cego em tiroteio

Brasil, um cego no meio do tiroteio Por Edmilson Siqueira

… acabamos ficando com a brocha na mão, pois a escada do desenvolvimento sustentável nos foi retirada, ficando com as duas opções. E ambos só querem o poder pelo poder, o resto que se dane. O Brasil está, literalmente, perdido…  

TV MAROS #CAFÉ FECH 09/05/16 - MAIS PERDIDO QUE CEGO EM TIROTEIO - Dia a Dia no Campo

Então ficamos assim: de um lado, e favorito para abocanhar mais um mandato presidencial, o condenado por corrupção e lavagem de dinheiro público em três instâncias e que, sem negar as provas todas, teve os processos anulados por uma turminha do STF, baseada em provas que não seriam aceitas como tais nem num tribunal soviético dos tempos de Stalin.

Do outro lado, um ex-capitão que deu baixa para não ser expulso do Exército e que, como presidente da República, transformou o Brasil num motivo de pilhéria mundial, sem contar, claro, as desgraças todas a que fomos submetidos, desde as centenas de milhares de mortes por covid 19 que poderiam ter sido evitadas, até os esquemas todos de corrupção que estão vindo à tona diariamente. Esquemas esses que começaram há muito tempo com as notórias rachadinhas nos gabinetes da família e que foram crescendo à medida que o patriarca da quadrilha obteve mais poder.

E como de um lado está a podridão de uma esquerda que já conhecemos e de outro a imbecilidade de uma direita que estamos experimentando, fico a imaginar como será a campanha política que ora se avizinha. Refiro-me à campanha oficial, porque extraoficialmente ambos não fazem outra coisa a não ser campanha política há muito tempo.

Lula já prometeu e agora oficializou “revogar a reforma trabalhista”. O único ato razoavelmente bom do governo Temer, que conseguiu segurar um pouco o desemprego e jogou um pouco de modernidade nas arcaicas relações de trabalho brasileiras, já está condenada caso o condenado seja eleito. Claro que ele pretende reforçar o sindicalismo mamador dos cofres públicos e a Justiça do Trabalho, essa excrescência que atua mancomunada com sindicatos de esquerda e que enriquece ambas as partes, menos o trabalhador.

Ele também já olhou torto para a imprensa – de novo, claro – e, para agradar aquela turminha que lambe o saco da antiga esquerda soviética, disse com todas as letras que a “mídia precisa de alguma forma de regulamentação”,  porque “essa gente não pode ficar falando o que quer por aí.” Por “essa gente” tome-se a imprensa independente que cumpre seu papel de fiscalizar e denunciar as irregularidades que encontra no serviço público. E por “alguma forma de regulamentação” tome-se um “conselho” formado pelo governo e por “entidades” que sobrevivem às custas dos cofres públicos para vigiar o conteúdo do noticiário de todos os órgãos de imprensa. E condenar aqueles que ousarem denunciar os malfeitos dos probos homens públicos.

Claro que grande parte da imprensa está louquinha para a eleição de Lula, para que voltem as generosas verbas pelas quais ela se vende alegremente, feito aquelas moças dos prostíbulos. Para essa turma, não importa o que sai publicado, desde que o caixa engorde mensalmente com a propaganda oficial, de ministérios e estatais, de empresas públicas e prefeituras, destinando a proprietários da “mídia” boa parte do dinheiro que poderia ser aplicado nas necessidades básicas do povo.

Do outro lado, caso Bolsonaro seja eleito, teremos mais do mesmo e esse “mesmo” é terrível”. Sua campanha, até aqui, tem escamoteado a verdade e é baseada quase que exclusivamente em mentiras. Até escolas fake em municípios longínquos foram criadas para distribuir a grana dos cofres públicos a eventuais aliados. Sem contar a farra dos pastores doidinhos por barras de ouro e venda casada de bíblias.

A campanha de Bolsonaro, pelo que ele fez até hoje no governo, terá muito mais a esconder do que a mostrar. Claro que ele vai mostrar um monte de obras – se conseguir terminar alguma – que não passam de obrigações de qualquer governante, mas no colorido forçado da televisão, parecerão grandes feitos. Aliás, iguais eram as obras que Lula e Dilma apresentavam, naquele Brasil de Hollywood que escondia a tragédia diária da fome, da violência e da miséria explícita.

Assim, presumo que a ambas as campanhas vão lançar mão de feitos que jamais fizeram, de obras que já estão caindo aos pedaços e de mentiras, muitas mentiras goela abaixo do eleitor que, desacostumado a protestar, vai acabar votando num ou noutro, sem usar seu direito de anular o voto por falta de opção honesta na urna eleitoral.

Como a terceira via virou piada por causa da incompetência e desonestidade geral dos políticos brasileiros, acabamos ficando com a brocha na mão, pois a escada do desenvolvimento sustentável nos foi retirada, ficando com as duas opções. E ambos só querem o poder pelo poder, o resto que se dane.

O Brasil está, literalmente, perdido.

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Edmilson Siqueira é jornalista

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