Cruzeiro

O Cruzeiro voltou. Blog do Mário Marinho

Cruzeiro

E voltou com pompa e circunstâncias. Mineirão lotado, 3 a 0 no Vasco da Gama e, para não deixar dúvidas, a volta à Série A se deu com sete semanas de antecedência.

Na verdade, a Série A é o lugar de onde jamais deveria ter saído, não fosse uma gestão que misturou trapalhadas com corrupção, dirigentes incompetentes com dirigentes corruptos. Uma ação malévola que levou o time à Série B, convivendo até com a possibilidade de cair para a Série C.

Até que apareceu o sorridente Ronaldo Nazário e resolve investir no Cruzeiro.

O primeiro objetivo era montar um time que trouxesse o Cruzeiro ao seu habitat normal, a Série A.

Esse objetivo foi alcançado.

Depois do jogo de ontem, Ronaldo mostrava o sorriso de quem alcançou seu objetivo e, com certeza, está mirando no próximo objetivo: montar um time forte como exigem a tradição do Clube e seus torcedores.

Ronaldo, que foi revelado para o futebol pelo Cruzeiro, sabe que esse compromisso de um time forte é tão obrigatório quanto o dever de brigar por títulos. Mas, como se sabe, o caminho mais seguro para alcançar um objetivo, é dar um passo de cada vez.

Ou como ensina a cultura mineira, não se deve apressar a água que corre no rio – ela tem sua própria velocidade.

É longa a tradição cruzeirense.

O clube foi fundado em 1921 com o nome de Società Sportiva Palestra Itália. Em 1942 mudou seu nome para Cruzeiro em homenagem à constelação Cruzeiro do Sul. Na época, o governo proibiu o nome e símbolos estrangeiros no País, notadamente nomes e símbolos que representassem a Alemanha, a Itália e o Japão países com os quais o mundo estava em guerra.

Durante os 20 anos que se seguiram, desde a mudança de nome, o Cruzeiro era a terceira força do futebol mineiro, atrás de Atlético e América.

Foi nessa época que os associados do Clube elegeram para presidente o empresário Felício Brandi. Empresário de sucesso, Brandi anteviu que a construção do Mineirão daria ao futebol mineiro outro status.

E começou a montar o time que transformaria o Cruzeiro, de time de fama apenas estadual, a um time respeitado por todo o País e até mesmo internacionalmente.

Em 1966, eu era apenas um foca do jornalismo, quando recebi a pauta para entrevistar Felício Brandi.

Encontrei um presidente sorridente lá na sede do Bairro Preto. Quando me identifiquei e expliquei para qual jornal trabalhava (o Diário da Tarde), Felício Brandi sorriu e me disse:

– Menino, escreva aí que esse time atual vai ser reconhecido em qualquer parte do Brasil. Nada de ter que escrever Cruzeiro de Belo Horizonte. Todos saberão.

Felício Brandi estava se referindo à confusão que fazia na época com o Cruzeiro de Porto Alegre.

E o destino provou que eram sábias e proféticas as palavras de Felício Brandi.

Naquele final de ano, o Brasil todo ficou sabendo da espetacular vitória sobre o Santos, de Pelé e tudo, no Mineirão: 6 a 2.

Na semana seguinte, o Cruzeiro foi a São Paulo para o segundo e decisivo jogo da Taça Brasil.

Numa noite chuvosa, o Santos abriu logo 2 a 0.

Mas a reação veio na sequência com gols de Tostão, Natal e Dirceu Lopes que selaram a vitória por 3 a 2 e a conquista do título da Taça Brasil. E ainda teve o pênalti perdido por Tostão.

A profecia então se confirmava.

O Cruzeiro de Raul, Pedro Paulo, Willian, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes: Natal, Tostão, Evaldo e Hilton Oliveira. Dirigido pelo técnico Airton Moreira.

Esse Cruzeiro fez história. Em Minas, ultrapassou a torcida do América, que era a segunda.

A briga pela liderança foi com o Atlético. Pesquisa publicada recentemente pelo jornal Lance, mostra o Cruzeiro em primeiro lugar na preferência dos mineiros, com 26%. Em segundo vem o Galo com 18 %. A lista de preferências é completada com América e clubes de outros estados.

E é esse time, com esse passado que está de volta à Série A.

Seja bem-vindo, Cruzeiro.

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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