Demissão no Santos, pênalti no Palmeiras. Blog do Mário Marinho
São dois assuntos completamente isolados, díspares, mas são os assuntos do momento.
Apenas dois meses depois de contratado o argentino Ariel Holan pede demissão do cargo de técnico do Santos.
A demissão veio após mais um mau resultado, derrota para o Corinthians, 2 a 0, em plena Vila Belmiro, e às vésperas de um compromisso pela Libertadores, contra o Boca Juniors amanhã.
Numa atitude bastante ética, o argentino se prontificou a dirigir o time neste último compromisso. A diretoria santista ficou de estudar o caso.
Os números não mostram uma brilhante passagem de Holan pelo Santos: foram quatro vitórias, três empates e cinco derrotas.
Mostrando seriedade, Holan disse aos dirigentes que seu trabalho não estava apresentando os resultados esperados.
“E o futebol vive de resultados” acrescentou ele realisticamente.
Mas, sabe-se que Holan não estava satisfeito com a diretoria do Santos.
Ele diz que sabia que o Clube está enfrentando forte crise financeira. Mas esperava que, com a venda de Soteldo e o fim da punição da Fifa, que impedia o Clube de fazer contratações, uma nova perspectiva se abria.
Contudo, o Comitê de Finanças do Clube vetou, antes mesmo de fechada transação de Soteldo, qualquer contratação que resultasse em investimento financeiro por parte do Clube.
A situação está tão ruim que o salário deste mês foi pago com o limite de R$ 100 mil. Esse foi o teto: quem ganha abaixo, recebeu salário integral; quem ganha acima, ficou nesse limite. E não há previsão para que o salário venha a ser colocado em dia.
Outro fator que pesou muito, foi o foguetório dirigido ao apartamento de Ariel Holan após a derrota para o Corinthians. O argentino ficou muito assustado.
Assim, o Santos de tantas glórias está, agora, sem técnico e sem dinheiro para investir em algum nome famoso.
O problema do técnico é o menor e pode até mesmo ser resolvido com algum tipo de acordo com técnico de renome. O problema é que as contratações de reforços não virão.
Ou seja: o técnico que for contratado, saberá direitinho o tamanho da encrenca.
Verdão: pênalti ou maldição?
Como se sabe, o pênalti nasceu de uma sugestão enviada à Fifa por um goleiro do futebol inglês.
No jargão radialístico, costuma-se substituir a palavra pênalti por “falta capital”. Como se fosse uma espécie de pena de morte, dada a sua severidade.
A chance do goleiro defender a cobrança de pênalti sempre foi mínima – embora exista, claro.
Qualquer jogador de futebol, profissional, amador, de peladas é capaz de colocar a bola dentro do gol.
O gol mede 7,32 de largura, por 2,44 de metros de altura.
É fácil, não?
Porém, na hora da cobrança do pênalti, quando o cobrador olha para o goleiro, enxerga um monstro de sete cabeças e 144 braços compridos capazes de chegar a um e outro travessão. Aqueles 7,32 tornam-se questão de centímetros. A altura quase que desaparece.
É aí que entra o fator cabeça.
Se o jogador está bem, ele enxerga as medidas normais. Se não está, começa a viver um pesadelo que vai acabar com as forças das pernas.
Por isso, sempre digo que pênalti se bate com a cabeça.
O Palmeiras perdeu duas decisões importantes nas cobranças de pênaltis: a Supercopa do Brasil e a Recopa Sul-Americana.
Neste fim de semana, o pênalti novamente assombrou o time do Palmeiras num jogo contra o singelo Mirassol, pelo Paulistão.
Gabriel Menino foi encarregado da cobrança e perdeu. Perdeu não! Muralha, aquele, defendeu.
Daí, estabelece-se quase um tabu. O pênalti deixou de ser, no caso do Palmeiras, quase que favas contadas para se transformar numa maldição.
Quem será o próximo?
Qual o remédio contra isso? Não existe receita pronta e acabada. Mas, cabe ao técnico um trabalhinho sutil com seus comandados.
Todo mundo perde pênalti.
Até Pelé já perdeu. Zico também. Lembram-se da copa de 1986 no México, jogo contra a França? Zico havia entrada fazia poucos minutos quando houve o pênalti a favor do Brasil.
Zico ajeitou a bola com calma, como sempre fez, e o que aconteceu? Perdeu. Como gritaria o Faustão: Errrrrou!!!
Relembre:
“O pênalti, dizia Neném Prancha, é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do Clube, de paletó e gravata”.
O Neném Prancha, autor da frase acima, era um carioca filósofo-gozador das coisas do futebol.
Ele disse a frase lá nos anos 1960, época em que pênalti dificilmente era marcado e se transformava, portanto, numa ocasião muito especial.
Divirta-se com pênaltis perdidos:
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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MMarinho. Dois assuntos interessantes. Sobre salário. Cem mil por meses é salário de diretor de empresa média ou grande, depois de muito estudo e dedicação. . Jogador ganhando mais do que isso deve ser descartado pois foge à nossa realidade de Clebe e país. Sobre pênalti, o jogador vê dois lados de 3,66 m cada um e desconta-se o espaço ocupado pelo goleiro com mais de 1,80 m e com os braços abertos. Mesmo assim sobra espaço. Um estudo diz que a velocidade da bola tem que ser mais rápida do rue o tempo de eflexo e movimentação do goleiro. Abç.