Preconceito contra o anoso. Por Meraldo Zisman
Existe uma nova forma de preconceito discriminatório contra as pessoas com idade maior de 60 anos desde que aconteceu um aumento do tempo de vida.
“Nada pode ser elaborado contra os males dos preconceitos. Isto os senhores podem constatar novamente, hoje em dia, nos preconceitos que cada grupo de nações em guerra desenvolveu contra o outro. A coisa mais sensata a fazer é esperar e deixar tais preconceitos aos efeitos da erosão do tempo. Um dia, as mesmas pessoas começam a pensar acerca das mesmas coisas de uma maneira bem diferente de antes; e a razão por que não pensavam dessa maneira, anteriormente, continua sendo profundo mistério”. (Sigmund Freud, Conferencia XXVII Terapia Analítica 1916 – 1918).
Contraponho parafraseando o poeta Fernando Pessoa (1888 – 1935) que aconselhou os jovens de cada geração a transmitir aos da próxima (se desejarem conhecer as novidades do mundo).
Leiam os clássicos.
E relembro, navegando de carona ainda por Fernando Pessoa:
Navegadores antigos usavam uma frase célebre: “Navegar é preciso; viver não é preciso”.
Quero-me o espírito dessa frase, transformada de forma para casar como sou, ou deveria ser, pertencente a uma geração que já foi a anterior: ‘Viver não é necessário; o que é necessário é criar’. Para isto, que importância têm os anos vividos?
Pergunte a qualquer anoso, que ele lhe dirá…
Aparto que qualquer forma de preconceito não seja mais que julgamento ou opinião formados antes de ter os conhecimentos necessários sobre qualquer assunto, seja ele qual for.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
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