Lula: sem incomodar ninguém. Por José Horta Manzano
Dias atrás, o Lula esteve presente a um evento na sede da CUT – Central Única dos Trabalhadores. Falando para plateia amestrada, aproveitou para dar instruções aos militantes. Incentivou-os a formar grupos de 50 pessoas para missão especial: cada grupo cuidaria de um parlamentar não-petista. Para isso, os 50 iriam juntos à casa do político-alvo para incomodá-lo e pressioná-lo a entender as propostas do candidato Lula. À força.
Assim mesmo, foi indulgente. Recomendou que ninguém xingasse, mas que conversassem “com a mulher e com o filho” do parlamentar “sem incomodar ninguém”. Não explicou como se faz para enfiar 50 visitantes num apartamento “para conversar com a mulher e o filho” sem incomodar ninguém.
A proposta do ex-presidente traz dois espantos. O primeiro é o surrealismo da sugestão. Imagine o distinto leitor que, de repente, apareçam à sua porta 50 desconhecidos – sem xingar, só pra conversar, naturalmente. Manda entrar ou dá com a porta na cara?
Inteirados da proposta, dois ou três suaves parlamentares bolsonaristas já deixaram claro que, se o grupo ousar bater-lhes à porta, será recebido à bala. Bem explícito, um deputado federal disse isso num vídeo em que acaricia uma pistola. Outra refinada deputada foi pelo mesmo caminho e prometeu “pregar bala” em quem ousasse mexer com seu filho.
Um segundo espanto é perceber que, em décadas de militância política como dirigente sindical, deputado constituinte e presidente da República, o Lula ainda não aprendeu que ações à moda staliniana (ou putiniana) não são as melhores pra convencer. Qualquer promessa que o parlamentar “visitado” pudesse formular diante de 50 invasores de domicílio teria valor nulo. A coação seria facilmente demonstrada. Declaração extorquida sob intimidação não tem valor legal.
Já ouvi, mais de uma vez, certos “influenciadores” aconselharem eleitores a escreverem a seus deputados. Dependendo da idade e do gosto de cada um, vale escrever por carta, telex, fax ou email, tanto faz. O objetivo é simples. Deputado que vê sua caixa de emails repleta com milhares de mensagens de eleitores não vai ficar indiferente. Pode até nem analisar uma por uma, mas vai parar pra refletir, é certeza.
Conselho dado a militantes para que se dirijam em grupos de 50 para uma visitinha à família de parlamentares, confesso, é a primeira vez que ouço. E pensar que essa sandice vem de um homem que já chefiou o Estado brasileiro por 8 anos!
Nota cínica
Lula fala como se acabasse de descobrir a melhor maneira de propagar as virtudes de seu projeto de governo. Ora, em matéria de convencer parlamentares, já faz 20 anos que o lulopetismo descobriu a receita certeira.
Montar brigadas de 50 militantes para visitinhas domiciliares? Qual nada! Isso é ideia romântica, que povoa a cabeça de adolescentes idealistas. Raposa velha como o demiurgo de Garanhuns sabe que não dá certo e que o caminho é outro.
Um mensalão é bem mais simples, discreto e eficaz. Basta escolher os beneficiários e acertar o montante. No escurinho dos gabinetes. Longe dos holofotes. Na moita. Não é Luiz Inacio?
Nota nem tão cínica
Renovo minha sugestão de que todo candidato ao mais alto posto da República seja primeiro submetido a exame psicológico/psiquiátrico. É pra ver se está bem dos miolos.
É verdade que, se minha ideia fosse levada adiante, era capaz de ficarmos sem candidato para outubro. Se acontecer, na hora a gente vê o que faz.
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
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Caro Manzano!
Começando pelo fim: um vereador do Rio de Janeiro está, como se diria no passado “em palpos de aranha”, por achar que seu mandato lhe dá o direito a tudo, desde forjar atentados, promover bacanais com adolescentes e sabe se lá o que mais virá na esteira da investigação e, infelizmente depois de ficarmos indignados tudo virar fumaça…. Corre o risco de ser reeleito.
Outro virou vereador federal e, quando não está jogando videogame, coloca um monte de mentiras na rede, propagada a exaustão por imbecilizados seguidores do pai.
Outro ilustre parlamentar sai do Brasil, fica dois ou três dias perto da Ucrânia e, de volta ao país mostra realmente o que foi fazer lá: verificar as mulheres e delas falar com extrema repugnância de termos…
Enfim, exemplos não faltam de falta de decoro – mínimo – e responsabilidade aos nossos ilustres “representantes”, desde muito tempo.
Acredito não ser a necessidade de exame psíquico aos candidatos a qualquer cargo, mas uma boa e severa punição quando saíssem da linha e tudo se resolveria…
Estou sonhando, é claro…
Lula é o exemplo mais arranjado do improbo – iletrado – que as custas de argucia e desrespeito chegou ao mais alto cargo do país.
Bolsonaro é o exemplo de mesmo estudando –em instituição de renome como a AMAN – não aproveitou nada e, de lá nada trouxe, apenas uma vontade férrea de ser aproveitador a qualquer custo de dinheiro e desfrute dos cargos que ocupou, como militar ou civil.
Infelizmente, é o que se nos apresenta agora: dois candidatos que somente aprofundarão os problemas do país.
Quanto aos demais cargos a serem preenchidos, serão os mesmos dos mesmos e assim seguiremos até quando pudermos ou aquele que nos deu vida um dia a tirar.
Abraço.
Inté!
Nosso caso é muito sério. Um país colonizado de forma brutal, desorganizada e predatória só poderia desembocar numa sociedade de igual teor: brutal, desorganizada e predatória. A médio prazo, não vejo solução. Num futuro longínquo, quem sabe.
Abraço.
… e exame toxicológico!