Conversas de 1/2 minuto (22). Por José Paulo Cavalcanti Filho
Mais conversas, em livro que estou escrevendo (título da coluna). Como ontem foi o Dia do Advogado, hoje só com eles…
ALBERTO TRABUCCHI, presidente do Círculo dos Juristas Católicos da Itália. Ao ver homens procurando comida, no lixo da feira de Jaboatão, me perguntou
– O Brasil é um país católico?
– Claro, professor, maior país católico do mundo.
E ele, sem alterar a voz,
– O Brasil é um país católico?
– Não.
GIBRALDO MOURA COELHO, advogado penalista. Na Ditadura, quando Nilo Coelho foi nomeado governador de Pernambuco, a gente ficava dizendo ao velho comunista
– Agora você vai se apresentar, dando ênfase no sobrenome, como Gibraldo Coelho (assim era conhecido). Só para ter vantagens, nas delegacias, por pensarem que é parente do governador.
– Parem com isso, por favor, todos sabem que sempre fui oposição.
– Nada, Gibraldo, você quer mesmo é faturar.
E foi tanta brincadeira que tomou uma decisão drástica. Trocou de nome. Passando a ser, para todos os fins, Gibraldo Moura. Na placa do escritório, nos papéis, no catálogo telefônico, nos cartões de visita. Só não contava é que o governador que substituiu Nilo Coelho fosse José… Moura. Como ele, agora, Gibraldo Moura. E não perdi a oportunidade
– Bicho inteligente, virou Moura só para se aproveitar do sobrenome.
– Aqui para nós, amigo, Ele não foi justo.
– Ele quem?, Gibraldo.
– Deus, Zé Paulo. Deus.
RAIMUNDO FAORO, presidente da OAB Federal. No seu escritório de advocacia (Rio). Com ele seu sucessor, na OAB, Eduardo Seabra Fagundes. Pouco antes uma carta, endereçada a Eduardo, foi por engano aberta por sua secretária, dona Lydia Monteiro da Silva. Que, bom lembrar, morreu na explosão de bomba posta dentro dela. Preocupado com a segurança da família, informou que vendeu todo seu patrimônio e depositou, o apurado, na Suíça. Se a violência aumentasse, iria morar fora. Faoro fechou a cara.
‒ Achou ruim?, Faoro.
‒ Achei péssimo, que você é símbolo dos advogados brasileiros. Vai parecer que todos nós estamos acovardados.
‒ Você só diz isso, Faoro, porque não tem o que eu tenho, que é dinheiro.
‒ Não, Eduardo, eu é que tenho o que você não tem, que é culhão.
Fim da relação. Faoro jamais o perdoou. Inúteis os esforços dos amigos comuns que, várias vezes, fomos a seu escritório para tentar fazer as pazes entre os dois.
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