A ousadia de Spielberg valeu a pena. Por Wladimir Weltman
O WEST SIDE STORY de Spielberg é maravilhoso. Seja na recriação da Nova York dos anos 50, seja nos figurinos, coreografias e números musicais, interpretados por um elenco jovem e extremamente talentoso, esse WEST SIDE STORY emociona e encanta do início ao fim…
Minha relação com o musical WEST SIDE STORY é antiga. Quando eu tinha 5 anos, em 1959, meu pai foi aos EUA pesquisar o método de produção televisivo americano com vistas a criação da TV Globo. Em Nova York ele assistiu à produção original de WEST SIDE STORY na Broadway. Voltou para casa com o LP do espetáculo debaixo do braço. Com isso cresci ouvindo a maravilhosa trilha sonora da peça, que é a mesma do filme de 1961, que sempre gostei muito.
Quando fiquei sabendo que Steven Spielberg resolveu refilmar a história, achei que era uma ousadia desnecessária. Desnecessária para os admiradores do filme anterior, assim como um risco desnecessário para Spielberg com tantos sucessos e realizações nas costas. Pra que tentar refazer algo que na primeira vez já era tão perfeito?
Finalmente fui convidado a assistir ao WEST SIDE STORY de Spielberg numa sessão de pré-estreia para o sindicato dos atores. E lá fomos eu e minha esposa para os Estúdios da Fox em Los Angeles, local da projeção. Era fim de tarde quando atravessamos o portão e passamos ao lado da cidade cenográfica do filme HELLO DOLLY de 1969, com Barbra Streisand e Walter Matthau. E estacionamos no edifício garagem interno do estúdio, que tem a parede decorada com um enorme painel do filme A NOVIÇA REBELDE de 1965, com Julie Andrews e Christopher Plummer.
Caminhamos pelas ruas do estúdio, silencioso e vazio a essa hora, atravessando os jardins da cafeteria da Fox e seguindo até o Zanuck Theater onde a sala estava lotada de atores e alguns membros da Academia de Hollywood.
Devo dizer que logo nas primeiras cenas do filme qualquer dúvida que eu ainda poderia ter da validade desse “remake” foram por água abaixo. O WEST SIDE STORY de Spielberg é maravilhoso. Seja na recriação da Nova York dos anos 50, seja nos figurinos, coreografias e números musicais, interpretados por um elenco jovem e extremamente talentoso, esse WEST SIDE STORY emociona e encanta do início ao fim. E, mesmo sendo basicamente o mesmo roteiro do filme anterior, Spielberg e o roteirista Tony Kushner, conseguiram dar ao projeto uma toque novo e atualíssimo dos conflitos sociais e raciais da época. Mesmo quem amou o filme original vai desfrutar a história como se a visse pela primeira vez.
Não é à toa que o pessoal do Critics Choice Association o indicou para 11 categorias; WEST SIDE STORY concorre por Melhor Direção (Steven Spielberg), Melhor Atriz Coadjuvante (Ariana DeBose e Rita Moreno), Melhor Jovem Ator/Atriz (Rachel Zegler) Melhor Conjunto de Atuação, Melhor Roteiro Adaptado (Tony Kushner), Melhor Fotografia (Janusz Kaminski), Melhor Desenho de Produção (Adam Stockhausen, Rena DeAngelo), Melhor Edição (Sarah Broshar, Michael Kahn) e Melhor Figurino (Paul Tazewell).
Ao fim da sessão o elenco jovem do filme foi chamado ao palco e conversou com o público presente. Pudemos ver e ouví-los em pessoa. Estavam ali Ansel Elgort (Tony), David Alvarez (Bernardo), Ariana DeBose (Anita), Mike Faist (Riff) e Rachel Zegler (Maria). Apesar da pouca idade de todos, sua atuação no filme é impressionante, seja cantando, dançando ou atuando. Por tudo isso recomendo a todos assistir ao filme.
O dia 9 de janeiro era a data marcada para se saber em quantas dessas categorias WEST SIDE STORY seria premiada no 27°Critics Choice Awards, mas por causa das novas complicações causadas pela variante Ômicron, a CCA resolveu adiar a premiação até que esta possa acontecer em condições favoráveis a todos.
Assim que for redefinida a data, prometo avisar.
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WLADIMIR WELTMAN – é jornalista, roteirista de cinema e TV e diretor de TV. Cobre Hollywood, de onde informa tudo para o Chumbo Gordo
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Conheço a primeira versão de West Side Story e a amo. Você é o segundo que, temeroso, não levava fé na empreitada.
E, assim como Isabela Boscov, cedeu mão à palmatória.
Aguardando ansiosa pela versão de Spielberg.