A incrível façanha do São Paulo. Blog do Mário Marinho
Já ouvi repetidas vezes a frase: “Futebol não tem lógica”.
E discordo: tem sim.
É que a lógica do futebol não é construída apenas e tão somente por um rico currículo que acumula vitórias, treinador que chega a nove finais em menos de dois anos; muito dinheiro em caixa…
A lógica, por vezes, e mutas vezes, é construída dentro de campo, com a bola rolando.
A levar-se em conta rigidamente que não existe lógica, o Palmeiras já seria declarado campeão paulista.
Dono de um currículo espetacular, com 30 pontos ganhos em 12 jogos (na fase de classificação), 9 vitórias, 3 empates, nem uma derrota, 17 gols marcados e somente 3 sofridos já deveria ser o detentor do caneco.
Entrou em campo ontem para enfrentar o São Paulo dono de um currículo mais modesto nos mesmos 12 jogos: 23 pontos ganhos, 7 vitórias, 2 empates, 3 derrotas; 18 gols marcados e 10 sofridos.
Era a luta do grandalhão Golias contra o pequeno Davi.
Mas aquele que era pequeno entrou em campo com a disposição de um gigante, com fome de jogar bola, cada jogador ciente de que era preciso dar mais do que 100%.
E mais do que uma tática, era preciso de uma estratégia.
Como o pequeno Davi que usou uma pedra de uma atiradeira para liquidar o gigante.
No caso do São Paulo, foi a inteligente estratégia montada por Rogério Ceni e com a total cumplicidade de seus jogadores de não dar espaço ao adversário, reconhecidamente mais rápido e com mais técnica.
Mas o Tricolor não caiu na tentação fácil de simplesmente se fechar numa feroz retranca.
Tratou de ocupar espaços como, por exemplo, anular o veloz e perigoso Dudu.
Rigorosamente, falou-se em Dudu no momento da escalação dos dois times e quando de sua substituição. De resto, sumiu.
Como sumiram os ágeis jogadores do meio de campo do Verdão.
Sem a possibilidade da técnica, alguns renomados palmeirenses partiram para jogadas mais ríspidas, violentas e o primeiro tempo foi um jogo apenas bom de assistir, sobrando em nervosismo e tensão.
Até que aos 49 minutos, a bola cruzada na área do Palmeiras bate na mão direita do lateral Marcos Rocha.
Os Tricolores pedem pênalti. O juiz manda seguir até que alertado pelo VAR vai conferir o lance e apita o pênalti.
Caleri faz 1 a 0.
O segundo tempo foi um jogo mais calmo, mas ainda prevalecendo o domínio do São Paulo.
Vieram os segundo (Pablo Maia) e terceiros (Caleri novamente) gols levando os 60 mil presentes ao Morumbi ao êxtase. Nem o mais otimista deles havia sonhado com tamanha façanha.
Quase terminando o jogo, o Palmeiras conseguiu o seu gol.
Meu amigo advogado Ricardo Pinheiro, tricolor histórico, me liga ao final do jogo para lembrar uma frase do campeoníssimo Lewis Hamilton em um ano que ainda faltava uma corrida para terminar o Mundial de F-1: “Its not over yet” – ainda não acabou.
Realmente ainda não acabou.
A decisão será domingo no Allianz Parque.
Os dois técnicos têm pela frente missões importantíssimas e antagônicas.
Ao Rogério Ceni cabe domar o excesso de otimismo que pode, da torcida, contaminar seus jogadores.
Ao competente e mal-humorado Abel Ferreira, cabe exatamente o contrário: juntar os cacos e evitas que o pessimismo, da torcida, contamine seus jogadores.
De todo jeito, o próximo jogo já não será de Davi contra Golias.
Mas de Golias contra Golias.
Veja os melhores momentos
No Rio,
Fluminense sai na frente
Com dois gols de German Cano, o Flu venceu o Flamengo por 2 a 0 e está em vantagem para a decisão do próximo sábado.
Veja os melhores momentos:
Missão dada,
missão cumprida.
Aprendi a frase acima durante um trabalho jornalístico que executei há alguns anos atrás para o segmento do combate ao roubo e furtos de cargas.
Pílade Signorini, criador e dono da empresa Segsing de pronta resposta, costuma repeti-la como mantra para sua empresa: “Missão dada é missão cumprida”.
Ao treinador Tite foi dada uma missão: classificar a Seleção Brasileira para a Copa do Catar, mantendo nossa tradição de comparecer em todas as Copas realizadas até hoje.
Tite cumpriu a missão.
A Seleção está classificada para a Copa.
Os números não mentem.
Em 17 jogos (falta aquele jogo suspenso contra a Argentina) o Brasil somou 45 pontos (recorde da competição), 14 vitórias e três empates (invicto portanto); marcou 40 gols e sofreu apenas 5, com um belíssimo saldo positivo de 35 gols.
Ao pé da letra, é missão cumprida.
O que ficou a dever é que em momento algum (salvo no jogo de despedida do Maracanã) o time empolgou o torcedor e fez por merecer calorosos aplausos.
A Seleção não foi vaiada. Mas os aplausos foram mais protocolares, educados, que entusiasmados.
E ficou a dúvida que vai permanecer até o mês de novembro, quando começa a Copa: estamos realmente preparados?
Não quero ser pessimista, mas acredito que não estamos.
Espero estar errado.
Quem viver, verá.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR) ____________________________________________________________________