O DIA SEGUINTE

O dia seguinte. Coluna Carlos Brickmann

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE DOMINGO, 14 DE AGOSTO DE 2022

O DIA SEGUINTE

A bola de cristal deste colunista não falha: não importa quem ganhe as eleições, suas previsões se realizarão, e logo. Não adianta chorar: a vitória das fardas ou dos macacões, em ambos os casos sem uso, não muda os fatos.

      * O número de ministérios vai aumentar. As despesas também.

      * Vai subir o salário dos ministros do Supremo dos atuais R$ 39,3 mil para algo como R$ 46 mil. Como os vencimentos dos ministros do STF são o teto dos salários do funcionalismo, todos ganham aumento automático. Já o caso de supersalários, como o dos funcionários de estimação que ganham muito mais que isso, fique tranquilo: os penduricalhos continuam de pé.

       * Seria uma injustiça discriminar o Poder Legislativo. Os senadores vão para uns R$ 37 mil, perto de 10% de aumento. A bola de cristal está meio embaçada e não mostra claramente para quanto vão os deputados – mas terão o deles, isso é seguro. E os servidores do Parlamento também terão o deles.

       * Com feijão a quase R$ 10,00 o quilo, alguém pode imaginar o Auxílio Brasil subindo. Mas nesse caso é preciso fazer economia: o Auxílio Brasil de R$ 600,00, por lei, só será pago até dezembro. Aí já passou a eleição, aí ninguém mais está pedindo voto. Quando houver outra eleição, quem sabe?

Este colunista não seria ousado a ponto de dizer que todo mundo cuida do dele logo após a eleição, para não pegar mal com o eleitorado. Nem que, após o voto, não é preciso gastar com o eleitor. Pura coincidência, claro.

O retrato atual

Pesquisa é o retrato do momento, que serve mais para orientar campanhas do que para qualquer outra função. Só há uma pesquisa infalível: a contagem dos votos após as eleições. Quem acha que estar bem na pesquisa significa vitória garantida pode ter más surpresas. Nesta semana, Lula continua na frente, mas Bolsonaro cresceu bem e dá sinais de que pode colher mais frutos do Auxílio Família turbinado, da Covid em ritmo bem mais lento e com índice menor de letalidade, e até de certas iniciativas legalmente discutíveis, como, por exemplo, o uso de desfiles militares para mostrar força.

Fazem parte do jogo. Reclamar em vez de fazer campanha é aceitar que perdeu. A pesquisa Quaest mostra Bolsonaro crescendo em Minas e São Paulo, com rejeição ainda alta, mas um pouco menor, e a aceitação em alta.

Fala quem sabe

O deputado mineiro André Janones, que não decolou como candidato à Presidência e decidiu apoiar Lula, entende bem de mídias sociais. Seus dois comentários sobre a última rodada de pesquisas: (1) “Diferença entre Lula e Bolsonaro cai de 18 para 9 (em Minas) com apenas dois dias de auxílio de R$ 600,00. Ou a esquerda senta no chão da fábrica para conversar com os operários ou já era. Detalhe: o chão da fábrica atualmente são as redes sociais, em especial o Face”. (2) O povão, a massa, aqueles que decidem as eleições, não entendem o linguajar da elite intelectual que leu a Carta hoje.

O pedreiro, a doméstica, o garçom também querem escrever uma Carta, porém não têm quem leia. E, se ninguém ouvi-los, Bolsonaro será reeleito. Printem e me cobrem”. O caro leitor não conhecia Janones? Pois ele é bem conhecido por oito milhões de seguidores no Facebook, dois milhões no Instagram e 1,4 milhão no YouTube. E é muito ouvido por caminhoneiros.

Lula se mexe

Lula conhece bem uma campanha eleitoral. Até agora jogou parado, montando alianças que irão ajudá-lo na disputa. E, depois de amanhã, com o início oficial da campanha, vai para as ruas. Para ele, confrontar o golpismo atribuído a Bolsonaro foi um triunfo; mas agora é hora de falar em barriga e bolso, em Economia. Lula inicia sua movimentação com visitas a portas de fábrica em São Paulo. Basicamente, deve dizer que, com Bolsonaro, a vida piorou, o fantasma da fome volta a assustar alguns milhões de famílias. E, apesar da deflação de junho, o preço dos alimentos segue em alta. Quanto ao Auxílio Brasil de R$ 600,00, deve lembrar que só será pago até o fim do ano.

Emprego, comida

Os auxílios do Governo Federal são decisivos. O próprio Lula desbancou o então PFL no Nordeste com a Bolsa-Família. A situação de agora: em julho, Lula ganhava de Bolsonaro de 60% a 16% entre os clientes da antiga Bolsa Família. Hoje, tem vantagem menor: 53% a 25%. Sua campanha se baseará em casa e comida, dois fatores em que Bolsonaro falhou.

O pai dos pobres

O problema de Bolsonaro é como vê as coisas. Falou ao Flowpack sobre reduzir preços baixando impostos. Seu exemplo: um jet-ski de boa marca saía por R$ 90 mil. Com menos impostos, sai por R$ 80 mil. Feijão, arroz, leite, algum desses preços caiu? Alguém vai comer jet-ski? Lembra a famosa história americana da menina rica que escreveu sobre uma família pobre.

“A família era muito pobre. Todos eram pobres: o pai era pobre, a mãe era pobre, os empregados eram pobres, o motorista era pobre, o piscineiro era pobre”.

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