Insegurança alimentar e gestação. Por Meraldo Zisman
Ponderações:
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Comparada à média simples de 120 países, no Brasil a insegurança alimentar subiu 4,48 pontos percentuais. Um estudo observou crescente e marcada assimetria de insegurança alimentar entre homens e mulheres no Brasil. De 2019 a 2021, houve queda de 1 ponto percentual para homens (caiu de 27% para 26%) e aumento de 14 pontos percentuais entre as mulheres (subiu de 33% para 47%).
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Como resultado, a diferença entre os sexos na insegurança alimentar em 2021 é 6 vezes maior no Brasil do que na média global. As mulheres, principalmente aquelas entre 30 e 49 anos, que tendem a estar mais próximas das crianças, acabam repassando a fome aos filhos. A subnutrição infantil deixa marcas permanentes, físicas e mentais, para toda vida.
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Quando realizo qualquer trabalho ligado à insegurança alimentar, nova designação para a velha fome, e suas consequências sobre a infância das meninas (para não usar o antigo nome de classe social), e desconhecendo melhor critério de avaliação, levo em conta que a fome ancestral tem forte ligação com a profissão do avô materno. Se o avô teve condições de encaminhar o filho a uma situação econômica estável, o pai tem possibilidade de produzir um ambiente acolhedor: alimentação, moradia, saneamento básico, instrução; é isso que vai definir a qualidade da gestação de suas filhas, quando engravidam.
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O número dos problemas sofridos pelas meninas, suas condições de saúde coletiva é o que irá determinar a higidez da gravidez. O cuidado que as meninas recebem desde criança garante aos seus conceptos uma melhor sobrevida.
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Os nove meses que o feto passa no útero materno são mais importantes do que as décadas de anos que vivem fora dele.
Assim se perpetuam as doenças da pobreza, criadas basicamente pelas características da Fome Congênita, que se faz presente desde o nascimento, mas não é necessariamente hereditário.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
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