Futura folgada maioria. Por Edmilson Siqueira
… Hoje se fala que a oposição a Lula será muito maior, pois bolsonaristas foram eleitos em todo país e se constituem maioria no Congresso. Tenho cá pra mim que será um novo “ledo engano”…
[ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA ROSE –
https://blogdarose.band.uol.com.br/ – GRUPO BANDEIRANTES –
Edição de 9 de novembro de 2022]
Mas o Brasil é o Brasil e algumas coisas por aqui não mudam jamais. Sofremos, claro, todas as consequências da globalização, bem como recolhemos bastante dos seus bons frutos: somos os maiores exportadores de produtos agrícolas do mundo e hoje temos mais celulares que população, bem como a indústria automobilística tem aqui praticamente todos os modelos que circulam pelo mundo. Quem vê tudo isso hoje e não conheceu o Brasil dos anos 1960, 70 e 80, pode pensar que é pouca coisa, mas não é. Quem viveu o tempo de uma linha telefônica fixa (a única que existia) custar 5 mil dólares, sabe do que estou falando.
Mas algumas coisas não mudam. Quando a ditadura militar criou dois partidos políticos para fingir que era boazinha (Arena e MDB) quem morava em grandes centros pensou que todo mundo iria ser oposição ao regime dos milicos. Ledo engano. Em pouquíssimo tempo os “arenistas” eram esmagadora maioria em todo o país, louvando os governos dos generais, que proibiam tudo, menos a bajulação desavergonhada dos puxa-sacos de sempre.
Quando Paulo Maluf foi eleito, indiretamente, governador de São Paulo, por uma maioria comprada, com fotos de talões de cheques na convenção partidária, um deputado de Campinas, então eleito pelo MDB, me disse que o governador não teria vida boa: “Na Assembleia ele não vai conseguir aprovar nada”. Um mês depois, Maluf tinha folgada maioria entre os deputados estaduais.
Hoje se fala que a oposição a Lula será muito maior, pois bolsonaristas foram eleitos em todo país e se constituem maioria no Congresso. Tenho cá pra mim que será um novo “ledo engano”.
A aliança firmada com o MDB de Baleia Rossi já levou para o comitê de transição ninguém menos que Renan Calheiros e Jader Barbalho, mostrando que qualquer apoio será bem-vindo. No rastro desses dois, virão outros que aderirão antes de posse de Lula. A bravata de Valdemar da Costa Neto, dono do PL, de que está com Bolsonaro e o apoiará em 2026, não encontra eco nem dentro do seu gigante partido. Ele próprio deve se curvar em breve, ao primeiro aceno de um ministério ou de uma outra benesse qualquer.
E, assim, Lula deve chegar em primeiro de janeiro com a famosa folgada maioria, tanto na Câmara quanto no Senado. Aos que se mantiverem na oposição, talvez uma pequena ala radical do que vai sobrar do bolsonarismo, restará passar quatro anos dando murros em ponta de faca. Só terão vez e voz se Lula errar muito. E, pela experiência do “descondenado” e da “união” que vai se formar em torno dele, dificilmente seus erros terão críticas suficientes para abalá-lo.
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Edmilson Siqueira– é jornalista. Atualmente, na Rádio e TV Bandeirantes de Campinas. Colaborador semanal do Blog da Rose
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*Artigo publicado originalmente no Blog da Rose – https://blogdarose.band.uol.com.br/
Bom domingo. Teremos mais 4 anos sem reformas estruturais: a política é a principal já que a reeleição com seus vícios alimentam tudo e todos. A maioria de Lula terá reformas maquiadas tipo feijão com arroz, alimentos caros e escassos para mais de 4,5 milhões de brasileiros e os pagadores de impostos sem a reforma tributária: reformas essenciais ao Estado Brasileiro e ao Estatuto da Federação como fato. Espero por isso desde 1988/ar 1989.
Il Gattopardo sempre nos lembra que é importante reformar para deixar tudo como está: um passo à frente e dois para trás. Saudosistas aproveitam para nos lembrar que em 1980 nosso PIB era maior que o da China e indagam: em que nós erramos? Dando murro em ponta de faca.
Acordos sempre acontecerão e deixarão a vida do futuro presidente mais fácil. Enquanto houver essa política do “é dando que se recebe” cujo patrono é o Centrão, não sairemos do lugar.
E se não acontecerem, sempre dar-se-á um jeitinho como já se deu e mensalões e petrolões serão acionados.