Carlos Brickmann - Carlinhos

Carlos Brickmann - Carlinhos

Carlinhos

Carlos Brickmann - Carlinhos

Marli Gonçalves

Para mim vai ser sempre assim. Carlinhos. Muitos o chamavam só assim; outros desavisados bem que não entendiam como é que aquele gigante gentil podia ter seu nome conhecido no diminutivo. Mas nós que com ele convivemos bem, sabemos. Era um crianção, sempre com a aguçada inteligência acima da média unida a um humor mordaz, precisão e memória implacável. Senta que lá vem história!

Carlos Brickmann nos deixou. Me deixou. Amigo há 45 anos, e com quem trabalho há 30 anos, vocês conseguem imaginar como estou me sentindo? De antemão, aviso: este texto será todo em primeira pessoa. Sou eu que estou falando dele, da dor de sua perda, de um tudo que significou para mim e para a história da imprensa nacional. Afinal, convenhamos: 30 anos dos quais 27 em convivência diária não é para qualquer um. Tocávamos de ouvido, como se fala em orquestras; à distância; perto, por um olhar, uma sacudida de cabeça, uma “dormida” em pé rápida que dava quando fechava por instantes os olhos matreiros, eu podia com toda a certeza acertar o que estava pensando. Era difícil um dia em que eu não aprendesse algo, daquelas coisas que só ele sabia, lembrava, ou mesmo tinha acompanhado ou estado lá nos seus 59 anos de profissão, vejam só que beleza!

Não era bom fisionomista, mas era capaz de lembrar em detalhes cada frase sussurrada ao seu ouvido tenha sido por Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Jânio, Montoro,  Quércia, Paulo Maluf, Kassab, uns ou qualquer outro político com o qual tenha estado. Todos o respeitavam e admiravam muito suas observações – um ás da comunicação e marketing político de campanhas. Fato é que – daquelas formas idiotas dos burros pensarem, se é que pensam – pregaram nele um adjetivo, “malufista”. Ah, mas não era mesmo! Era apenas um vitorioso, para vocês verem que naquela época ele conseguiu melhorar até a imagem do Paulo Maluf, e isso não é pouco. Carlinhos era um profissional como muitos poucos, destes que a gente anda procurando sem encontrar, como agulha no palheiro. Dava de ombros ao ouvir isso, ser chamado, xingado, de malufista. Mas eu digo que por conta dessa pecha perdeu amigos (se bem que amigos não deviam ser) e clientes. Uns não o contratavam porque seria malufista; outros, os mais malufistas, digamos assim, não o contratavam porque seria amigo do “chefe”, não queriam desagradá-lo.

Bobagem. Entre as amizades, a gama do arco do pensamento democrático, políticos de quem espero lhe rendam devidas homenagens. José Dirceu, Genoíno, outros muitos do PT e partidos de esquerda; Haroldo Lima, que perdemos com covid, do PC do B, o adorava, impressionado sempre com a firmeza de suas críticas. Lula, não, que ele nunca foi muito chegado. Implicava mesmo – e aí tínhamos um divertido embate, porque nunca descobri exatamente por causa do quê – era com a Luiza Erundina, com quem eu tenho forte amizade e calorosa consideração (sou Marlizinha para ela, desde que fui a primeira jornalista a entrevistá-la quando eleita vereadora, seu primeiro cargo público, há 40 anos atrás).

Carlinhos enfrentou generais na ditadura, despistou policiais e protegeu perseguidos políticos, buscou justiça pelo primo Chael, assassinado torturado. Gostava demais de lembrar que da montanha de processos que enfrentou com as verdades de suas colunas nos principais jornais, nunca foi o PT a lhe processar. Já o PSDB… E vou dizer mais: político esperto não gostaria de estar no alvo dele, que o diga um certo secretário de segurança de grande queixo com quem duelou por meses. Carlinhos adorava o chamar de gordo, queixudo, e o que mais lembrasse, acreditem. Um dia os vi se esbarrarem pessoalmente em Brasília no saguão de um hotel. O queixudo ameaçador ficou quietinho, baixou o olhar, leãozinho amansado, rabo entre as pernas.

Nosso Carlinhos sempre disse que, como gordo e feio que era, podia falar isso quanto quisesse de outro gordo e feio. Eita humor refinado, ardido! Sabiam que Carlinhos trabalhou com o Faustão, logo ali no começo dele na tevê? Escrevia para o programa.

