Anton Tchekhov, Lorde Byron, Robert Louis Stevenson e outros. Alguns desses escritores incluíram a tuberculose em suas obras, como Kafka em “A Metamorfose”. A epilepsia foi uma enfermidade que influenciou a obra de alguns dos maiores expoentes da arte da escrita. Fiodor Dostoiévski criou dois personagens epiléticos: Kirillov, de “Os Demônios” (1872), e o príncipe Michkin, personagem do livro “O Idiota’ (1869). Através deles, Dostoiévski descreveu a *aura extática*, um fenômeno visual presente em algumas formas deste distúrbio psico-neurológico.
Machado de Assis sofria de convulsões durante todo o seu período produtivo e criou obras-primas baseadas em temas médicos, como “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881), “O Alienista” (1882), “Quincas Borba” (1891) e “Memorial de Aires” (1908). Embora não seja possível afirmar que sua produção literária tenha sido diretamente inspirada por sua condição de saúde, é possível que essa experiência tenha influenciado sua visão sobre a medicina e a saúde mental.
Por outro lado, a grande maioria dos escritores gozavam de boa saúde quando produziram suas obras.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
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