SP, 469 anos. Nada a ser comemorado. Por Flavio F. de Figueiredo
Os 469 anos de uma cidade degradada e que desvaloriza seus espaços trazendo prejuízos econômicos a todos seus moradores
Nesta semana São Paulo completa 469 anos. Infelizmente, nada temos a comemorar. Ao contrário. A cidade está abandonada, como nunca esteve.
O abandono é flagrante. Espaço público – calçadas, praças e vias – irregularmente ocupado por barracas permanentes há vários meses, impedindo o usufruto pela população e a livre circulação.
Buracos em via públicas, sem distinção entre importantes e secundárias.
Lixo que se acumula por dias ou semanas, em locais que certamente são abrangidos por contratos de varrição e coleta.
Semáforos que permanecem inoperantes por muitos dias após chuvas.
Placas de sinalização danificadas, sujas ou desaparecidas.
Sistema de captação de águas pluviais com entupimentos que propiciam a permanência de poças até que a água evapore.
Áreas de risco ocupadas sem qualquer restrição, apenas aguardando que as chuvas causem desabamentos, deslizamentos e mortes.
Baixos de viadutos sendo utilizados irregularmente, com grande potencial para acidentes com consequências imprevisíveis.
Muitos edifícios, especialmente os invadidos, sendo habitados de forma absolutamente precária, com riscos para seus moradores e para aqueles que vivem nos prédios vizinhos.
A lista é longa e estes são apenas alguns exemplos. O rol completo é muito maior.
Em resumo: falta zeladoria urbana.
É natural que o prefeito, que é o responsável pela zeladoria da cidade, não possa estar em todos os locais ao mesmo tempo. Também seria impossível conhecer toda a cidade. Para isso é que existem as subprefeituras e respectivas equipes. Mas ninguém faz nada.
Sem fazer nada, a tendência é só uma: piorar.
Cabe até um parêntese: enquanto quase toda a população voltou a trabalhar presencialmente, muitos funcionários da Prefeitura continuam em trabalho remoto, visivelmente não produtivo neste caso.
Isto não é favor nenhum que o prefeito e sua equipe deveriam fazer para a cidade e para os munícipes. É sua OBRIGAÇÃO LEGAL zelar pelo patrimônio público e é inaceitável, por exemplo, que parcela importante desse patrimônio permaneça abandonada, ou utilizada de forma privativa por quem quer que seja.
Por quantos anos mais a cidade aguentará tão severo descaso? O prejuízo econômico acarretado por essa situação geral atinge a todos os seus moradores, afugenta investidores, desvaloriza seu chão.
São Paulo não merece. A gente bem queria poder comemorar, e não ter de lamentar tanta degradação.
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FLÁVIO F. DE FIGUEIREDO – Engenheiro Civil, Consultor. Autor e coordenador de vários livros sobre vistorias e perícias, nas quais é especialista. O mais recente, “Perícias em engenharia – uma visão contemporânea”. Conselheiro do IBAPE/SP – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo. Diretor da Figueiredo & Associados Consultoria.
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