BRASILIDADE

BATALHA DE GUARARAPES, POR FRANCISCO BRENANND ,PE

Mensageiros da brasilidade. Por Laurete Godoy

 A Batalha de Guararapes aconteceu no ano 1648, em Recife e foi travada contra a invasão holandesa. Teve como primeiros heróis, cidadãos brasileiros, portugueses, brancos, índios, negros e mulatos. Esse fato que ocorreu na região Nordeste transformou-se em marco expressivo e indelével do sentimento de Brasilidade.

BRASILIDADE
BATALHA DE GUARARAPES, POR FRANCISCO BRENANND ,PE

No momento, o Brasil deve clamar pela união de seus filhos, de todas as regiões, em torno de ideais de amor pela pátria e pela paz. Brasilidade – nobre sentimento que, ao longo do tempo, incendiou corações de homens e mulheres, estrangeiros de diferentes etnias e nativos, corajosos bandeirantes, homens livres e escravos, religiosos, agnósticos e ateus de todos os rincões do país. É esse sentimento de união, para defesa de um ideal maior, que nos é proporcionado por um mergulho na História do Brasil.

Chegamos ao ano de 1648, na primeira Batalha de Guararapes, que aconteceu na região Nordeste, mais precisamente em Recife, e foi travada contra a invasão holandesa. Essa batalha teve como primeiros heróis, cidadãos brasileiros, portugueses, brancos, índios, negros e mulatos. Foi um marco expressivo e indelével do sentimento de Brasilidade.

Foi também na Capitania de Pernambuco que nasceu Zumbi dos Palmares, pioneiro na resistência contra a escravidão. Era líder do Quilombo dos Palmares, comunidade formada por escravos que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ao lado dele, sua esposa Dandara, que jogava capoeira, era caçadora, manejava armas com maestria e, com o mesmo entusiasmo, lutou ao lado de Zumbi pela liberdade dos negros no período colonial.

Se os africanos ansiavam a liberdade, os brasileiros lutavam para se libertar do jugo português. E o movimento, que recebeu o nome de a Guerra da Independência (1821 a 1824), teve como heroína Maria Quitéria de Jesus Medeiros, que nasceu em Feira de Santana, estado da Bahia, e fugiu de casa, para se alistar como soldado. Maria Quitéria foi a primeira mulher a integrar uma unidade militar das Forças Armadas Brasileiras e a primeira a entrar em combate pelo Brasil. O fato ocorreu em 1823. Posteriormente, ela recebeu de D. Pedro I a mais alta condecoração do país. Esse é o retrato fiel da brasileira valente, que luta pela liberdade, pela independência e por um ideal nobre.

Mas um país de extensão continental sempre será celeiro de isolados descontentamentos. Na região Sul do Brasil, entre setembro de 1835 e março de 1845, ocorreu uma revolução regional contra o governo imperial do Brasil.

No conflito, que ficou conhecido como Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha, novamente, a figura feminina marcou presença. Desta vez, a personagem é Ana Maria de Jesus Ribeiro, que nasceu em Laguna, estado de Santa Catarina, e ficou conhecida como Anita Garibaldi. Casada com o italiano Giuseppe Garibaldi, Anita lutou na Revolução Farroupilha e, depois, atuou contra a invasão do exército austro-húngaro, na Itália. Por esse motivo ela é conhecida como “A Heroína de Dois Mundos”.

Outros exemplos de fibra e coragem são fornecidos pela Guerra do Paraguai (dezembro de 1864 a março de 1870). Como a luta era corpo a corpo, muitos escravos africanos, exímios capoeiristas, foram convocados pelo Exército Brasileiro e voltaram como heróis, das batalhas que ceifaram a vida de mais de cinquenta mil homens.

Como heroína também voltou da guerra uma corajosa mulher nascida no estado da Bahia, em Cachoeira do Paraguaçu. Trata-se de dona Anna Justina Ferreira Néri, primeira enfermeira-soldado e primeira enfermeira voluntária brasileira. Durante cinco anos, a “Mãe dos Brasileiros”, como era chamada, viveu entre soldados, salvando vidas e atuando na enfermaria que montou às próprias expensas. Portanto, foi inquestionável a presença marcante dos negros e da mulher brasileira representada por dona Anna Néri, na defesa dos ideais da pátria, no mais longo conflito armado internacional ocorrido na América do Sul.

