Fim do penoso tabu. Blog Mário Marinho
Os tabus existem para serem quebrados. Ou pelo menos que se tente quebrá-los.
Havia seis anos que o Corinthians não vencia o São Paulo no Morumbi.
Nada parecido com os 11 anos que o Timão ficou sem vencer o Santos de Pelé ou os quase 23 anos sem títulos, que terminou na histórica noite de 13 de outubro de 1977. Com esse time: Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Romeu e Geraldão.
Na época não havia memes, mas os corintianos amargaram gozações.
Até mesmo de jogadores santistas. No vestiário do Santos havia uma lousa que servia para avisos. Na véspera de jogo contra o Corinthians, algum espirituoso escrevia lá: “Amanhã é dia de bicho garantido.”
Esse tabu de quase 11 anos terminou no dia 6 de março de 1968. Foi o primeiro Corinthians x Santos que assisti, ao vivo no estádio, eu que era recém-chegado de Belo Horizonte.
O tabu dos quase 23 anos também inspirou muita gozação.
Uma delas, foi o “Faz Me rir”.
Esse era o título de uma música de muito sucesso da cantora Edith Veiga, que cantava em seu letra: “Faz me rir o que andas dizendo…”
Era a resposta dos anticorintianos aos reforços contratados pela diretoria prometendo um Timão. Realmente o time era fraquinho e o apelido caiu na boca do povo.
Ontem, 29, no Morumbi, o Corinthians mostrou muita competência para abrir logo os 2 a 0 e se ficar na frente ao logo de todo o resto do jogo, resistindo bravamente ao assédio do São Paulo.
No segundo tempo, o técnico Rogério Ceni atendeu a torcida, fez modificações no time e colocou o valente Luciano em Campo.
Tanto pressionou o São Paulo que conseguiu o seu gol, através de Luciano. Restavam ainda 15 minutos para acabar o jogo e o técnico corintiano, Fernando Lázaro, aproveitou para fechar a casinha com a entrada do também valente Paulinho que estava há 9 meses sem jogar.
Deu certo.
O resultado foi mantido e o tabu foi para o espaço.
Além disso, o Coringão se firmou na liderança de seu grupo.
O Tricolor, mesmo com a derrota, manteve-se também na liderança de seu grupo.
O que aponta para a classificação dos dois neste Paulistão.
O mesmo não se pode dizer do Santos que é o lanterna de seu grupo. Em 5 jogos, venceu apenas 1, perdeu 3 e empatou outro.
Seu próximo adversário… xiii, é o Palmeiras.
Verdão no
seu começo mais Verde
O palmeirense está com tudo e está prosa com toda razão.
Com espaço de menos de uma semana, conquistou dois títulos muito importantes.
Não só pelos títulos em si, mas, também pela forma garbosa com que conquistou.
O primeiro deles foi no meio da semana passada, infelizmente, em cima do América mineiro, o meu América, na tradicional Copa São Paulo de futebol júnior, a Copinha.
Foi um jogo de encher os olhos.
Os meninos se entregaram a fundo, num jogo o tempo todo igual e em busca do gol adversário.
Nada de briga entre eles, nada de reclamações contra o juiz, nada de jogador cair e sair rolando como se estivesse ladeira a baixo.
Tudo limpo. Futebol criativo.
Até os 48 minutos do segundo tempo, jogo empatado, 1 a 1.
Foi aí que numa cobrança de escanteio o atacante Patrick, de cabeça, deu a vitória ao Palmeiras.
Enquanto os garotos do Palmeiras despejavam lágrimas de alegria, a triste molecada do meu América chorava lágrimas de tristeza.
Parabéns aos dois times.
A outra conquista foi no sábado, num jogo de 45 minutos épicos.
O estádio Mané Garrincha, em Brasília, recebeu cerca de 60 mil torcedores bem divididos entre palmeirenses e flamenguistas.
O Flamengo saiu na frente com Gabigol deixando sua marca numa cobrança de pênalti.
Eu falei, acima, em 45 minutos épicos, porque os jogadores gastaram a maior parte do jogo no primeiro tempo em se provocar, simular contusões, tentando confundir o juiz.
No segundo tempo, aí, sim, resolveram jogar futebol.
Como se trata de dois times de excelente nível, o espetáculo foi grandioso.
O Palmeiras conseguiu virar o jogo, 2 a 1.
O raçudo Mengão foi à frente e empatou, 2 a 2.
Mas o time dirigido pelo competente e encrenqueiro Abel Ferreira passou à frente: 3 a 2.
Mais uma vez, o Flamengo foi à luta e empatou com um belíssimo gol de calcanhar de Pedro: 3 a 3.
Mas o Palmeiras não estava para brincadeira e impôs sua condição de vencedor e marcou mais uma e definitiva vez: 4 a 3.
Um jogo para encher os olhos de quem gosta de futebol.
Estava terminando este Blog quanto o telefone tocou.
Atendo e do outro lado o sorridente Francisco Busico, ex-Diretor Financeiro do Palmeiras e atual presidente da AAFC (Associação dos Aposentados da Fundação Cesp) me pergunta:
– Mário, você viu a taça que nós ganhamos ontem?
– Ontem? Não.
– Dos meninos.
– Dos meninos foi na quarta-feira, a Copinha.
– Não, o título de ontem: campeão paulista sub-10.
Onde isso vai parar?
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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