O Brasil profundo mostra sua cara. Por Alexandre H. Santos

…Um país da tristeza parece rugir para um possível país da alegria. O sectarismo e a ruptura rosnam seu ódio para a Concórdia e a União. Dói repetir o que disse há décadas Caetano: o Haiti é aqui!…

Embora Lula não tenha levado a taça logo no primeiro turno, o veredito das urnas foi claro: a maioria expressou a vontade de ver o capitão pelas costas. Numa análise rápida e superficial poderíamos afirmar que o povo brasileiro disse um rotundo ADEUS! a Bolsonaro. Então quer dizer que no dia 2 de outubro próximo passado a Democracia venceu o Fascismo? Sim e não. Já foi dito à exaustão que o Brasil não é para amadores. E cá pra nós, não é mesmo!

Que o ex-ministro do meio-ambiente Ricardo Salles, aquele que propôs “passar a boiada” enquanto a população olhava para outro lado; sim, o mesmo do colossal contrabando de madeira para os EUA etc.; que ele tenha sido eleito com quase três vezes mais votos do que Marina Silva – a tenaz ecologista defensora da floresta e dos povos indígenas, é uma boa ilustração do tipo de políticos que nossos patrícios e patrícias escolheram para nos representar.

Claro que entre os escolhidos há políticos progressistas; mas, numericamente falando, são pura exceção. O mesmo povo que preferiu Lula no primeiro turno, escolheu o parlamento mais conservador e reacionário da nossa história republicana. Os números do escrutínio revelaram a cara do Brasil profundo.

Se Lula vencer as eleições, não terá vida fácil. Sempre destruir dá menos trabalho do que recomeçar. O estrago causado no país por quatro anos da extrema-direita raivosa e violenta já está feito. Os próximos anos prometem lutas homéricas para obter pequenos avanços. O Partido Liberal (PL) cumpriu seu destino de, com quase cem deputados eleitos, ser a Casa Grande da política brasileira. Mas e a senzala? Ora a senzala que faça por onde sobreviver. Um país da tristeza parece rugir para um possível país da alegria. O sectarismo e a ruptura rosnam seu ódio para a Concórdia e a União.

Dói repetir o que disse há décadas Caetano: o Haiti é aqui!

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*Alexandre Henrique Santos – Atua há mais de 30 anos na área do desenvolvimento humano como consultor, terapeuta e coach. Mora em Madri e realiza atendimentos e workshops presenciais e à distância. É meditante, vegano, ecologista. Publicou O Poder de uma Boa Conversa e Planejamento Pessoal, ambos editados pela Vozes..

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