São esses apenas alguns exemplos, mas ao longo do tempo nos defrontamos com expressivos atos cívicos, como os que vieram dos Estados do Amazonas e Ceará, pioneiros na libertação dos escravos. Movimento empolgante que se estendeu pelo país, reunindo abolicionistas de todas as origens: brancos, negros, índios e afrodescendentes de várias condições sociais e culturais. Primeiro veio a Lei do Ventre Livre, depois a Lei dos Sexagenários e, finalmente, em 13 de maio de 1888, a vitória veio por meio da Lei Áurea. E isso aconteceu graças a uma mulher, a Princesa Isabel, que desfraldou a bandeira da Liberdade e aboliu de vez a escravidão no Brasil.

Esses são alguns fatos que retratam o desejo incessante de mudança, que impulsiona os grupos e as populações, para que vejam atendidas as suas reivindicações. E dessa forma o Brasil foi seguindo seu caminho.

Veio a Proclamação da República, a oficialização da bandeira brasileira, dos diversos hinos pátrios e alternância de poder. Cada momento gerava ânimos exaltados, diante da nova situação governamental, na maioria das vezes agradável para uns, desagradável para outros.

… Abençoada Terra Natal chamada Brasil, onde o cidadão que desenvolve e promove a Brasilidade, estará sendo tão útil à Pátria, quanto o soldado, quando a defende nos campos de batalha…

Muitos acertos e muitos erros foram comprovados ao longo da trajetória, da qual jamais estiveram dissociadas as figuras de dignos representantes das diversas raças, que aqui chegaram por diferentes motivos, mas fizeram deste país sua segunda pátria.

E foram eles – brancos, negros, índios e mestiços, do Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, que transformaram o Brasil em uma pátria abençoada, onde Dandaras, Marias Quitérias, Anitas Garibaldis, Annas Néris, Isabeis, Nísias Florestas, Chiquinhas Gonzagas, Leolindas, Marias Lacerdas de Moura, Coras Coralinas, Zildas Arns e muitas outras, cada qual no seu campo de atuação, com fibra e coragem, caminharam no passado e caminham galhardamente no presente, em busca de melhores momentos para o povo brasileiros.

Jamais poderemos escrever novas páginas, esquecendo os heróis e heroínas do passado que, das diferentes etnias que compõem a raça brasileira, sempre foram movidos pelo mesmo ideal de liberdade, justiça e amor à pátria, que transformaram o Brasil nesta grande Nação.

Esses artífices da História do Brasil vieram de todos os rincões e isso está retratado por Guilherme de Almeida, em trecho da Canção do Expedicionário, que acompanhou os soldados brasileiros, quando executaram heroica missão na Segunda Guerra Mundial:

         (…) VOCÊ SABE DE ONDE EU VENHO? / VENHO DO MORRO, DO ENGENHO / DAS SELVAS, DOS CAFEZAIS / VENHO DAS PRAIAS SEDOSAS / DAS MONTANHAS ALTEROSAS / DO PAMPA, DO SERINGAL / DAS MARGENS CRESPAS DOS RIOS / DOS VERDES MARES BRAVIOS / DA MINHA TERRA NATAL (…)

Abençoada Terra Natal chamada Brasil, onde o cidadão que desenvolve e promove a Brasilidade, estará sendo tão útil à Pátria, quanto o soldado, quando a defende nos campos de batalha.

Sejamos, hoje e sempre, mensageiros da brasilidade!

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Laurete Godoy

Laurete Godoy  – Escritora e pesquisadora. Autora de Brasileiros voadores – 300 anos pelos céus do mundo.

                            São Paulo, 05 de dezembro de 2022.

1 thought on “Mensageiros da brasilidade. Por Laurete Godoy

  1. Não tenho palavras para descrever o quanto foi gratificante lê o texto da autoria de Laurete Godoy, amiga querida. O mergulho dado por ela na história das lutas de muitos homens e mulheres que lutaram por nossa liberdade e escrita com tanta singeleza, orgulha todos e todas brasileiros e brasileiras que lerem. Particularmente, como professora de História do Brasil por muitos anos, me encanta a leitura dos textos de uma amiga tão dedicada como escritora. Parabéns e que Deus abençoe sua vida para continuar a nos presentear com textos tão especiais.

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