Ah!, aqueles tempos…Blog do Mário Marinho
Sei. Você já vai dizer: “Ih!, lá vem aquele velho com o saudosismo”.
Tá bom, é saudosismo mesmo. Eu entendo por saudosismo ter saudades de uma época, um lugar, uma pessoa, um objeto.
Esse saudosismo não traz expressão de juízo de valores. Não significa que era melhor do que agora.
Tenho saudade do meu Fusquinha 1300, 1967, meu primeiro carro comprado em 1968. Nem de longe ele é melhor do que o carro que tenho hoje, um Fiesta, que a Ford (ingrata) nem fabrica mais.
Por que esse ataque de saudosismo?
Simples.
Vejo a lista de jogadores convocados pelo técnico Tite para a Seleção Brasileira e constato que o time que mais cedeu jogadores foi o Real Madri, 5; seguido do Liverpool e Manchester United, 3 cada um; Juventus e PSG, 2 cada e outros com apenas um.
Dos times brasileiros, apenas o campeão Atlético e o vencedor Palmeiras estão presentes, com um jogador cada.
Ah!, e como era na época do saudosista aqui?
Foi menino nas ruas de Belo Horizonte que chutei as primeira bolas e defendi os primeiros pênaltis (me tornei goleiro, inspirado no meu irmão mais velho, o Márcio José, e pelo DNA do meu pai, o saudoso Paulo Marinho que foi goleiro em jogos disputados em campos improvisados em pastos na cidade de Piumhi, interior de Minas, lá pelos anos 20.
Naquela época, era muito difícil um jogador de Minas ser convocado para a Seleção Brasileira. Aqueles que foram, certamente, é porque havia saído de Minas para centros mais importantes como o Rio e São Paulo.
Assim, foi para mim um susto incrível quando recebi a notícia de que o goleiro Edgar, do meu América, havia sido convocado para a Seleção Brasileira que iria disputar o campeonato Sul-Americano de 1957.
Eu tinha 13 anos de idade, quase 14 e saí correndo pelas então pacatas ruas do bairro Parque Riachuelo para contar aos meus amigos a novidade.
Quase ninguém acreditou.
Mas, era verdade.
O América tinha um timaço que foi campeão estadual naquele ano.
Naquele mesmo ano, o Coelho fez histórica e vitoriosa excursão pela Europa, da qual Edgar foi um dos expoentes.
De volta a Minas, Edgar foi campeão estadual e depois negociado com o Palmeiras.
Informa o “Que fim levou”, do Milton Neves, que Edgar é casado, tem duas filhas, seis netos e mora na cidade mineira de Pará de Minas.
Depois que Edgar saiu, o América lançou outro goleiro, Jardel, que recebeu o apelido de Cavaleiro Negro por seu uniforme. E que passou a ser meu ídolo.
Longe de mim afirmar que o futebol daquela época era melhor que o de hoje. Tanto não era, que ainda não tínhamos conquistado um título mundial.
Mas, nem por isso vou deixar de ter saudades…
Fazendo
História
Por falar em América, o meu Coelho está fazendo história em sua primeira passagem pela Taça Libertadores da América.
A última façanha foi eliminar lá na cidade de Guayaquil, o Barcelona, nessa semana.
Estamos classificados para a fase de Grupos.
Nota de
Muito pesar.
Morreu hoje, 17, em São Paulo, Haroldo George, o Gepp da dupla Gepp & Maia dos bons tempos de Jornal da Tarde.
Os dois ilustradores chegaram ao Jornal da Tarde, em 1976, onde entraram pelas largas portas da Editoria de Esportes.
Sando Vaia era o Editor e eu o Subeditor.
Mais tarde, assumi a chefia da equipe e publiquei muitas e muitas ilustrações da dupla.
Era um traço muito caraterístico e criativo.
Do Esporte, a dupla Geep & Maia passou a atender todas as outras editorias.
Inclusive a primeira página.
Foram históricas as capas com o nariz do Maluf crescendo na primeira página até atravessar toda a página e alcançar a última página, com a manchete “Nosso governador mentiu outra vez”.
Fernando Mitre era do redator chefe. Mineiro, jornalista inspirado, foi dono de muitos layouts da sempre criativa primeira página do JT.
Sobre o nariz do Pinóquio, muito bem ilustrada pela dupla Gepp & Maia, o Mitre me confidenciou outro dia:
– Todo mundo acha que a ideia foi minha, mas ela foi do Rui Mesquita (dono do jornal). Maluf mentia muito. O doutor Rui me chamou um dia e me sugeriu: por que você não coloca um Maluf com nariz de Pinóquio numa das páginas do jornal e a cada mentira ele vai crescendo?
Mitre não só topou a ideia, mas, por considerá-la muito boa, foi mais ousado: colocou o nariz crescendo na capa do jornal. E a cada mentira do governador (o que acontecia quase que diariamente) ele crescia.
Até vazar da primeira para a última página.
Haroldo George, o Gepp, nascido em 1954, nos deixa hoje depois de dura luta contra um câncer.
Deus ilumine o seu caminho, Gepp.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR) ____________________________________________________________________