Ansiedade e casamento. Por Meraldo Zisman
O casal humano na atualidade luta pela ideia de ter o próprio espaço, vida autônoma, ser independente. Será que hoje, a despeito de toda essa modernidade, não estamos levando mais tempo para amadurecer e sofrer mais ansiedades?
Não poucas vezes o casamento tem como primeira etapa o morar juntos. O morar juntos seria um ensaio que jamais corresponde à realidade de uma apresentação, pois sem plateia não pode haver teatro. Fico pensando nas coitadas das pessoas que procuram empregar o racionalismo em matéria de amor. Esquecem que, no intuito de formar um par, a técnica do morar juntos é falha por diversas razões, principalmente por fatores inconscientes, e apaixonar-se não é e nem pode ser aferido por nenhum pré-teste, por maior que sejam os avanços cibernéticos. Aqui entendido como uma tentativa de compreender a comunicação e o controle de máquinas e não de seres humanos e suas emoções.
Em princípio (em morando juntos) abdica-se de fato, do conceito de não se perder nada e então essa situação não passa de mais um engodo de modismos ou modernidades. Não poucas vezes (morar juntos), não passa de um adiamento de algo atemorizante, de formar um par e assumir uma nova identidade.
Casar não se trata exclusivamente de uma mudança de situação social e sim um compromisso definitivo. Mesmo quando nos separamos passamos a ser descasados, divorciados e jamais à posição social de ex solteiro(a) ou coisa que o valha.
O casal humano contemporâneo está num dilema de temores, levando a nova forma de ansiedade. Seja do homem que não deseja ter mulher economicamente dependente ou independentemente dele, e mulher, ambivalente por não ser dependente do homem, ter sua carreira profissional, ter filhos ou não o ter. A ambiguidade não mora ao lado, mais, sim, dentro de cada casal.
Eu sei que casar fica, cada vez, mais assustador. O medo de amar aumentou. Independente de sabermos ser o medo a mais baixa das paixões.
Mas insisto: quem tem medo de amar tem medo é da vida. A vida como o amor está sempre escondida no cotidiano existencial. A única coisa que devemos temer é ter medo do medo. Um dos males do medo é fazer as coisas não parecerem o que são na realidade. Com ou sem medo, temer o amor é como renunciar a viver. O amor quando acontece não pede nem licença ao medo. Ele acontece, sucede e na maioria das vezes acerta. E quando não acerta deixa-nos mais aperfeiçoados.
Digo com toda a certeza: se não existem parâmetros para a duração do teste do morar junto, não há um esforço dos protagonistas para que a relação dê certo.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
Acaba de relançar “Nordeste Pigmeu”. Pela Amazon: paradoxum.org/nordestepigmeu
Sem dúvidas que o casal atualmente não se sustenta pelo amor.. pois praticamente este foi sufocado pelos modismos provocados pelo sistema sócio economico… Só não foge mesmo dos aspectos instintivos.. esses são bem complexos pois envolve genética e histórico familiar. Enfim o dilema vai perdurar .. por Nil Santos.. grande abraço Dr Meraldo
Sem dúvidas que o casal atualmente não se sustenta pelo amor.. pois praticamente este foi sufocado pelos modismos provocados pelo sistema sócio economico… Só não foge mesmo dos aspectos instintivos.. esses são bem complexos pois envolve genética e histórico familiar. Enfim o dilema vai perdurar .. por Nil Santos.. grande abraço Dr Meraldo