Gostava de contar uma piada, construir uma frase, definir alguém por algum detalhe que acabava virando até código entre nós – olha, que politicamente correto ele não era mesmo. Piadas de judeu, de gordo, de velho, com sexo ou não, uma coleção. Histórias divertidas de jornalistas e suas trapalhadas, inclusive as amorosas, uma atrás da outra. Sua passagem foi marcante em todas as grandes redações: Folha de S. Paulo, onde pela primeira vez chegou com 19 anos, Jornal do Brasil, Estadão, Jornal da Tarde (foi um dos fundadores),  Revista Visão, Folha da Tarde(Toninho Malvadeza!), Folha de S. Paulo novamente (foram três vezes por lá). Em 92 fundou a Brickmann, hoje Brickmann & Associados, B&A Ideias, para a qual colaborei desde 1993 até ir para lá em 1996 e ficar até hoje.  Juntos, também criamos em 2015 o site Chumbo Gordo, que farei de um tudo para honrar, continuar reunindo o melhor do pensamento, os amigos, aberto à democracia.

Quantos trabalhos maravilhosos fizemos juntos! Como gostávamos de uma encrenca boa, gerenciar grandes crises, acompanhar uma CPI, defender nossos clientes com provas diante da opinião pública. Trabalho esse hoje cada vez mais escasso porque depende de quem tenha reputação a zelar, alguma explicação a dar para se defender.

E nunca parou de escrever suas colunas fantásticas, duas vezes por semana, para o nosso Diário do Grande ABC e repicado em nosso site e em jornais de sites de todo o país. Foi durante muito tempo também um crítico da imprensa em coluna especial no Observatório da Imprensa, de Alberto Dines. Parecia prever a caminhada da imprensa e da profissão para o buraco em que está hoje, repleta de desinteligentes, jovens talentos de um talvez futuro, pouca afeição aos mais velhos. Mas a sua história está e ficará para sempre registrada em todas essas páginas, muitas das primeiras páginas, capas, em grandes reportagens, nas colunas que acompanharam o tempo e as mudanças em círculo de nossa nação. Textos perfeitos, duros, irônicos. Muito trabalho, sem esquecer as participações em tevês, debates, e o amor ao rádio (há anos participava religiosamente do programa Showtime, com João Alckmin, de São José dos Campos). Nunca deixou um amigo na mão, sem cobrar um centavo. Era só pedir. Entrevistas para teses, livros de amigos, sinopses de filmes sobre o Brasil.

Autodidata, culto, leitor voraz. Posso garantir ainda o quanto nos últimos tempos odiou profundamente tudo o que Bolsonaro e sua gente aprontou nesse governo que ele, pessoalmente, considerava de inclinação nazista, para vocês verem o que observava das tramoias que enfrentamos. O descaso com a Saúde, a Economia na mão do poste Ipiranga, o desmonte das áreas de Cultura e social, o descaso com a verdade, o violento incentivo ao armamento. Carlinhos era da paz.

Mas preciso voltar mais a falar do Carlinhos mench, em ídiche, gente, “alguém para admirar e imitar, alguém de caráter nobre. A chave para ser ‘um verdadeiro Mensch’ é nada menos que caráter, retidão, dignidade, um senso do que é certo, responsável, decoroso”, ensina o Wikipedia. Nossos escritórios sempre em casas de vilas prazerosas onde desde sempre criámos gatos e gatas, que inclusive chegaram na porta e ali passaram a morar. Morphy, Mel, Princesa… Na sua casa, o amado Vampeta, o negro de olhos amarelos, irmão da minha Vesgulha Love. Sempre tivemos bichos irmãos. Minha husky Morgana era irmã do Lobo. Carlinhos deixa órfãos, além dos filhos Rafael e Esther, os gatos, a branquinha Jade, que deu à esposa Berta, o Léo, o Chumbinho, a Laila. De um ano para cá a perda de Vampeta e da Mel o deixaram especialmente deprimido.

Não posso deixar de registrar que Carlinhos era corintiano roxo. Que Seleção, que nada! Futebol era Corinthians, sem mais conversas. Adorava mangar dos “porcos”, palmeirenses, e dos são-paulinos, salto alto, etc, etc… Times cariocas, ignorados, todos. Daí, claro, o corintiano gato Vampeta.

Telefone. Difícil encontrar alguém que gostasse mais do que ele de falar ao telefone, claro que se não fosse no horário do jogo do Timão – e a gente ao ouvir tocar e assim que ouvia sua voz já se preparava para no mínimo uma hora de variada e divertida conversa Vai ter um monte de amigos lembrando disso também. No telefone, enquanto falava, jogava paciência no computador, o único jogo a que se dedicou, se distraía assim, pensando no tema da coluna, quando dava uma parada. Computador que, aliás, que foi ele quem me apresentou à esta tecnologia e ensinou a usar pela primeira vez, aqueles ainda do sistema DOS, de letras verdes.

Tristeza é não escutar mais a sua voz cheia de planos mesmo lá no hospital, logo que deu a primeira melhorada. “Marlizoca…” Na recaída não ouvi mais esse chamado; não ouvirei. Como pode uma perda desse tamanho? Alguém com tantas dimensões na vida de tantas pessoas?

