2022 - ANO NOVO

2022: nem feliz nem novo. Por Edmilson Siqueira

A única coisa boa – e assim mesmo sem uma confirmação desde já – é que se trata do último ano desse mandato de Jair Bolsonaro na presidência. Se não for reeleito, estamos livres da peste. Não da doença transmitida pelo novo coronavírus que essa ainda vai nos incomodar por um bom tempo, mas do terror e morte patrocinados pelo primeiro presidente genocida da história do Brasil.

2022 ANO NOVOTodos os votos e desejos de “feliz ano novo” nesse macabro 2021 foram feitos, quando foram feitos, com uma ressalva, já que o que se avizinha para breve não cabe exatamente nas palavras “feliz” e “novo” da tradicional expressão. Como desejar apenas “ano” para alguém não faz o menor sentido, muita gente se precaveu, acrescentando um “quem sabe”, um “talvez” ou, os mais religiosos, um “se Deus quiser”.

Talvez seja essa a primeira vez que um ano que se aproxima não carrega consigo esperanças de um tempo melhor. Até nos piores momentos de Lula e Dilma havia alguma coisa no ar nos fins de ano – e foram mais de dez – que nos trazia algum alento. Claro que havia decepção posterior, mas o gostinho da esperança era sentido pelo menos enquanto espoucavam os fogos anunciando o novo ano.

Mas, em 2022, nem o “feliz” nem o “novo” estão com forças suficientes para acontecer. Apenas o inevitável “ano” continuará existindo e passaremos de um para o outro como quem atravessa uma pinguela no meio do deserto: haverá areia, sol escaldante e noites frias do outro lado do mesmo jeito que houve do lado de cá.

A única coisa boa – e assim mesmo sem uma confirmação desde já – é que se trata do último ano desse mandato de Jair Bolsonaro na presidência. Se não for reeleito, estamos livres da peste. Não da doença transmitida pelo novo coronavírus que essa ainda vai nos incomodar por um bom tempo, mas do terror e morte patrocinados pelo primeiro presidente genocida da história do Brasil. Não é fácil: transformar Lula em algo palatável a ponto de, hoje, a maioria dos eleitores o preferirem ao invés da continuidade disso que aí está, é um feito e tanto. Coisa que só os verdadeiros mitos conseguem fazer.

Aliás, fazendo uma espécie de parêntese nesse artigo, li hoje nas redes sociais talvez a melhor definição de “mito” já feita até hoje para o atual presidente. Foi de autoria de um vereador de São Paulo, Rubinho Nunes, do MBL. Ele enumerou seis fatos que mudaram para pior durante os três anos de Bolsonaro no poder. 1 – Lula estava preso e foi solto; 2 – O PT estava quase destruído e renasceu; 3 – A inflação estava controlada e já passou dos 10%; 4 – O dólar estava a R$ 3,00 e agora já chegou quase aos R$ 6,00; 5 – A Lava Jato estava funcionando e foi massacrada e, 6 – O mercado estava estável e agora é uma torre de Babel com inveja da Torre de Pizza.

Claro que pode-se argumentar que a pandemia complicou a economia, mas infelizmente, os atos e fatos do ex-liberal Paulo Guedes, tesoureiro de campanha de Bolsonaro travestido de ministro, falam por si. Tenho quase certeza que o desastre econômico se daria com ou sem pandemia.

Mas voltemos ao futuro mais que próximo de 2022. Só por ser um ano de eleições presidenciais, já se diz por aqui que tudo será diferente. E será mesmo, só que pior.

O primeiro motivo pra ser pior é que criou-se a “tradição” de não se aprovar nada importante no Congresso (importante para o país, diga-se) em anos eleitorais, para que nada mude e que suas excelências possam trabalhar tranquilamente, com o nosso dinheiro, para suas respectivas reeleições.

Assim, sem mudar nada importante, teremos mais do mesmo em 2022, o que já é um presságio de péssimo agouro: o terror todo de 2021 se repetindo com políticos nas ruas e nas tevês não é pra qualquer estômago, com a agravante de que veremos os mesmos causadores da desgraça brasileira atual disputando o voto do ingênuo cidadão, talvez sendo obrigado, no segundo turno, a escolher entre a merda autoritária e burra e a bosta corrupta e ditatorial.

Como nada de importante vai mudar, nenhuma reforma significativa vai ter quórum, pois suas excrescências, digo, suas excelências estarão preocupadas com os currais que as reelegem, a inflação vai subir, o PIB vai cair, o desemprego talvez melhore embora a conta-gotas, a violência vai aumentar, a Amazônia vai queimar mais ainda, o preconceito vai proliferar e iremos às urnas, em outubro, nos arrastando por um mar de lama fervente para confirmar que queremos continuar sofrendo nas mãos de assassinos de terno e gravata que ficam cada vez mais ricos.

Portanto, não vou ficar aqui desejando “feliz ano novo” para meus raros leitores, pois sei que estaria chovendo no molhado, mijando em incêndio ou enxugando gelo. Só tem um jeito de 2022 ser bom para o Brasil e para todos nós: que ele anuncie que na primeira semana de 2023, quem estará botando a faixa presidencial no peito não seja nem Lula nem Bolsonaro.

Aí sim, no fim do ano que vem, estarei desejando a todos um feliz 2023!

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Edmilson Siqueira é jornalista

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5 thoughts on “2022: nem feliz nem novo. Por Edmilson Siqueira

  1. Mesmo assim continuo a repetir os Mantras de Gilson Chveid: “Luzes poderosas 2022” para a virada do ano. E para Amor, Família e Harmonia: “ Achei a chave da casa dos meus sonhos 2022”.

    1. Repara que o outro recado que vc escreveu “Mesmo assim continuo a repetir os Mantras de Gilson Chveid: “Luzes poderosas 2022” para a virada … foi publicado tranquilamente. O que ACONTECE – ÀS VEZES – É QUE EU PRECISO DESBLOQUEAR. Não entendi pq, mas um foi direto e o outro eu precisei aprovar, e é o que estou lhe respondendo agora. Porfavor, fica brava com a gente não!!! ♥

  2. Edmilson, estou com você.
    Tenho dito sempre que as opções entre votar no merda ou no bosta nunca me atraíram: Lula e Bolsonaro se equivalem, são faces de uma mesma moedinha falsa e vagabunda de três reais.

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