Resenha – 1. Por José Horta Manzano
Novo logo
Tenho uma certa birra com essa alteração da dita “Marca Brasil” que presidentes se acostumaram a fazer no início do mandato. Nossa Constituição elenca os símbolos do país. Logotipo e logomarca não estão entre eles. Não conheço o sistema em vigor em cada um dos países do mundo, mas, daqueles que conheço, nenhum criou esse costume bizarro.
Mas vamos ser condescendentes: ainda que não esteja estipulado pela Carta Magna, proibido não é. O que atrapalha é que cada novo presidente imponha sua marca e jogue fora a anterior. Fica claro que a intenção é mostrar os feitos de seu governo e não de outros. Não me parece boa coisa.
Além disso, o logo do governo atual me parece infantiloide, colorido demais. Me faz lembrar quando apareceram as primeiras impressoras em cor. Para experimentar a deliciosa novidade, muita gente escreveu cartinhas de amor em que cada letra tinha uma cor.
Esse logo aquareloso de Lula 3 parece ser resposta ao desafio lançado pelos ultrabolsonaristas:
“– Nossa bandeira nunca será vermelha!”
“– É, mas nosso logo será multicolor! E vê se não amola, mané!”
Bolsa de apostas
Não sei se já está circulando algum bolão de apostas sobre o tempo que Bolsonaro permanecerá em autoexílio no exterior. Há quem diga que, para o fim do mês ou, no máximo, em fevereiro estará de volta. Não é o que eu acho. Vamos raciocinar.
Por que é que ele fugiu para o estrangeiro pouco antes do fim do mandato? Para permitir que o Lula ficasse sozinho e à vontade debaixo dos holofotes? Claro que não. Fugiu porque tinha medo de ser preso à zero hora do dia 1° de janeiro.
Aceita essa premissa, a conclusão é que o capitão não voltará enquanto o risco de prisão existir. Não lhe parece coerente?
Com seu comportamento cavalar, Bolsonaro arrebanhou uma penca de inimigos nestes últimos quatro anos. Entre eles, os ministros do STF, com principal ênfase em Alexandre de Morais. Não se imagina que esses magistrados venham a dar moleza para quem os insultou dia sim, outro também.
Portanto, o risco de cadeia é elevado e assim vai continuar por muito tempo. Bolsonaro não volta tão cedo.
O 6 de janeiro
Faz hoje 2 anos que violentos apoiadores de Donald Trump – incitados pelo próprio – decidiram tomar de assalto o Congresso dos EUA. Pensando bem, a ideia de que um bando de pessoas, em sua maioria armadas de telefones celulares, fossem capazes de derrubar o governo americano só podia caber na cachola de terraplanistas alienados.
Nosso 6 de janeiro tupiniquim foi bem mais melancólico. A turba de apoiadores extremistas do presidente perdeu o embalo ao constatar que o chefe tinha abandonado a arena para refugiar-se no exterior. Desistiram de invadir imóveis e queimar veículos. Jururus e murchinhos, baixaram as orelhas e tomaram chá de sumiço. De lembrança, deixaram a sujeira na porta do quartel.
Reunião ministerial
Bem fez Lula quando, em sua primeira reunião ministerial, advertiu os 37 ministros que “quem fizer algo errado será convidado a deixar o governo”. O caminho é esse. A nação espera que não tenham sido palavras ao vento, lançadas só pra enfeitar a ata do encontro.
Que a advertência seja efetiva e impeça que ministros escorreguem para a prática de “malfeitos”. Se essa prática tivesse estado em vigor desde o início de Lula 1, não teriam existido nem mensalão nem petrolão.
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
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