Ah, se for para escrever sobre ele! Muita coisa divertida também. Os mais próximos bem sabem as duas coisas que odiava, o-di-ava. Bacalhau. Palmito (achava que era crime de lesa humanidade). Em compensação, amava abacaxi. Mas que não viessem com nenhuma rodelinha branquela, desmilinguida, que ele fechava o tempo, senhores e senhoras. Até com o garçom, nas poucas vezes que o vi muito bravo. Tinha de ser amarelinho, lindo, daqueles que só se encontra lá pelos lados de Brodowski, perto da sua amada Franca, outra de suas grandes honras. Dividia São Paulo em Capital e “Grande Franca” no seu mapa particular. Ai de quem não reconhecesse isso, e os doces de lá – chegou a escrever colunas para o Jornal de Franca apenas em troca que lhe mandassem os doces e que quando não chegavam, reclamava o pagamento.

Vou parar agora, que está difícil demais conter as lágrimas. Quem agora vai me chamar de Marlizoca? Marli “Gançalves”? Definida por ele, sempre, como o cinto mais largo da imprensa brasileira por conta do meu hábito de usar atrevidas mini saias nos tempos do Jornal da Tarde, nos anos 80, onde infelizmente não cheguei a trabalhar com ele, nessa época já na Folha.

Galanteador, ah, jogava charme mesmo para cima das moças, mas isso vou manter entre nós as que assisti. Mulher feia? Não existia. “Não só não existe, como até já paguei por algumas”, brincava, maroto. Quantas confidências. Quantas coisas ele também sabia da minha vidinha, sempre apoiando minhas escapadas para encontros fortuitos em algumas tardes.

Chega. Tem uma coisa nessas lembranças e brincadeiras todas que agora vira terrível realidade. Qualquer coisa que ele tinha, tipo sei lá uma dor aqui ou ali, fazia um drama teatral e falava para eu já chamar a Chevra Kadisha, desde 1923 a instituição responsável pela administração e sepultamentos dos cemitérios israelitas do Estado de São Paulo e que oferece serviço funerário religioso para a comunidade judaica.

Sabem? – nesse momento em que escrevo, por incrível que pareça e nem sei como estou conseguindo, o coração de Carlinhos ainda bate, fraquinho, lá no hospital, nos seus últimos momentos de vida, anunciado no fim e desenganado pelos médicos aguardando o apagar de seu corpo na frieza de uma UTI. Será uma questão de horas. Amargas e incontáveis horas, depois de semanas de sofrimento e perdas no leito do hospital. E a Chevra Kadisha, então, será chamada.

Perdemos Carlinhos Brickmann. Eu perdi. O CB. Um irmão. Um amigo fiel. Com ele, se vai mais um pedação, quase uma vida, e de minha própria história.

SP, 17 de dezembro de 2022

p.s.: Acabo de saber que você se foi, às 17h30, enquanto eu escrevia totalmente ligada em você

 

 

Carlos Brickmann – Carlinhos

 

27 thoughts on “Carlinhos

  1. Ele era filho do dr. Abraão Brickman? Marly não sabia da sua história com Carlinhos. Muito legal, teve uma época que lia sempre seus artigos no Correio Popular de Campinas.

  2. Na Praça Nossa Senhora da Conceição, no centro de Franca, havia um casarão verde onde se vendia móveis. Pertencia à família Brickmann, onde vivia Abrao Brickmann, mais tarde um extraordinário médico com o dom do diagnóstico, amigo raiz de meu tio avô Abrao Cury, a quem devo o privilégio de ter sido cuidado pelo Dr Abrao. Um dia contei o caso ao Carlinhos e desde então amigos. Saudades.

  3. Carlinhos me abriu portas imensas na Folha da Tarde. Eu era fotógrafa da agência Folhas, havia uma disputa gigantesca por espaço na Folha de S Paulo. Foi Carlinhos quem publicou as minhas melhores fotos na Folha da Tarde, seu olhar era muito apurado!

  4. Perdemos um expoente do jornalismo, sem tendências ou preferências, que escrevia com uma ironia perfeita; e sempre se destacando em relação a mídia de hoje. Vai deixar um hiato grande sua coluna. Sinceros pêsames a família e aos amigos, pois perdemos um grande brasileiro.

  5. Marli, que belo retrato do Carlinhos, verdadeiro mensch. Lembro vividamente da generosidade e da simpatia com que me recebeu na revista Visão, no início dos anos 1980. Como fazia bem conversar com ele!

