preocupação mundial

Preocupação mundial. Por José Horta Manzano

… fora de brincadeira, os brasileiros não parecem estar se dando conta da importância que a eleição de domingo está assumindo além-fronteiras. Falo dos brasileiros que pensam porque, para os outros, não há remédio…

preocupação mundial

Costumo dizer, brincando, que a importância da eleição presidencial americana é tão grande para o mundo, que não só os americanos deviam votar, mas também os eleitores do resto do planeta. É uma boutade, naturalmente, uma tirada sem muito sentido.

Mas agora, fora de brincadeira, os brasileiros não parecem estar se dando conta da importância que a eleição de domingo está assumindo além-fronteiras. Falo dos brasileiros que pensam porque, para os outros, não há remédio.

Eu já lhes contei que, em décadas e décadas vivendo no exterior, nunca tinha visto tanto interesse pela política tupiniquim. Naturalmente, fatos excepcionais como a morte de Tancredo, a destituição de Dilma ou a prisão de Lula receberam cobertura. Só que, desta vez, não houve morte, nem impeachment, nem prisão. São só eleições gerais que, em outros tempos, não chamariam a atenção.

Quer uma prova do interesse inabitual? Pois aqui estão os primeiros parágrafos que recortei do editorial de um semanário regional italiano, publicação sem projeção nacional que, em princípio, deveria estar comentando a situação em sua paróquia. No entanto, lançam um olhar preocupado a nossas eleições. Aqui está.

 “Enquanto os olhos italianos estão todos voltados para Roma, onde se desenrolam os dias históricos do lançamento do primeiro governo cujo primeiro-ministro é uma mulher;

 enquanto a atenção dos europeus está capturada pelos desdobramentos do conflito na Ucrânia, onde ainda não se sabe como as hostilidades vão cessar;

 enquanto ecos longínquos continuam a chegar de um Irã que não suporta mais as arbitrariedades do regime dos aiatolás, e de uma China onde Xi Jinping perpetua seu poder garantindo que a independência de Taiwan tem os anos (ou os meses) contados;

 enquanto o olhar de todos parece voltado ao Oriente, domingo 30 de outubro é no Ocidente que terá lugar o acontecimento mais importante e também o mais perigoso da cena mundial.

 O segundo turno das eleições brasileiras têm importância planetária, não podemos mais fazer de conta que não é assim. Seu resultado determinará por muito tempo o destino não só do continente, mas além.”

Como veem, tem muita gente pelo mundo que adoraria poder votar no nosso segundo turno domingo que vem.

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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