#naovaitergolpe – 2. Por José Horta Manzano
…Se alguém espera que parlamentares bolsonaristas recém-eleitos se abalem pra “salvar” o capitão ou pra apoiar um golpe de Estado, pode tirar o cavalinho da chuva. Isso não periga acontecer. Por quê?…
Se alguém espera que parlamentares bolsonaristas recém-eleitos se abalem pra “salvar” o capitão ou pra apoiar um golpe de Estado, pode tirar o cavalinho da chuva. Isso não periga acontecer. Por quê?
A razão é simples. Eles todos, que eram desconhecidos até anteontem, subiram agarrados no elevador bolsonarista. Surfaram a onda e assim foram eleitos. Agora, que estão lá, não querem nem ouvir falar de golpe. Nem por brincadeira.
A primeira consequência de todo golpe que se preza é o fechamento do Congresso. Parlamentares são todos postos de molho por tempo indefinido. Em seguida, vêm as cassações de mandato. “Quem garante que o meu não será cassado?” – é a pergunta que se faz o deputado ajuizado.
Melhor deixar como está. Deputados estão com cargo, salário, jetons, apartamento funcional, mordomias e principalmente imunidade parlamentar garantidos por quatro anos. No caso dos senadores, são oito anos. Quem vai fomentar golpe e arriscar perder tudo isso? Ninguém é besta.
Parlamentares bolsonaristas estão agindo rápido para reconhecer a derrota de Seu Mestre. Entre os primeiros, estão: Sergio Moro, Carla Zambelli, Zé Trovão, Ricardo Salles, Tereza Cristina, Arthur Lira, Nikolas Ferreira, Damares Alves. Esta última, apesar de residir no DF, pediu que um apartamento funcional seja posto a sua disposição.
Quem é que trocaria essa moleza por um temerário golpe só pra “salvar” um desequilibrado?
JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
______________________________________________________________
Talvez não, no sentido tradicional de movimentação de tropas, fechamento do congresso e do STF. Mas não custa nada ficar com a pulga atrás da orelha à espera dos golpes econômicos, sociais, ambientais e políticos que a criatura certamente pretende detonar de hoje até 1º de janeiro de 2023. Ele não tem mais nada a perder, lembre-se.
Tem sim, tem a perder. Ele saiu da eleição com um imenso capital político, visto que seus 58 milhões de votos representam a maior votação jamais dada a um derrotado. Esse caminhão de votos o cacifa para ser o chefe de seus correligionários, ainda que não tenha mandato eletivo. O que ele fizer de errado daqui até o último dia só virá corroer esse capital.
Os correligionários dele ficam preocupados com as “coisas erradas” que ele costuma fazer? Acho que eles adoram a criação de falsas polêmicas e votarao nele em 2026 mesmo que ele mate meia dúzia deles em praça pública.