  6. Li ontem à noite, compartilhei com o coração partido. E li agora pra vez, com mais calma, embora triste. Você perdeu um irmão/ amigo. Eu, um querido amigo e mestre. Sempre atencioso e feliz quando nos falávamos. Me ajudou a secar as lágrimas quando minha gata Phoebe partiu, depois de 16 anos me fazendo companhia. Ela se foi no dia 17 de abril deste ano. Odeio esse número.
    Um grande abraço, querida.

  7. Cara Marli
    Em algum momento da vida temos que lidar com perdas.
    Sabemos disso, mas fingimos ignorar, pois o simples pensar em tal possibilidade, nos entristece.
    Não conheci pessoalmente Carlos Brickmann, mas lendo sua coluna me sentia representado, pois o jeito todo dele de escrever – com certa ironia – o tornava único e próximo.
    Pena tê-lo perdido, em um momento em que teria tanto a informar, opinar e nos fazer ver a notícia e fatos de maneira leve.
    Que repouse em paz, sabendo que que sua passagem foi produtiva.
    Perde-se alguém, fica a memória para quem com ele conviveu ou teve o prazer de ler seus textos.
    Nada mais se pode dizer ou escrever, apenas sentir a perda.

    Inté!

  8. Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis. (Bertolt Brecht)

  9. Marli, amiga querida, que palavras maravilhosas sobre Carlos Brickmann. Sempre acompanhei suas matérias, desde a Folha, mas principalmente no Jornal da Tarde. Ele deve estar envaidecido pelo relato tão generoso e verdadeiro de uma irmã; você. Sua sensibilidade nos comoveu. Viva à nova sequência de vida dele. E a certeza de um dia, quem sabe, poder encontrá-lo no andar de cima. Beijos

  10. E calhou de ser exatamente no dia em que começou aqui – bem tardiamente, aliás – nossa longa « saison d’enneigement », que deverá durar mais umas 15 semanas. Por isso, foi naturalmente um dia triste, cinzento, daquele tipo que convida à reflexão, à memória e a nada mais. Confesso que sempre me sinto menor quando recebo notícia da morte de alguém – mesmo que, como neste caso – de alguém que só muito indiretamente conheci. Confesso também que, sempre que leio uma história que contenha algum pet e os afetos que vêm junto, sinto-me enternecido. Hoje, mais ainda. Há duas semanas, um de meus pequeninos pomerânias, vítima de um ataque cardíaco, morreu gritando de dor em meus braços. Foi dos dias mais devastadores que conheci, senão o mais triste de todos. Não me senti apenas menor : senti-me completamente vulnerável e destruído. Sobretudo, inútil. Ninguém conseguiu me consolar, nem minha mulher ou milha filha – que, de fato, encontravam-se tão arrasadas quanto eu. Com meu cãozinho ainda quente no colo, chorei como nunca fizera antes, na companhia dos outros cãezinhos, que, respeitosamente quietinhos, visivelmente entristecidos, mostraram-me mais uma vez o quanto é ingênuo, como referência a essa qualidade que supomos nossa, o incrivelmente antropocêntrico nome de « humanidade ».
    Posso imaginar o quanto deve ser difícil para a Marli, para os familiares de C. Brickmann, para seus pets saudosos, estes dias de luto em que a gente sempre se sente menor. Desejo ânimo a todos, mesmo sabendo que vai demorar para chegar. E a você, Marli, em particular, desejo especialmente a energia para levar adiante o trabalho : Chumbo Gordo tem mesmo de continuar !

  11. Querida Marli, que homenagem linda e tocante! Postei lá no Twitter. Soube apenas há pouco… Que triste. Uma perda enorme. Meus profundos sentimentos. Fique bem, querida amiga. Força para você e a família. E que o nosso Carlinhos descanse em paz. ❤️

  12. Seríamos uma amizade fora de propósito: direita e esquerda. Pois Chael, seu primo Chael Charles Schreier, foi o que sempre nos uniu por 57 anos.

  13. Que homenagem verdadeira e merecida, Marli.Conheci Carlinhos desde 1975 ou 76 na VISÃO. Nunca houve hiato na nossa amizade. Mais do que um irmão querido, perdi fornecedor de jóias de músicas e de textos que me mandava. Sempre. Duas coisas me orgulham. Enriqueci o mailing dele com dezenas e-mails de expoentes de diversas áreas e tive a honra de ser convidado a trabalhar com vocês. Como já pretendia retornar ao Recife, pedi uma fortuna. Nunca tocamos mais no assunto e prosseguimos amigos de fé irmão camarada. Se existe alguém que sabe disso, é você e Berta. VIVA CARLINHOS SEMPRE. Conte comigo, Marli querida.

  14. Querida, Marlizoca, a melhor história de amizade. Que sorte a minha de ter encontrado os dois amigos foi tão forte que nunca mais perdemos a sintonia.
    Vamos lembrar e ler seus artigos todos os dias das nossas vidas.So assim ele estará entre nós.
    Abraço forte! Xará

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