O velho sindicalismo quer voltar. Por Edmilson Siqueira

…O Brasil tem, segundo dados oficiais, mais de 16 mil sindicatos. Desses, mais de 11 mil são de empregados. Os outros são entidades patronais. Não há dados de quantos fecharam depois que a mamata do imposto sindical acabou. Mas ainda deve haver vários milhares deles por aí…

[ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA ROSE –

https://blogdarose.band.uol.com.br/ – GRUPO BANDEIRANTES – Edição de 1 º DE DEZEMBRO DE 2022]

A única forma que existe de um sindicato ter dinheiro para defender sua categoria é recebendo dos trabalhadores que optarem pela sindicalização. É como se fosse um clube que os sócios mantêm. Das mensalidades que esses trabalhadores pagam sai o dinheiro para financiar as atividades sindicais. Simples assim.

Claro que os sindicatos podem realizar rifas, bailes, sorteios, festas, vaquinhas e até receber doações, desde que a participação não seja obrigatória, para arrecadar dinheiro para seu caixa. Qualquer outra forma de financiamento dos sindicatos – seja o governo cobrando imposto de todos os trabalhadores, seja recebendo dinheiro do governo via Orçamento – desvirtua tonalmente a finalidade sindical e, pior, enriquece sindicalistas que, pelo menos no Brasil, não são exatamente honestos em seus princípios, se aproveitando da sempre gigantesca e falha legislação para se beneficiarem.

O Brasil tem, segundo dados oficiais, mais de 16 mil sindicatos. Desses, mais de 11 mil são de empregados. Os outros são entidades patronais. Não há dados de quantos fecharam depois que a mamata do imposto sindical acabou. Mas ainda deve haver vários milhares deles por aí.

Só para se ter uma ideia da aberração que esse número de sindicatos representa, nos Estados Unidos há 130 sindicatos. Isso mesmo: cento e trinta. Por quê? Simples: lá quem sustenta os sindicatos são os próprios trabalhadores que a eles se associam. Não tem imposto pra sustentá-los.

O excesso de sindicatos no Brasil não é novo, mas 1.714 sindicatos foram criados desde 2010, o último ano do governo Lula. O imposto sindical representava cerca de 3,5 bilhões de reais que eram repassados aos sindicatos e centrais sindicais sem que houvesse qualquer fiscalização sobre o uso desse dinheiro. Se uma diretoria resolvesse dividir sua parte entre os diretores, tudo bem, ninguém ficava sabendo.

Essa realidade mudou, o número de sindicatos vem diminuindo e outras medidas da reforma trabalhista do governo Temer, apesar de tímida, resultaram em milhões de empregos a mais e numa relação mais civilizada entre a notória Justiça do Trabalho (uma excrescência que deveria ser extinta) e as empresas.

Só que a péssima realidade anterior pode estar voltando. Sim, sindicalistas estiveram reunidos com o futuro presidente Lula, levando a eles reivindicações da categoria – categoria de sindicalistas, bem entendido, não dos trabalhadores que eles dizem representar.

Segundo informações colhidas junto a esses sindicalistas, eles não pediram a volta do imposto sindical, mas sim, entre outras coisas como mudanças na reforma trabalhista que tanto ajudou o Brasil, “uma nova forma de financiar o movimento sindical”. Ora, só existe uma forma, como assinalei no início desse artigo.

Se não for daquele jeito, qualquer outra sairá do bolso de todos os cidadãos, sindicalizados ou não.

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Edmilson Siqueira – é  jornalista há mais de 40 anos. Já passou por jornais, revistas emissoras de rádios e TV. Foi responsável pela coluna Xeque Mate do Correio Popular por 8 anos. Apesar de atuar em outras áreas do Jornalismo, a maior parte de sua carreira foi dedicada à política. Atualmente, na Rádio e TV Bandeirantes de Campinas. Colaborador semanal do Blog da Rose.

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*Artigo publicado originalmente no Blog da Rose – https://blogdarose.band.uol.com.br/