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Alô alô, marciano. Por José Horta Manzano

“Apoiadores de Jair Bolsonaro pedem aos extraterrestres que ‘salvem’ o país”. Acompanha um vídeo de alguns segundos mostrando uma roda de gente, todos devidamente paramentados de verde-amarelo, cada um com seu celular em cima do cocuruto…

 

France-Info é canal de informação contínua pertencente ao conglomerado de emissoras públicas da França. Pode ser captada pela tevê, pelo rádio e pelo site online.

No site do canal, pode-se ver uma notícia desconcertante, vinda de Porto Alegre:

“Apoiadores de Jair Bolsonaro pedem aos extraterrestres que ‘salvem’ o país”.

Acompanha um vídeo de alguns segundos mostrando uma roda de gente, todos devidamente paramentados de verde-amarelo, cada um com seu celular em cima do cocuruto.

Cada integrante do estranho rodeio mantém seu telefone virado pra cima em modo farolete. Todos cantam uma melopeia que não consigo identificar enquanto abanam a mão sobre a tela do telefone na intenção de mandar mensagens ao espaço.

É um arremedo dos sinais de fumaça que índios americanos emitiam em filmes de caubói, lembra? Só que os sinais dos índios eram ritmados e coerentes, e transmitiam um recado, enquanto os de Porto Alegre são desconexos.

France-Info descreve a cena como surreal e explica que ôvnis teriam sido avistados no céu da capital gaúcha estes últimos tempos, o que explica o assanhamento dos participantes do bizarro rito encantatório.

Rezas, simpatias e superstições geralmente se fazem em ambiente apropriado, seja em casa, na igreja, no terreiro ou no templo – longe de olhares infiéis. É assaz raro ver demonstração pública de tamanha credulidade. Eu não duvidaria de que, entre os participantes, haja até algum que acredite na mágica.

É de uma ingenuidade comovente.

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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1 thought on “Alô alô, marciano. Por José Horta Manzano

  1. Não consegui ler o curtinho artigo. O riso foi espalhafatoso seguido de tosse! Confesso que não tinha lido nada disso. Passado o momento, voltei à leitura. Não creio que seria difícil imaginar uma certa religiosidade (falsa) motivacional nisso aí. A racionalidade cedeu lugar ao irracional com um toque de sutileza idiota.

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