plano - ano novo

Feliz ano novo? Por Edmilson Siqueira

… Quem viveu os oitos anos do primeiro e segundo governos Lula e, depois, os quase seis anos dos governos Dilma, não pode estar muito entusiasmado com o que pode vir por aí…  

Governo Lula: Veja os 16 ministros anunciados pelo presidente eleito nesta quinta (22) – Money Times

Apesar do otimismo mais ou menos geral na imprensa com o futuro governo, tenho visto com certa apreensão os rumos que o Brasil pode tomar depois que essa turma que está sendo escolhida por Lula e pelo PT começar a botar as manguinhas de fora, assinando portarias, anulando decisões anteriores, nomeando novos servidores, criando cargos e, principalmente, assinando licitações.

Quem viveu os oitos anos do primeiro e segundo governos Lula e, depois, os quase seis anos dos governos Dilma, não pode estar muito entusiasmado com o que pode vir por aí.

O núcleo duro da economia, que poderia ser o grande diferencial do terceiro mandato de Lula, já está fechado com petistas tradicionais e não se fala mais naquela turma do Plano Real, ou, quando se fala, é pra criticar naquele velho esquema petista, dizendo que tudo era para favorecer bancos ou as elites. E, para completar, André de Lara Resende, um dos articuladores do Plano Collor, de péssima e triste lembrança, e que saiu do governo de FHC acusado de corrupção, começa a ganhar espaço na imprensa “amiga” e, embora tenha dito que não vai fazer parte do governo, dizem estar de olho no Banco Central, que terá uma vaga de diretor muito em breve. Ele escreveu um artigo dizendo que o mundo mais desenvolvido está combatendo a inflação de forma errada, aumentando juros e beneficiando só os bancos. Ou seja, só ele e os países pobres, subdesenvolvidos e corruptos estão certos.

…Enfim, em janeiro, quando as canetas do novo governo começarem a gastar tinta, teremos uma noção mais realista do que vem por aí. Deles vai depender que 2023 traga novas e boas esperanças…

Fernando Haddad vai comandar a Fazenda, em parceria com Aloizio Mercadante no BNDES, enquanto Rui Falcão fica com o filé das PPIs, retiradas de Simone Tebet que vai fazer o papel de rainha da Inglaterra num ministério do Planejamento completamente esvaziado, provando que alianças ou apoios com o PT sempre terminam do mesmo modo, com o PT por cima pisando em quem o apoiou.

Outro problema sério é na área trabalhista. O futuro ministro, Luiz Marinho, sempre foi sindicalista, chegando a presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em sua fase áurea, quando ela pagava campanhas e mais campanhas políticas de petistas pelo Brasil afora e recebia bilhões de reais do malfadado imposto sindical.

Pois a primeira reunião que Marinho fez, depois da confirmação do seu nome para o ministério, foi justamente com os presidentes das atuais centrais sindicais, a velha CUT e as outras. E todos saíram felizes da reunião, falando em fortalecimento dos sindicatos, volta dos acordos coletivos e a busca de uma nova forma de financiamento das atividades sindicais.

Só essas três ações, se confirmadas, provocarão profundo estrago nas relações trabalhistas, que, diga-se, ganharam um sopro de modernidade no governo Temer.

Fortalecer sindicatos significa dar poder a eles para fazer greves (políticas ou não), organizar protestos contra governantes que se oponham ao governo Lula e entrar na Justiça sem medo de perder, como acontecia antes.

A volta dos acordos coletivos retira da relação patrão/empregado a possibilidade de entendimento sobre muitas coisas que podem favorecer a ambos, como trabalho temporário, folgas etc.

E nova forma de financiamento significa que sindicatos não terão que ter uma base ampla de associados pagando mensalidades para sobreviver. Vão receber dinheiro público como qualquer estatal, só que não precisarão nem prestar contas, como acontecia com os bilhões do imposto sindical, numa aberração jurídica que só um governo descompromissado com a lisura e o uso do dinheiro público pode promover.

Enfim, em janeiro, quando as canetas do novo governo começarem a gastar tinta, teremos uma noção mais realista do que vem por aí. Deles vai depender que 2023 traga novas e boas esperanças.

Até lá, ficam aqui apenas os meus votos de um feliz ano novo.

________________________

Edmilson Siqueira é  jornalista há mais de 40 anos. Já passou por jornais, revistas emissoras de rádios e TV. Foi responsável pela coluna Xeque Mate do Correio Popular por 8 anos. Apesar de atuar em outras áreas do Jornalismo, a maior parte de sua carreira foi dedicada à política. Atualmente, na Rádio e TV Bandeirantes de Campinas. Colaborador semanal do Blog da Rose.

________________________________________________

1 thought on “Feliz ano novo? Por Edmilson Siqueira

  1. Caro Edmilson,
    A falta de renovação na política, com os mesmos personagens entra eleição e eleição, leva ao que hoje vivemos.
    Pouca esperança existe, pois, filhos substituem pais, netos avós e, na falta desses esposos, amantes, concubinas ou amigos marionetes.
    A muito vemos as mesmas caras, os mesmos nomes, os mesmos feudos.
    Foram-se as capitanias hereditárias, mas os donos de estados, regiões se mantém, as vezes derrubados por outros clãs, mas o domínio é sempre de um grupo, longe de pensar no país, apenas pensando em deter o poder e, com ele verbas do suado dinheiro alheio.
    Assim seguimos, as vezes enganados por algum salvador que vende a imagem de renovação, rompimento do sistema e mentiras que tais.
    Aboletado na cadeira e detendo a arma mais perigosa que existe – a caneta – cuida dos seus, deixando promessas esquecidas, só voltando a lembra-las no próximo pleito.
    Enfim, vamos em frente sabendo que nada mudará, a não ser o tipo de escândalo e roubo que seremos vítimas novamente.
    É nosso destino ser eterno país do futuro!
    Feliz Ano Novo, também!
    Inté!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter