Equipe efêmera. Por José Horta Manzano
… seria de esperar que o esqueleto da equipe de transição também já estivesse planejado. A realidade mostra que não era bem assim. Já se passaram 17 dias, e a montagem da equipe ainda não terminou. A cada dia, aparecem nomes novos…
Na noite de 30 de outubro, quando foi declarado vencedor, Lula sacou do bolso de trás um discurso de meia hora, com começo, meio e fim. Disse tudo o que tinha de ser dito, agradeceu, louvou, prometeu e comoveu. Um pronunciamento daqueles não se improvisa. Vê-se que foi fruto de profunda reflexão, de erros e acertos, de trabalho conjunto, de polimento. A preparação há de ter consumido dias, talvez semanas.
Vencida a corrida presidencial, veio o momento de anunciar a composição da equipe de transição, que funcionará até o fim do ano, num total de 61 dias.
Considerando que o discurso de vitória foi montado com antecedência e com tanto zelo, seria de esperar que o esqueleto da equipe de transição também já estivesse planejado.
A realidade mostra que não era bem assim. Já se passaram 17 dias, e a montagem da equipe ainda não terminou. A cada dia, aparecem nomes novos. Sem estar totalmente formada, a equipe não tem como funcionar. Falta articulação. É como um veículo que, para rodar, precisa estar completo – se faltar uma roda, não anda.
Será que a intenção dos escolhidos é realmente delinear a ossatura da futura governança? Está mais parecendo um convescote entre companheiros, uma vitrine de vaidades do tipo: “Tchau, mãe! Ói eu aqui!”.
Vamos ver se conseguem terminar a montagem daqui até o Natal. Se conseguirem, ainda sobra uma semana pra trabalhar, entre Natal e o réveillon.
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
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Como escrevi em outro comentário, o belo discurso do último dia 30/10 me lembrou muito aquele proferido em 2002: mesmas propostas de esperança com alguns acréscimos.
No primeiro chorei emocionada. Já neste, estou pagando para ver.
Quem teria dúvidas, prezado analista, que a escolha da equipe (não só a de transição, já antecipo) não seria um convescote?
Trabalho de equilibrista de Alckmin acomodar toda a cumpanherada nesse governo de transição: e eu? E eu? E eu?…: de Manoela d’Avila a Helder Barbalho, de Cristiano Zanin a Flávio Dino e Wadih Damus (aquele deputado petista que sugeriu fechar o STF e chamou Barroso de fascistinha – sounds familiar?), temos de tudo um pouco e muita gente “ex” alguma coisa e atualmente sem colocação (incluindo Manoela que ficou a chupar o dedo nas últimas eleições) e que precisa de um cargo para chamar de seu (com respectivos proventos, é claro).
Vai se equilibrando, Alckmin!
E o Brasil, ora o Brasil.