veneno

Provando do próprio veneno. Por Edmilson Siqueira

…Veneno…Se essa oposição mais radical contra Lula se mantiver e até crescer, vai ser, no mínimo, curioso, assistir como Lula e o PT se comportarão, tendo que suportar diariamente frases como “Lula ladrão” e “fora Lula!”, nos discursos na Câmara e no Senado…

 [ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA ROSE - 
 https://blogdarose.band.uol.com.br/ -  GRUPO BANDEIRANTES -
 Edição de 2 de fevereiro de 2023]

Esse artigo foi escrito antes da eleição no Senado, que vai indicar quem será seu presidente pelos próximos dois anos. O favoritismo é do atual presidente, Rodrigo Pacheco* (PSD), mas Rogério Marinho (PL) cresceu nos últimos dias e muita gente considera que a eleição não está definida.

Na Câmara, onde ainda também não ocorreu a eleição, os ânimos não estão acirrados, pois Arthur Lira** (PP) conseguiu amplo apoio e será reeleito com larga maioria e sem opositores.

Mas é sobre esse novo Congresso que foi empossado hoje que pairam as maiores dúvidas quanto ao seu comportamento. É certo que o governo Lula não tem maioria suficiente para mudar a Constituição e, mesmo para projetos de lei que exigem maioria simples, a margem não é das mais tranquilas.

Então, as apostas se fazem em como será a oposição a Lula e seu governo. Terá ele a tranquilidade que teve ao comprar as duas casas legislativas em seus primeiros oito ano de poder, via, primeiro, o Mensalão e, depois, o Petrolão? Há dúvidas, porque hoje a sociedade está muito mais ligada nas atuações dos deputados e senadores e pontos fora da curva serão denunciados. Do mesmo modo, a própria oposição que se avizinha parece ser formada por conservadores mais convictos de seu papel de opositor ao governo Lula, seja por não ver a esquerda com bons olhos, seja para tentar preparar uma volta de Bolsonaro ao poder em 2026.

Arrisco a dizer que há uma maior convicção pelo fato de que, hoje, durante a posse, inúmeros deputados apareceram no plenário com pequenos cartazes nas mãos e adesivos bem visíveis em seus paletós que diziam “Lula Ladrão” e “Fora Lula!”.

A pretensão desse grupo – que não era pequeno – pode parecer absurda, já que o governo Lula completou ontem um mês e vida e já há uma espécie de movimento acusando-o de ladrão e pedindo sua saída que, por dedução óbvia, se daria através de um processo de impeachment.

Só que não é tão absurda assim e, muito menos, inédita. Desde a eleição de José Sarney, então aliado dos militares e que chegou à presidência porque o eleito, Tancredo Neves morreu antes da posse, o PT vem berrando “Fora” para todos os presidentes brasileiros, com exceção, obviamente, dos dois petistas, Lula e Dilma. Foi assim com Sarney, depois com Fernado Collor, em seguida com Itamar Franco e durante os oito anos de Fernando Henrique. Depois da pausa para Lula e Dilma, surgiu um “Fora Temer”. Curiosamente, durante o os quatro anos de Bolsonaro, o PT deixou de berrar seu teimoso brado contra presidente legitimamente eleitos pois considerava que enfrentar Bolsonaro nas eleições seria o melhor caminho para voltar ao poder. Ou seja, o grito de “fora” era sempre pelo mais puro interesse eleitoral, nunca pelo Brasil e seu povo.

Pois agora o PT e Lula começam a experimentar do mesmo veneno que espargiram sobre o país desde o longínquo, e de péssima lembrança, diga-se, governo Sarney que, não por acaso, se tornou aliado de Lula até hoje.

Se essa oposição mais radical contra Lula se mantiver e até crescer, vai ser, no mínimo, curioso, assistir como Lula e o PT se comportarão, tendo que suportar diariamente frases como “Lula ladrão” e “fora Lula!”, nos discursos na Câmara e no Senado, nas Assembleias Legislativas, nas Câmaras de Vereadores e nas ruas.

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Edmilson Siqueira é jornalista. Atualmente, na Rádio e TV Bandeirantes de Campinas. Colaborador diário do Blog da Rose

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*Artigo publicado originalmente no Blog da Rosehttps://blogdarose.band.uol.com.br/

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