O fim da zebra. Blog Mário Marinho
ESPECIAL COPA CATAR 2022
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Como diria Nelson Rodrigues, a verdade é uma só: a zebra acaba. Ela é finita, senão, não seria zebra.
Foi emocionante a campanha de Marrocos nesta Copa do Catar.
Lindas as suas vitórias, contagiante a dedicação de seus jogadores em campo, altamente transmissível a paixão de sua torcida…, mas, tem um fim.
E agora foi o fim da Copa para essa incrível Marrocos, batida por 2 a 0. Batida pelos gols e a maior capacidade desta excelente Seleção da França.
Nos primeiros 30 minutos, o time de Marrocos chegou a dar algum calor aos franceses por sua velocidade, sua entrega, seu afã por seu desmedido amor.
Mas, no final, a técnica fala mais alto.
Eu costumo dizer que em Copa do Mundo não dá zebra.
Calma, eu explico.
Falo da zebra definitiva, da zebra que leva o caneco, que desmonta reputações e chacoalha nações.
Claro, não assisti a todas as Copas do Mundo.
Minha paixão pelo futebol começou cedo, aos seis anos de idade quando fui mascote do Madureira Futebol Clube, time da rua onde eu morava lá em Belo Horizonte e do qual meu pai era o presidente.
Mas, acompanhar mesmo futebol, ler jornais à procura de notícias, ouvir programas esportivos, e mais tarde, programas de televisão, só em 1958.
Por isso, fui pesquisar a respeito das zebras.
1930 – Na primeira Copa da história, o Uruguai, país anfitrião foi o vencedor, batendo a Argentina no jogo final, 4 a 2.
1934 – Copa disputada na Itália e bate a Checoslováquia na final, 2 a 1 (no tempo normal, 1 a 1. Na prorrogação a Itália fez 1 a 0
1938 – Copa disputada na França, a Itália bate a Hungria na final, 4 a 2, e torna-se bicampeã.
Com a Guerra Mundial que irrompeu em 1939, o mundo fica sem as Copas dos anos 1940 que volta a ser disputada em 1950, no Brasil.
1950 – Copa realizada no Brasil que perde a final para o Uruguai, 2 a 1, em pleno Maracanã.
Engana-se quem considera que esse resultado foi uma zebra. O Brasil tinha um bom time e o Uruguai também.
Em maio de 1950 – poucos meses antes da Copa do Mundo, o Brasil enfrentou o Uruguai por três vezes: perdeu 4 a 3, no Pacaembu; venceu em São Januário, 3 a 2; venceu, 1 a 0, em São Januário.
Ou seja: o Uruguai era um adversário difícil.
1954 – Nesta Copa disputada na Suíça, um resultado surpreendente. A Hungria que tinha um timaço com craques como Hidegkuti, kocsis e Puskas foi batida a final pela Alemanha, em Berna, por 3 a 2.
Daqui para a frente eu acompanhei.
1958 – Na Suécia, vencemos os donos da casa por 5 a 2. O País Brasil não era muito conhecido na Europa, mas, o nosso futebol já tinha o seu valor e a campanha rumo ao título espanta qualquer menção a Zebra.
1962 – No Chile, o Brasil venceu a forte equipe da Checoslováquia na final, 3 a 1.
1966 – Copa na Inglaterra que faz a final contra a Alemanha e vence por 4 a 2 (2 a 2 no tempo normal e 2 a 0 na prorrogação).
1970 – Vencemos a Itália, 4 a 1, na final, com um time soberbo que não deixou dúvidas.
1974 – Copa na Alemanha que, na final, ganha da Holanda (2 a 1) que surpreendeu o mundo com seu futebol total.
1978 – A Argentina sedia a Copa e vence a Holanda por 3 a 1.
1982 – Copa na Espanha. A Itália surpreende a todos eliminando o Brasil, 3 a 2, e na final derruba a Alemanha, 3 a 2.
1986 – Copa novamente no México e a Argentina bate a Alemanha: 3 a 2.
1990 – Copa disputada na Itália. Alemanha e Argentina voltam a decidir o título e a Alemanha vence: 1 a 0.
1994 – Primeira Copa disputada nos Estados Unidos e a primeira decidida nos pênaltis com vitória do Brasil sobre a Itália.
1998 – Copa disputada na França que faz a final com o Brasil e venceu por 3 a 0.
2002 – Copa disputada no Japão e Coreia. O Brasil faz a final com a Alemanha e vence por 2 a 0.
2006 – Copa disputada na Alemanha. A Itália faz a final com a França e venceu por 5 a 3 nos pênaltis após empate por 1 a 1.
2010 – Copa na África do Sul. A Espanha ganha o título em cima da Holanda, 1 a 0 na final.
2014 – Copa no Brasil e a final é entre Alemanha e Argentina. Vitória da Alemanha, 1 a 0
2018 – Copa na Rússia. A França vence a Croácia na final; 4 a 2.
Como se vê, as zebras não marcaram presença nas finais de Copa. A não ser aquela sobre a máquina húngara em 1954.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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