Tarcísio começa a dizer a que veio. Por Edmilson Siqueira
…E, para quem conheceu o jeitão de Bolsonaro governar, esse distanciamento não é só salutar para Tarcísio. É bom para todo o povo paulista…
[ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA ROSE –
https://blogdarose.band.uol.com.br/ – GRUPO BANDEIRANTES
– Edição de 9 de fevereiro de 2023]
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) parece estar disposto a marcar sua gestão à frente do Estado de São Paulo com um estilo próprio e que não tem nada a ver com o estilo de seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Como se sabe, depois de se destacar como um ministro de Bolsonaro que se preocupava mais em tocar obras do que em participar de polêmicas tão ao gosto do então presidente, Tarcísio acabou sendo incentivado a disputar o governo de São Paulo. A aceitação foi uma surpresa. Afinal, Tarcísio jamais havia enfrentado uma eleição e iria entrar num terreno altamente perigoso para um novato. Primeiro porque o governador em exercício era mais um da dinastia do PSDB que vinha governando o estado há 28 anos e nada indicava que perderia o maior estado do país. E, segundo, o outro adversário a ser enfrentado era alguém apoiado do PT -partido com grande penetração no Estado e apoiado vivamente por Lula.
A vitória de Tarcísio na eleição talvez tenha surpreendido tanto quanto sua aceitação a concorrer. E, claro, todo mundo esperava que Bolsonaro estivesse bastante presente por aqui, até para fazer da região uma espécie de sede da oposição ao governo Lula.
Mas o que se viu foi exatamente o contrário. Tarcísio tomou posse, fez um discurso moderado, agradeceu a Bolsonaro, mas disse também que manteria diálogo civilizado com o governo federal, diálogo esse mais do que necessário, diga-se.
Além de se reunir com Lula duas vezes no primeiro mês do governo, Tarcísio anunciou projetos e ações que não combinavam com as pretensões do bolsonarismo, mas também não eram as preferidas do governo petista.
A primeira delas foi levar a Lula a intenção de privatizar a Sabesp. Como todos sabem, privatização, por melhor que seja para um país, causa urticária até num petista moderado. Pois, após a reunião, Lula não saiu esbravejando e Tarcísio tem anunciado mais ações que tocam em frente o projeto de entregar a maior empresa de saneamento básico do país nas mãos da iniciativa privada.
Outro projeto de Tarcísio, anunciado no mesmo dia em que disse que até o fim de 2024 ele pretende privatizar a Sabesp, foi a criação de um tal de “Selo Verde”. A ideia é que as empresas paguem por esse título com as contrapartidas de cumprir com o desenvolvimento sustentável e neutralizar emissões de carbono. Com esses recursos, o governo do estado pretende investir na preservação de mananciais e de florestas.
Ora, trata-se de uma ação que pode resultar em grandes benefícios ao meio ambiente, tema pelo qual o governo Bolsonaro demonstrou formidável desprezo.
Por fim, mais recentemente, Tarcísio anunciou que a rede pública estadual de saúde vai oferecer produtos derivados da canabidiol, ao sancionar projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa. Por ser um derivado da planta que produz a maconha, o ignorante conservadorismo bolsonarista condena os produtos dela derivados como se fossem a mesma coisa. E, claro, não são.
Por essas e outras, percebe-se que o governador está cada vez mais distante de seu padrinho político. E, para quem conheceu o jeitão de Bolsonaro governar, esse distanciamento não é só salutar para Tarcísio. É bom para todo o povo paulista.
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Edmilson Siqueira– é jornalista. Atualmente, na Rádio e TV Bandeirantes de Campinas. Colaborador diário do Blog da Rose
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*Artigo publicado originalmente no Blog da Rose – https://blogdarose.band.uol.com.br/
Eu não votei nele, mas tive um lampejo de esperança onde ele poderia ser uma reedição do Governador Carvalho Pinto; um cara sensato e competente que, por acaso, chegou ao cargo pela mão de um “maluco”, mas que não só surpreendeu a todos com um ótimo governo, como também não retribuiu o padrinho com apoio às maluquices dele.