Respect. Uma voz de respeito. Por Wladimir Weltman
…recomendo a todos assistir RESPECT, cuja história merece ser conhecida e, sem dúvida, é uma obra de muito respeito…
Em meio à onda de empoderamento das mulheres evidenciado nas diversas produções Hollywoodianas de cinema e TV, vale a pena chamar a atenção para um filme que se destaca pelo tema, pelo que revela, e pela maneira como foi realizado. Trata-se de RESPECT, que conta a história de uma das grandes divas da música negra americana – a “Rainha do Soul” Aretha Franklin.
Aretha Louise Franklin nasceu no dia 25 de março de 1942 na cidade de Memphis, no estado do Tennessee, no sul dos EUA. Mas, ao contrário de muitos artistas negros americanos, suas origens não foram necessariamente humildes. Ela cresceu em meio a uma confortável e respeitável alta classe média. Seu pai, C. L. Franklin, era um pastor que ganhava muito bem por seus sermões. Era conhecido como o homem da “voz de um milhão de dólares”. Ele era muito requisitado e fazia seus sermões em igrejas espalhadas por todo o país. Era popular e amigo de várias celebridades negras. Gente como o pastor Martin Luther King Jr. e músicos como Jackie Wilson e Sam Cooke. O filme RESPECT retrata tudo isso.
Mas o filme mostra principalmente a ascensão artística de Aretha, que durante a carreira, cantando soul-music, R&B, gospel e jazz, foi duas vezes colocada em 9° lugar na lista dos “100 Maiores Artistas de Todos os Tempos” da revista Rolling Stone; com vendas globais de mais de 75 milhões de discos, sendo uma das cantoras mais vendidas da segunda metade do século 20. Aretha foi premiada com a Medalha Nacional de Artes e a Medalha Presidencial da Liberdade duas condecorações de prestígio nos EUA. Em 1987, tornou-se a primeira mulher a entrar para o Rock and Roll Hall of Fame, além do Gospel Music Hall of Fame em 2012. Em 2019, o júri do Prêmio Pulitzer concedeu à cantora uma citação especial póstuma “por sua contribuição indelével à música e à cultura americanas por mais de cinco décadas”. Sem esquecer de que ela participou ativamente na luta pelos direitos civis e pelos direitos das mulheres no EUA. Seus sucessos musicais “Respect” e “(You Make Me Feel Like) A Natural Woman” tornaram-se hinos desses movimentos. E em 2017 ela se recusou a se apresentar na posse do presidente Donald Trump. Ou seja, Aretha era da pá virada e merecedora de um belo filme que mostrasse um pouco de tudo que ela fez e também sofreu.
RESPECT enfatiza os maus tratos que Aretha sofreu na sua relação com os homens de sua vida. Começando com o pai opressor, seguindo com sua iniciação sexual forçada na infância, que resultou numa gravidez aos 12 anos de idade e chegando aos casamentos e separações difíceis que enfrentou, até se tornar a senhora de seu destino artístico e pessoal.
E, para viver essa personagem quase mitológica moderna, foi escalada uma jovem de muito talento como atriz e como cantora.
Jennifer Hudson ficou conhecida do público em 2004 como finalista da terceira temporada do American Idol. Em 2006 estreou no cinema no filme DREAMGIRLS (2006), pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, e mais um Golden Globe, um Daytime Emmy Award e dois Grammy Awards. A revista Time a nomeou uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2020. E com sua interpretação de Aretha em RESPECT ela provou que era a única artista capaz de calcar os scarpins dourados da “Rainha do Soul”.
Na temporada de premiações que assola Hollywood, ela foi indicada como atriz de cinema favorita do People’s Choice Award. E levou para casa o prêmio de Melhor Atriz do Screen Actors Guild (sindicato dos atores). A canção do filme “Here I Am (Singing My Way Home)”, composta por Carole King (a mesma autora de “Natural Woman”) e Jamie Hartman, e interpretada por Jennifer, foi indicada como Melhor Canção Original dos Golden Globes. E na noite de 6 de dezembro, durante a celebração anual do Black Cinema & Television Awards, Jennifer ganhou o prêmio de Melhor Atriz Negra de Cinema por RESPECT.
Eu tive a sorte de estar presente e assistir tudo. E, no dia seguinte, fui convidado a almoçar com Jennifer e a diretora do filme, a sul-africana Liesl Tommy, numa mesa em que só havia jornalistas mulheres, membras da divisão internacional do Critics Choice Association.
Simpática e extremamente bonita, Jennifer nos contou que antes de morrer, Aretha Franklin ligou pessoalmente para ela pra dizer que a havia escolhido para vivê-la na tela: “Para mim isso foi importantíssimo. Interpretar esse papel era uma tarefa intimidante, mas quando Aretha me disse que confiava que eu tinha capacidade para fazê-lo, isso me deu força e coragem para tentar. Tratei de fazê-lo da maneira mais honesta e autêntica possível e com o máximo de respeito“, Jennifer nos contou.
Apesar de eu ter votado no filme em mais de uma categoria, RESPECT não obteve nenhuma indicação para o Critics Choice Awards, que acontecerá no dia 13 de março (no Brasil poderá ser visto ao vivo nos canais SKY, VIVO, Claro, Oi e Blu TV). Talvez isso tenha acontecido, porque Jennifer já havia sido premiada no Black Cinema & Television Awards, que também é produzido pelo CCA. Ainda assim as indicações para o Oscar ainda não foram divulgadas.
Seja como for, recomendo a todos assistir RESPECT, cuja história merece ser conhecida e, sem dúvida, é uma obra de muito respeito.
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WLADIMIR WELTMAN – é jornalista, roteirista de cinema e TV e diretor de TV. Cobre Hollywood, de onde informa tudo para o Chumbo Gordo
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WLADIMIR WELTMAN minha foi Edna sua babá. Sempre que fala sobre ti e seus irmãos, mãe e pai ela sorrir tão contente. E diz: um irei rever as crianças
Oi Patricia,
Como esta sua mae?
Mande um abraco pra ela.
Onde voces moram?
De noticias.
WW